Para superar as dores e construir um novo futuro, as famílias participam de conversas mediadas. Mutirão dá acolhimento a pessoas em abrigos no Rio Grande do Sul
Quase 40 mil pessoas continuam em abrigos no Rio Grande do Sul. Para ajudar quem precisa, o Tribunal de Justiça criou um mutirão para oferecer serviços e acolhimento.
Desde o início das cheias em Pelotas, a cozinheira Josimara Gonçalves está morando em um abrigo. Nesta sexta-feira (31), ela tirou uma nova certidão de nascimento.
“Eu preciso dela pra poder tirar a minha identidade, que também foi toda extraviado na enchente. Perdi tudo que tinha que perder”, lamentou.
O mutirão do poder judiciário acontece em todos os abrigos do Rio Grande do Sul.
“É um grande mutirão de serviços para que as pessoas possam encontrar forças e subsídios para recomeçar sua vida”, afirma o juiz Marcelo Malizia Cabral.
Os moradores de comunidades alagadas foram levados para os mesmo abrigos. A ideia é preservar o sentimento comunitário e amenizar os traumas de quem teve que deixar a vida toda pra trás.
Para superar as dores e construir um novo futuro, as famílias participam de conversas mediadas. São círculos de construção de paz.
“Não estou aqui por acaso. Ninguém está. Penso que minha casa está lá. Estou com medo de chegar lá em casa e estar tudo revirado. A única coisa que eu peço, todos nos aqui, a gente vai sair dessa”, diz a pescadora Márcia Portela.
“Eu tenho medo de voltar. Eu disse pras gurias que eu não vou. Eu vou só no último dia quando começar a tirar tudo pra fora”, desabafa a pescadora Célia Carvalho.
A casa dela ainda está debaixo d’água, igual a todas da rua. Depois da sessão, Célia contou que a única coisa que carrega de casa são as fotos.
“Cada foto ali tem um momento que eu passei na minha vida, então eu vou lembrando aqueles momentos pelas fotos e sigo em frente dando um passo de cada vez”.
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