10 de janeiro de 2025

MapBiomas: 64,2% das áreas de agropecuária no RS foram afetadas pelas chuvas

Dois terços dos municípios do Rio Grande do Sul (RS) sofreram as consequências dos eventos climáticos extremos nos últimos dois meses, de acordo com levantamento. As áreas usadas para agropecuária no Rio Grande do Sul (RS) foram as mais afetadas pelas chuvas que assolaram o estado em abril e maio deste ano. Ao todo, 64,2% dos terrenos ocupados por atividades agrícolas sofreram consequências dos eventos climáticos extremos, de acordo com levantamento do MapBiomas, divulgado nesta quarta-feira (5).
Quase dois terços dos municípios do estado foram atingidos pelos temporais nos dois meses. Ou seja, 61% das cidades gaúchas foram afetadas. Os dados também integram o relatório do instituto, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, com foco em monitorar a cobertura e no uso da terra no Brasil.
O MapBiomas usou imagens de vários sistemas de satélite para coletar e analisar as informações.
Segundo o estudo, ao todo, “a área atingida por deslizamentos de terras, enxurradas, inundações e alagamentos nos últimos dois meses no Rio Grande do Sul foi de aproximadamente 15.778 km2, o equivalente a 5,6% dos 281.748 km2 de extensão do estado.”
Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, em menor ou maior grau, 234 cidades tiveram a área urbana atingida. Localidades como Eldorado do Sul, município situado a 12 km de Porto Alegre e banhado pelo lago Guaíba, a área afetada superou 66%.
Em Mampituba, litoral norte gaúcho, 49,5% do território foi atingido. Na cidade de Canoas, uma das maiores cidades do estado, localizada a 14 km de Porto Alegre, 42,4% da área foi lesionada.
Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul:
158 tiveram 1% ou mais da área urbanizada atingida
47 tiveram 5% ou mais da área urbanizada atingida
22 tiveram 10% ou mais da área urbanizada atingida
6 tiveram 20% ou mais da área urbanizada atingida
1 teve mais de 50% da área urbanizada atingida
O relatório detalha ainda o impacto dos eventos climáticos extremos para a produção agropecuária. Mais de um milhão de hectares ocupados por essa atividade foram atingidos. Além disso, quase 20% das formações campestres foram afetadas.
“A coleta sistemática de dados de satélite e a rápida disponibilização dos mesmos para análise dos efeitos de um evento classificado como catástrofe ambiental, a exemplo da ocorrência de precipitações pluviais extremas no estado do Rio Grande do Sul, são essenciais para entender as suas consequências e direcionar ações para atender a população atingida e estimar os danos ambientais e sociais e os prejuízos econômicos”, defendem os pesquisadores responsáveis.
Chuvas no Rio Grande do Sul
Segundo os estudiosos do MapBiomas, eventos extremos, como os vendavais e precipitações intensas, são mais frequentes no Rio Grande do Sul durante as estações como primavera e outono.
Porém, as Projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) indicam tendência de aumento na precipitação e na frequência de eventos severos.
“As normais climatológicas do INMET dos períodos de 1961-1990 e de 1991-2020 confirmam que praticamente todas as regiões do estado já apresentaram mudanças nessa direção, algumas delas com até 300 mm de aumento na precipitação anual entre os dois períodos”, destaca o documento.
O levantamento enfatiza a influência dos fenômenos El Niño e La Niña que favoreceram para cenário de calamidade. O texto também recorda que o estado enfrentou tempestades intensas no ano passado.
Relembre:
junho de 2023, no Vale do Rio dos Sinos e no Litoral Norte
setembro de 2023, no Vale do Rio Taquari-Antas
novembro de 2023, nos vales dos rios Taquari-Antas e Caí, na Serra Gaúcha e na Região Metropolitana
abril-maio de 2024, abrangendo praticamente todo o estado

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