Biólogo da equipe de veterinários do Cras Núcleo da Floresta reforçou que é preciso ter cautela com o compartilhamento de vídeos que podem gerar pânico na população e até mesmo uma onda de caças ao animal. Onça é vista ‘caminhando’ por condomínio de Itu
Uma onça foi vista “caminhando” pelo condomínio Chácaras Flórida, em Itu, no interior de São Paulo, no sábado (1º).
Um motorista que passava pela região registrou o momento em vídeo. Nas imagens, é possível ver o animal assustado e tentando pular um portão.
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O biólogo da equipe de veterinários do Centro de Reabilitação Animal Silvestre (Cras) Núcleo da Floresta, Rafael Mana, informou que recebeu um comunicado sobre o aparecimento da onça no local, mas reforçou que é preciso ter cautela com o compartilhamento de vídeos que possam gerar pânico na população e até mesmo uma onda de caças ao animal.
Onça estava assustada e tentava pular um portão
Reprodução/Jornal de Itu
Conforme o biólogo, a aparição de animais em locais como o condomínio é resultado da fuga da espécie de ambientes que estão sendo degradados.
“Essas onças não oferecem risco nenhum. Muito pelo contrário, o animal está fugindo de situações de risco, ele está na verdade procurando, nos condomínios, [um local] para se proteger. Essa falta de noção das pessoas de que o animal é perigoso e tudo mais, é muito ruim para a imagem do animal. E a gente aí que trabalha com a parte de conservação, de preservação dessas espécies, acaba presenciando um impacto muito negativo […] o pessoal tenta demonizar um animal que não merece. Ele está fugindo de “, explica.
Visão equivocada
Rafael explica que o monitoramento do Cras é feito com diversos animais da região e que a imagem da população a respeito do animal pode ser equivocada.
“Na cabeça das pessoas, a onça é um animal extremamente perigoso. Mexo com isso todo dia e é muito mais seguro, muito mais tranquilo você mexer com uma onça do que mexer com um cachorro bravo de rua”, inicia.
“As pessoas têm uma ideia completamente deturpada. A onça é um animal silvestre, ela não quer contato com o humano. As pessoas acham que a onça vem para atacar alguém, para atacar cachorro, essas coisas… a onça só vai comer o cachorro se ela não tiver mais nada para comer”, enfatiza.
Gravação deve ser enviada para autoridades
O biólogo também reforça que a gravação de animais como a onça deve ser enviada para as autoridades, e não apenas divulgadas na internet, pois além de oferecer riscos ao animal, pode prejudicar o mapeamento feito pela instituição.
“O pessoal fica filmando, coloca na internet, em rede social, coloca nesses grupos de bairro e isso toma uma proporção absurda […] As pessoas, quando gravarem esses vídeos, quando tiverem esses registros, fotos, qualquer coisa, tem que mandar para a autoridade municipal. A Secretaria do Meio Ambiente manda para a gente, que é a instituição técnica que faz a triagem, a avaliação, e aí faz o monitoramento.”
O Cras Núcleo da Floresta realiza um mapeamento dos animais que aparecem em toda a região e os dados fornecidos pelas autoridades municipais são essenciais para que o trabalho continue. Quando divulgados apenas na internet, a proteção dos felinos é prejudicada, segundo ele.
“[Na internet] ninguém se responsabiliza por nada e no final das contas só faz um barulho sem necessidade nenhuma. O ideal é: se a pessoa teve um contato, um registro, qualquer coisa, mesmo que ela não consiga filmar, não consiga fotografar, ela informe as autoridades para que a gente consiga mapear o animal”, diz.
“Às vezes é um animal que está com algum problema, um animal que está em um lugar realmente muito perigoso para ele e, consequentemente, coloca pessoas em risco e a gente precisa tomar medidas para fazer a adequação disso: ou retirar o anima do local, ou instruir a população, ou fazer algo que impeça o pior, o que normalmente acaba com atropelamento de animal, morte de animal porque está atacando galinheiro, morte de animal porque tá com medo… o pessoal sai para caçar o animal. Isso é muito ruim. Então, a gente tem que tomar muito cuidado com esses dados”, finaliza.
🐆 Cruzei com uma onça. O que faço?
Alexia Gazzola Steiner, veterinária especializada em animais silvestres, ressalta que, em geral, as onças são animais dóceis e que sentem medo de humanos.
“É uma espécie da nossa região. Com o crescimento urbano, aumento na incidência de queimadas, a espécie vai se aproximando cada vez mais da cidade. Temos que aprender a coexistir com elas com total respeito e saber o que fazer quando um animal desse aparece”, reforça Alexia.
Ao avistar uma onça-parda, as orientações são:
Não tente correr, pois o animal pode se sentir ameaçado e atacar;
Não grite;
Mantenha distância para que o animal siga o caminho dele;
Quando estiver mais distante do animal, siga devagar, em direção oposta, sem virar as costas para o felino.
“A população não pode tentar capturar o animal, em nenhuma hipótese. Deve chamar autoridades competentes, que vão fazer este trabalho”, explica Rafael.
Para os moradores de propriedades rurais, a orientação dos especialistas é para que recolham animais que vivem no local, principalmente as aves que têm uma tendência a dormir em árvores e se tornam presas fáceis das onças-pardas.
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