19 de setembro de 2024

Da Catedral até Santa Terezinha: em 1912, voo surpresa feito por aviador italiano Ernesto Darioli encantou Juiz de Fora

Exibição, que colocou a cidade na vanguarda da aviação, chamou a atenção de moradores da época. Confira trechos da matéria publicada no jornal O Pharol destacando o feito para a cidade. Darioli e seu aeroplano Bleriot, em Belo Horizonte
Blog Sumidoiro’s
“Danioli fez ontem à população de Juiz de Fora uma linda surpresa realizando belíssimo vôo sobre a cidade, precisamente às dez horas da manhã, quando ninguém, à exceção dos representantes da imprensa e de raras outras pessoas, avisadas com antecedência, esperava que ele voasse, em vista de estar marcada a primeira ascensão para as cinco horas da tarde”.
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Foi assim que, em 31 de março de 1912, o jornal O Pharol publicava em suas páginas detalhes do ousado voo do aviador italiano Ernesto Darioli pelos céus de Juiz de Fora. A novidade que sobrevoava os ares acontecia há pouco mais de 5 anos da apresentação do 14-Bis, de Alberto Santos Dummont, que marcou a origem da aviação mundial, em 1906.
O texto do periódico juiz-forano, intitulado “O triumpho do arrojado aeronauta”, mostra a surpresa da população e o encantamento com o feito. “Foi um espectaculo devéras impressionante a subida do destemido e inteligente aviador”.
A publicação está também reproduzida no livro “Juiz de Fora: da bruxa Silvina e do voo de Darioli”, recentemente lançado por Jefferson de Almeida Pinto, Helliane Casarin Henriques e Rogério Rezende Pinto, que apresenta como era a Juiz de Fora apresentada no noticiário local entre os anos de 1870 e 1930.
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O modelo Bleriot saiu do hangar improvisado no Centro da cidade até a Tapera (hoje Bairro Santa Terezinha), voando entre 200 e 400 metros de altura por aproximadamente 20 minutos. Leia um trecho:
“Deixando o campo, o aviador, que sahira em direção à Tapera, fez uma bonita curva, voltando-se para a cidade, vindo costear ao morro do Impedrador”.
Do morro, Darioli dirigiu-se para o lado da matriz, passando, após, em linha reta, entras as ruas de João e Halfeld. Perto da estação da Central, o aeronauta voltou, agora em direção ao direção ao campo de atterissage, por cima, doual passou, indo até á Tapera. Ahi, já o monoplano descera bastante, devido ao facto de ter o motor esquentado muito. Darioli, vendo que não podia continuar por mais tempo no espaço, sem grande perigo, resolveu então baixar em qualquer sítio, e o fez num terreno próximo à casa comercial dos senhores Barra & Irmão, em Mariano Procopio.
O local, impróprio, cheio de depress es e buracos, deu causa à que aparelho, no descer, quebrasse a helice, inutilizando ainda varias peças. Logo que Darioli desceu, todas as pessoas que se encontravam no campo correram para o local, onde todas tiveram a satisfação de ver são e salvo o intrepido moço, que não sofreu, felizmente, a mais leve arranhadura. O aeronauta foi ahi muito abraçado e cumprimentado, recebendo efusivos parabens pelo belissimo vôo que acabava de realizar.
Na cidade, como acima dissemos, a surpresa foi enorme. A população, ao tuido do motor, sahiu para a rua, maravilhada, a olhar o Bleriot, que soberbamente cortava o espaço. Em alguns logares, bem como no campo de atterrisage, Darioli foi muito aclamado e saudado com ruidosas salvas de palmas e enthusiasticos “vivas”. Foi, emfim, um completo triumpho para o intrepido moço o seu esplendido vôo de hontem”.
Dois anos depois, em 1914, a cidade teve um novo voo, desta vez pilotado pelo gaúcho Luiz Bergman. Passados 20 anos, em 1938, foi criado o Aeroclube de Juiz de Fora.
Vanguarda
O voo do italiano colocou Juiz de Fora também na vanguarda da aviação. Além da cidade da Zona da Mata, à época Darioli realizou manobras por Porto Alegre e Belo Horizonte.
“Darioli era disputadíssimo no país por conta da ‘novidade aérea’ que ele representava”, destacou o professor Jefferson de Almeida Pinto, doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor do IF Sudeste MG.
Ainda no Brasil, o italiano foi instrutor de voo de Ricardo Kirk, o primeiro aviador brasileiro, considerado o Patrono da Aviação do Exército Brasileiro. Os dois também foram para a Europa comprar aviões para o recém-criado Aeroclube Brasileiro, onde era instrutor, retornando com um Blériot SIT.
Conforme o Museu Aeroespacial, juntamente com Kirk, foi contratado pela União Federal para missões no Teatro de Operações da Guerra do Contestado.
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