10 de janeiro de 2025

Censo 2022: mulheres pardas representam maior percentual entre analfabetos no Alto Tietê

Segundo IBGE, 12.344 mulheres pardas da região não sabem ler e escrever uma carta simples, cerca de 25,5% do total de analfabetos na região. Mais de 12 mil mulheres pardas do Alto Tietê não sabem ler e escrever uma carta simples
IBGE
As mulheres pardas representam o maior percentual de pessoas que não sabem ler e escrever no Alto Tietê, de acordo com os dados do Censo 2022. Ao todo, mais de 48 mil pessoas não são alfabetizadas na região.
Segundo o levantamento, são 12.344 mulheres pardas da região que não sabem ler e escrever uma carta simples, cerca de 25,5% do total de analfabetos na região.
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A pesquisa do IBGE indica ainda que as mulheres pardas também correspondem às maiores taxas de pessoas não alfabetizadas em Suzano, Poá, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e Arujá.
Desigualdade histórica
O IBGE considera a junção de pretos e pardos como negros nas questões raciais do Brasil. Na região, as mulheres pardas e pretas são cerca de 32% da população analfabeta. Para o pedagogo e psicopedagogo Jucilei da Silva Barbosa, a relação entre cor e educação deve sempre levar em conta as desigualdades históricas que construíram o país.
“Todos os dados em pesquisas que forem feitas daqui pra frente nós veremos que haverá sempre uma discrepância aí destoando essa relação de alfabetização, quem escreve e quem não escreve, quem é letrado ou não, e essa diferença entre os pretos e brancos. Mas é algo que já foi construído historicamente e nós sabemos que essa desigualdade é fruto da falta de políticas públicas, da falta da inclusão de negros nas escolas, universidades, com relação ao mercado de trabalho e também dessa questão da da interiorização de preconceitos direcionados justamente para essa população”, analisa.
Somente no recorte de gênero, as mulheres da região representam a maioria (55%) das pessoas não alfabetizadas. Barbosa acredita que a cultura machista também é um fator que contribui para interpretar a realidade da alfabetização no Alto Tietê.
“Acredita-se que ainda exista um certo preconceito velado por parte dos homens, porque hoje nós ainda temos essa visão muito forte do patriarcado. Então, o homem é o detentor da subsistência da família e, com isso, acredita-se que as mulheres então passaram a ficar muito mais tempo em casa e os homens a saírem para trabalhar. E com a dificuldade das tarefas domésticas, cuidar dos filhos, enfim, isso acaba se tornando muito mais difícil dentro de um processo de escolarização, acesso às universidade, a uma boa escola, até por questões de tempo”.
Analfabetismo na região
Mais de 48 mil pessoas com 15 anos ou mais que vivem no Alto Tietê não sabem ler e escrever uma carta simples, de acordo com dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice representa cerca de 3% de toda a população da região, que totaliza 1.627.145 pessoas.
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Todos os municípios do Alto Tietê têm taxa de alfabetização maior que a média do Brasil, que ficou em 93%. Por outro lado, oito cidades estão abaixo da média estadual, que ficou em 96,89%.
O município da região com a maior taxa de analfabetos é Salesópolis, com 5,96% da população sem saber ler e escrever, seguido de Biritiba-Mirim, com 5,91%.
Na região, 1.295.157 pessoas com 15 anos ou mais são alfabetizadas. De acordo com o levantamento, em relação à taxa de alfabetização por cidade, Salesópolis também é que possui o menor índice, com 94,09% (12.354 alfabetizados), enquanto Poá é que tem o maior, com 97,35% (83.883).
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