Localizada em Piracaia, no interior de São Paulo, a ‘ecovila’ foi criada em 2001, em uma área que estava degradada. Hoje, o local conta com diversas espécies de fauna e flora. Como são as casas em vila focada em construções sustentáveis no interior de SP
Divulgação/Ecovila Clareando
Criada há 23 anos, uma ecovila localizada em Piracaia, no interior de São Paulo, tem chamado a atenção de quem busca fugir dos problemas dos grandes centros urbanos e que hoje fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas, como por exemplo a poluição, para viver em uma área integrada com a natureza, em busca de qualidade de vida e pensando no meio ambiente, por meio de bioconstruções.
➡️ Uma ecovila é caracterizada por ser uma comunidade rural que busca integrar ambientes sustentáveis e promover menos impactos ambientais. No caso de Piracaia, a Ecovila Clareando, fundada em 2011, já deu muitos resultados.
📺 Bioconstrução é um dos temas do especial Sobrevida, que vai ao ar na TV Vanguarda, no próximo sábado (8), às 14h30.
‘Sobrevida’ apresenta iniciativas de sustentabilidade
Atualmente, o “condomínio rural” de Piracaia conta com 60 residências ativas. Ao menos 30 famílias moram no local. Outras as encaram como casas de veraneio. Há ainda espaço para a construção de mais 40 casas, resultando em 100 ao todo.
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Os 100 lotes ocupam apenas 1/3 do espaço total da ecovila, que conta com 23 hectares. Desse total, ao menos 80 mil metros quadrados são de área verde e mata preservada. O espaço conta ainda com pomar, cinco nascentes e diversas espécies de fauna e flora, que se desenvolveram a partir do reflorestamento no local.
“Em 2001 esse espaço era totalmente degradado, um pasto, quase um deserto. Não tinha nem passarinhos e as cinco nascentes estavam assoreadas. Mas hoje a realidade é outra. É uma floresta. Em 23 anos transformamos esse lugar”, diz um dos idealizadores da ecovila, o agrônomo Edson Hiroshi.
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Esse processo começou com a plantação de cerca de 5 mil árvores, que já foram suficientes para restaurar as nascentes que integram a região. Essas nascentes, inclusive, ajudam a abastecer o Sistema Cantareira, principal manancial da Grande São Paulo.
O projeto nasceu com o objetivo de criar uma comunidade para viver em harmonia com a natureza, usando recursos naturais e de forma sustentável. Na ecovila, os moradores devem optar por técnicas que preservem o ambiente.
Como são as casas em vila focada em construções sustentáveis no interior de SP
Reprodução/TV Vanguarda
De acordo com Hiroshi, a principal inspiração do projeto foi a ‘Agenda 21’, um roteiro definido na conferência Eco-92 para países, estados e cidades crescerem e ao mesmo tempo resolverem problemas ambientais e sociais.
“A ideia era crescer por meio de atividades sustentáveis, sem impacto, como permacultura e horticultura. Hoje temos um grande reflorestamento e ainda uma área para morar, com ruas, rede elétrica renovável, saneamento, produção de alimentos. Me sinto honrado por ter feito parte disso”, afirma Hiroshi.
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Reprodução/TV Vanguarda
Casas
A construção das casas na Ecovila Clareando precisa seguir uma série de regras sustentáveis, que envolvem questões ecológicas e de baixo impacto ambiental.
Algumas dessas regras são o uso de materiais de bioconstrução e implantação de sistemas de captação de água da chuva.
Enquanto ‘casas normais’ correm o risco de provocar grande impacto ambiental, as casas da ecovila utilizam recursos naturais e materiais reciclados de forma inteligente para evitar que isso aconteça.
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Reprodução/TV Vanguarda
Os imóveis são construídos, por exemplo, com tijolos de adobe ou solo-cimento, pau-a-pique, estrutura de eucalipto, acabamento em terra, forros térmicos de lona ou bambu e vidros reaproveitados.
Uma das moradoras, a turismóloga e consultora Janaína da Silva Carvalho, define a vida na ecovila como mais saudável e cita as principais vantagens desse tipo de comunidade.
Janaína da Silva Carvalho, dona de uma casa na ecovila
Reprodução/TV Vanguarda
“As maiores vantagens de morar em uma casa de bioconstrução são conforto térmico, eficiência energética, a questão de a casa ter baixo impacto, o que faz com que você utilize os recursos abundantes aqui, evitando grandes deslocamentos. É uma casa saudável, que tem toda uma troca de ar. Respira e transpira como nós. Isso integra o que está fora e dentro. É uma construção e uma vida sustentável. Buscamos a coerência de uma vida mais sustentável”, conta.
Em relação à captação de água da chuva, todas as casas são obrigadas a contar com esse sistema, que funciona como um reservatório. A água acumulada no reservatório é usada para descarga, irrigação de hortas, lavagem de varandas, carros, roupas, pisos e até para o banho.
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Reprodução/TV Vanguarda
As residências contam também com tratamento próprio de esgoto e sistema de aquecimento da água a partir da energia solar.
“A casa pode fazer vários trabalhos para você. Ela capta água. Chove e vai para a cisterna. Não tem segredo. Economiza água boa. A casa respira, absolve calor. Ela transforma o calor do sol em água quente. É uma casa que é viva”, pontua o economista e contador Fábio Carlos Werneck Lorenzi.
Fábio Carlos Werneck Lorenzi, dono de uma casa na ecovila
Reprodução/TV Vanguarda
Fábio mora em São Paulo, mas tem uma casa de veraneio na ecovila. Apesar disso, ele tem como plano um dia se mudar definitivamente para Piracaia.
Outro dos destaques das residências da ecovila é que a taipa – um material usado na construção das casas – deixa o ambiente mais fresco, amenizando o forte calor que vem sendo registrado no país.
Como são as casas em vila focada em construções sustentáveis no interior de SP
Reprodução/TV Vanguarda
Além disso, a maioria das casas conta com muitas janelas e aberturas. Por conta disso elas são muito iluminadas, o que acaba contribuindo com a economia de energia.
“São pequenos detalhes que você vai colocando no combo e somando na questão da sustentabilidade. Economizar energia é sustentabilidade”, afirma Fábio.
Como são as casas em vila focada em construções sustentáveis no interior de SP
Reprodução/TV Vanguarda
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Reprodução/TV Vanguarda
Natureza
O “condomínio rural” fica a 14 quilômetros do centro de Piracaia e foi instalado em uma área que era degradada e extremamente pobre em natureza. Hoje, esse local conta com diversas espécies de fauna e flora.
Entre os animais que constantemente são vistos na região estão macacos, esquilos, tucanos, tatus, quatis, seriemas, jacutingas, entre outros.
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Reprodução/TV Vanguarda
Com população de cerca de 27 mil pessoas e a menos de 100 quilômetros de distância da capital paulista, Piracaia está localizada na região bragantina e na Serra da Mantiqueira, local conhecido justamente pela natureza.
“As pessoas que decidem vir morar em Piracaia estão buscando uma vida com qualidade e coerência. A bioconstrução segue exatamente esse caminho. Piracaia, assim com todo o Brasil há 200 anos, era de bioconstrução. As construções de taipa e de pilão. As casas eram assim, as igrejas. Aqui virou um núcleo de quem queria trabalhar com bioconstrução e de quem queria viver em uma casa mais saudável, mais coerente e mais sustentável. É um movimento que muita gente quer seguir. Praticar a qualidade de vida”, encerra Janaína.
Como são as casas em vila focada em construções sustentáveis no interior de SP
Reprodução/TV Vanguarda
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