28 de dezembro de 2024

Pré-candidatos vão à Parada do Orgulho LGBT+ em SP e criticam ausência do prefeito Ricardo Nunes no evento

A parada é um dos maiores eventos de São Paulo. Nunes afirmou, durante a Marcha para Jesus, na quinta (30), que se ausentaria da parada, por mais um ano, para comparecer a um retorno médico de exames de endoscopia e colonoscopia neste domingo. Ele foi representado no evento por Léo Aquila e a secretária Soninha Francine. Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), ÉRika Hilton (PSOL) e o ministro Silvio Almeida participam da 28ª Parada LGBT+ em São Paulo.
Montagem/g1/Acervo Pessoal
Políticos e pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo marcaram presença na 28ª Parada do Orgulho LGBT+, neste domingo (2), na Avenida Paulista.
Entre os que compareceram ao evento estão os pré-candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e a deputada federal Érika Hilton (PSOL).
No evento, Boulos e Tabata criticaram a ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no evento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi à Marcha para Jesus e enviou o advogado-geral da União, Jorge Messias.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
O prefeito que tem os planos de reeleição em São Paulo apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi à Marcha para Jesus, organizada por igrejas evangélicas, na quinta-feira (30), mas não compareceu ao evento da comunidade LGBT+ na Avenida Paulista.
Nunes é o segundo prefeito da história recente da capital que não foi ao evento organizado pela comunidade gay da capital paulista, ao lado de João Doria (sem partido).
Antes deles, Marta Suplicy (PT), José Serra (PSDB), Gilberto Kassab (PSD), Fernando Haddad (PT) e até o tucano Bruno Covas participaram do evento em anos anteriores.
Participantes da 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo com urna eletrônica chama a atenção para o voto em favor da comunidade gay nas eleições municipais.
ALEXANDRE BRUM/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
Segundo a deputada Tabata Amaral, a ausência do prefeito no maior evento público da cidade é mais um erro da gestão do MDB na capital paulista.
“Existe uma tentativa no Brasil como um todo e aqui em São Paulo, da gente querer dizer que só alguns partidos podem levantar algumas causas. (…) Isso é um tiro no pé. É um erro. Nós precisamos que essas causas sejam da esquerda à direita. Erra ainda mais o prefeito de São Paulo que simplesmente não vem no maior evento da cidade. Esse é um evento que traz só de tributo quase R$ 100 milhões. Se a gente olha para os números do ano passado, R$ 95 milhões”, declarou.
“Esse é um evento que mais traz gente de fora do Brasil. É gigante, pra gente se encher de orgulho. E a ausência do prefeito – se não me engano, só ele e o Doria, de toda a história recente – ela está sendo sentida. Mas não tem problema. A gente está aqui pra dizer para um lado e para o outro, que tem coisas que são maiores que questões partidárias e que devem ser celebradas em união”, afirmou a pré-candidata do PSB.
Para Guilherme Boulos (PSOL), Nunes não foi ao evento da comunidade LGBT+ porque “comunga dos valores bolsonaristas”, que são contra a diversidade e a tolerância, segundo o deputado federal.
“Acho que tem que falar porque ele [Ricardo Nunes] não veio é ele mesmo. Acho natural que um candidato apoiado pelo Bolsonaro e comunga valores bolsonaristas não venha a um evento que celebra a diversidade, enfrenta o preconceito e a intolerância. Parece que ele partilha desse preconceito e intolerância”, declarou Boulos.
O que diz o prefeito
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a primeira-dama, Regina Carnovale Nunes, acompanham a Marcha para Jesus na Praça Heróis da FEB, na Zona Norte de São Paulo
Fábio Tito/g1
Na quinta-feira (30), Nunes havia afirmado durante a Marcha para Jesus que se ausentaria mais um ano do evento em virtude de um retorno médico de exames de endoscopia e colonoscopia, marcado em pleno domingo.
“Não vou poder ir à Parada porque vou fazer o retorno de um exame de endoscopia e colonoscopia que fiz, mas forneci toda a infraestrutura necessária e estou fazendo a maior política pública para os LGBTs. (…) As políticas públicas são feitas e irá me representar a minha coordenadora Léo Aquila e a secretária de Direitos Humanos, Soninha Francine. Eu tenho uma boa realização com a comunidade, mas realmente só tenho o domingo para fazer o meu retorno”, afirmou Nunes.
No discurso que fez no evento, a coordenadora de Políticas para LGBTI+ da Prefeitura de SP, Léo Áquila, disse que a comunidade quer ter representatividade em todas as instâncias do Poder Público.
“Nós já chutamos a porta do armário. Agora é luta ou luto. Queremos travesti na Câmara, na Prefeitura e na presidência”, declarou.
Leo Áquila discursa em nome do prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante a 28ª Parada LGBT+ de São Paulo, na Avenida Paulista.
Reprodução/Instagram
A deputada federal Érika Hilton (PSOL), que também é uma mulher travesti, afirmou que o público LGBT+ ajudou a construir a democracia brasileira e não vai abrir mão dos seus direitos políticos.
“Orgulho de ver vocês com a nossa bandeira, o nosso Brasil é nosso. Estamos mandando um recado para essa gente cafona, feia, que as LGBTQI+ construíram a democracia brasileira. Nós somos cidadãos e merecemos a cidadania, não abriremos mão da nossa. Marcharemos essa tarde retomando a nossa bandeira brasileira. lembrando que o Brasil é o número um que nos mata, mas nós estamos aqui. O Brasil é preto, é LGBT, é indígena, é travesti, esse é o verdadeiro Brasil, nós somos o Brasil de verdade”, declarou.
Ministro dos Direitos Humanos
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, discurso no caminhão oficial da 28ª Parada LGBT+, em São Paulo.
Cristiane Agostine/Valor
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, também participou da abertura oficial da Parada LGBT+ e afirmou que o Brasil não será democrático enquanto todas as pessoas não forem respeitadas e tratadas com dignidade, independentemente de quem elas sejam.
“Eu não quero que nenhuma mãe, nenhum pai, tenha que chorar a morte do seu filho. Eu quero que todas mães e pais possam saber que seus filhos, independentemente de quem eles sejam, e de como eles quiserem amar, vão voltar para casa vivos, de forma digna, e vão ser respeitados”, disse.
“A Parada LGBT é um momento para ressaltar e realçar a unidade nacional, que todos os brasileiros e brasileiras têm que ser respeitados”, completou.

Mais Notícias