O maior prejuízo foi na produção de soja, com perda de 2,7 milhões toneladas. Enchentes provocaram danos em mais de 200 mil propriedades rurais do RS, aponta relatório
As enchentes no Rio Grande do Sul afetaram milhares de propriedades rurais.
O maior prejuízo foi na produção de soja – perda de 2,7 milhões toneladas. A tragédia afetou também as plantações de milho e arroz, e mais de 1 milhão de aves morreram. Os números estão no relatório que apresenta os impactos das enchentes sobre a produção rural do Rio Grande do Sul.
Em Santa Tereza, Região Serrana, o agricultor Odair José Girelli perdeu mais da metade da produção de uva.
“Aqui certamente vai de 3 a 4 anos para voltar a produzir de novo, normal”, diz.
O Ricardo cria porcos no município de Rolante. Durante a enchente, os animais ficaram dentro de um caminhão e só agora voltaram para o chiqueiro. As vacas estão mais magras. E a enxurrada levou o milho para alimentar os animais.
Ricardo: Tinha até a próxima safra.
Repórter: E agora?
Ricardo: Só ano que vem.
Mais de 206 mil propriedades rurais foram afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, segundo o governo do estado. Em uma, tinha plantação de couve, repolho e brócolis. E, em setembro, trocavam pelo milho. Foi tudo varrido pelo rio que antes corria só perto do eucaliptos. Agora que a água baixou, a preocupação dos produtores é com a qualidade da terra que ficou.
No lugar da terra fértil de antes, agora tem lama, pedra, erosão. Técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural percorrem as propriedades para levar ajuda de todo tipo: de ração a consultas por telemedicina. E vão começar a analisar o solo.
“Nós temos verificado que houve troca muito grande de solo, propriedades que perderam o solo por inteiro e esse solo acabou migrando para outro lugar e que receberam solos de outros lugares que não eram da sua origem. Além do que, nós temos o processo de volume de água muito grande em cima do solo, o que certamente deve ter alterado as qualidades principalmente químicas do solo”, afirma Eduardo Condorelli – superintendente do Senar, RS.
Mas antes mesmo dos testes, o agricultor Valney Lazzaretti plantou brócolis e couve e começou uma nova lavoura fazendo o que sempre fez.
“A gente bota adubo e não vem. Parece que a água matou aquele pique. Aí, então, vamos ver se vai vir para poder se reerguer”, diz.