27 de dezembro de 2024

Comércio assiste primeiros sinais de movimento em Porto Alegre

Em algumas lojas, as vendas de eletrodomésticos e móveis chegaram a aumentar 150% na segunda quinzena do mês de maio. E uma parte significativa desses consumidores está comprando móveis e eletrodomésticos para fazer doações Movimento no comércio do Rio Grande do Sul aumenta com a volta pra casa
Pra voltar pra casa, muitos moradores precisam comprar materiais de construção, além de móveis e eletrodomésticos.
As vendas no comércio retratam a outra face da catástrofe ambiental. Nas lojas as vendas de tintas, material elétrico, hipermeabilizantes para telhados e fachadas triplicaram. Sem falar na procura por equipamentos de proteção individual – os chamados EPIs. Botas de borracha lideram a lista dos mais comercializados. Nesta ferragem tem até lista de espera.
“Eu já repus na verdade quatro vezes o estoque, estou indo para a quinta. Nós vendíamos 20, 30 botas por mês. Agora teve aproximadamente 400 botas. A pessoa já procura e deixa encomendado porque não encontra em outros lugares. Daí conforme vai chegando nós vamos avisando: chegou bota, chegou luva”, diz o vendedor Michael Fontana Soutil.
Este é o momento também que a mobília de muitas casas está sendo toda remontada. Em uma loja na zona Norte de Porto Alegre que fica próxima aos dois principais bairros mais atingidos pela enchente, as vendas aumentaram 150%, principalmente de eletrodoméstico e móveis. E o que também chama a atenção são as compras para doações.
“Uns 70% das vendas hoje são doações. Pessoas que já não perderam nada, mas estão ajudando muitas pessoas. Tem clientes que estão pegando famílias para cuidar também, estão montando casas, montando, comprando tudo. Atendi uma pessoa ontem que ele mobiliou três casas ontem”, diz o gerente diasser Abu Jamil.
A Luciana dedicou o sábado para uma missão de ajuda humanitária. Ela comprou dois beliches e um balcão de cozinha para ajudar famílias afetadas pela enchente. Hoje, gastou R$ 1800, dinheiro arrecadado com a ajuda dos vizinhos.
“Eu ainda acho que é pouco. A gente que não foi diretamente atingido, acho que a gente tem obrigação de ajudar”, diz a fisioterapeuta Luciana Plentz.
Quase um mês depois da enchente, em Canoas, famílias aproveitaram o sábado para limpar as casas onde a água baixou.
Os moradores se preparam agora para uma outra operação gigantesca: remontar toda a mobília das casas. Freezers, geladeiras, fogões, aparelhos de tv, economia de meses que foi levada em questão de horas.
Na garagem da casa estão os eletrodomésticos que terão que ser substituídos. O Lauro também percebeu que a estrutura de madeira terá que ser toda trocada.
“Deslocou a madeira de cima do alicerce, corre o risco de desmoronamento. Então, eu vou ter que desmontar toda a parte de madeira para fazer de alvenaria. Eu não fiz o orçamento ainda, mas deve ficar a partir de uns 5 mil reais. Bastante coisa tem que fazer. Sem falar na mobília”, diz o comerciário Lauro Waldenir Fagundes de Freitas.
Em torno da matriarca da familia, a dona Thereza, de 77 anos, eles se unem para recomeçar.
“Força tem que ter sempre. Fé em Deus e nos anjos que estão em volta.
Repórter: Os senhores vão conseguir.
Com certeza.
Repórter: Família unida?
“Muito unida. Muito unida”, diz Lauro Waldenir Fagundes Freitas.

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