26 de dezembro de 2024

Enchente impede trabalho de comunidade no Sul do RS que vive da pesca: ‘Ninguém lembra da gente aqui’, diz morador

Cheia do Canal São Gonçalo impediu pesca e venda praticada por moradores da comunidade Santa Isabel, em Arroio Grande. Curso liga a Lagoa dos Patos à Lagoa Mirim, que chega ao Uruguai. Enchente prejudica pescadores da comunidade Santa Isabel, em Arroio Grande
As enchentes que já deixaram 169 mortos em todo Rio Grande do Sul afetaram o trabalho de pescadores de Arroio Grande que vivem na comunidade Santa Isabel, na Região Sul. O local é banhado pelo Canal São Gonçalo, que inundou e superou a marca histórica de 1941, em Pelotas.
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Os barcos que serviam para a prática da pesca são usados agora para atravessar as ruas da comunidade, que reúne 1,5 mil pessoas. A população diz que não consegue vender o pescado e reclama da falta de auxílio, já que a água atingiu as residências.
“Muita gente depende de nós, dos pescadores da comunidade Santa Isabel. E na hora que acontece esse tipo de coisa, as ruas cheias de água, pessoas fora de casa, ninguém lembra da gente aqui”, lamentou o morador Solismar Pereira.
Comunidade Santa Isabel segue com ruas e casas alagadas
Reprodução/RBS TV
O pescador também afirma que está há cerca de um mês sem vender o pescado, o que impede a circulação do dinheiro. Por consequência, isso também afetou o trabalho de comerciantes da região.
Dona de um mercado, Cíntia Costa mora há cinco anos na comunidade. Ela teve o estabelecimento atingido e afirma não saber como vai seguir.
“Bastante complicado, pois a maioria é pescador. Eles não têm como vender seu pescado, e a gente também não vende”, afirma.
As medições da Prefeitura de Pelotas desta sexta-feira (31) apontam que o Canal São Gonçalo atingiu 2,88 metros por volta das 17h – o mesmo valor registrado na cheia histórica há 83 anos.
Pescador revela drama de moradores de Santa Isabel
Reprodução/RBS TV
Níveis dos rios no RS
As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul a partir de 29 de abril elevaram o nível dos rios em todo o estado. Em um primeiro momento, as regiões mais afetadas foram a Região dos Vales, o Norte e a Região Metropolitana de Porto Alegre. Agora, as águas afetam a Região Sul através do escoamento pela Lagoa dos Patos.
Rio Gravataí (em Gravataí): 5,16 metros | Cota de inundação 4,75 metros | Medição 31/5, às 18h15
Rio dos Sinos (em São Leopoldo): 4,69 metros | Cota de inundação 4,50 metros | Medição 31/5, às 18h15
Rio Caí (em Feliz): 2,66 metros | Cota de inundação 9 metros | Medição 31/5, às 18h
Rio Caí (em São Sebastião do Caí): 6,98 metros | Cota de inundação 10,50 metros | Medição 30/5, às 6h
Rio Jacuí (em Rio Pardo): 11,16 metros | Cota de inundação: 7,50 metros | Medição 31/5, às 15h45
Rio Taquari (em Muçum): 4,22 metros | Cota de inundação: 18 metros | Medição 31/5, às 18h45
Rio Taquari (em Estrela): 13,48 metros | Cota de inundação: 19 metros | Medição 31/5, às 7h
Lagoa dos Patos (em São Lourenço do Sul): 2,33 metros | Cota de inundação: 1,30 metro | Medição 31/5, às 17h
Rio Uruguai (em Garruchos): 4,64 metros | Cota de inundação: 15 metros | Medição 31/5, às 17h30
Rio Uruguai (em Uruguaiana): 8,19 metros | Cota de inundação: 8,50 metros | Medição 31/5, às 18h30
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