Na capital, 1.395 pessoas que atuam na rede municipal foram atingidas diretamente pelas cheias e pelos temporais de maio. Capital tem 99 unidades próprias e 219 conveniadas. Escola JP Cantinho Amigo, de Porto Alegre, atingida por alagamentos
Júlia Azevedo/SMED
Ao menos 1.395 servidores municipais de Porto Alegre que atuam em escolas foram atingidos pelos temporais e pelas cheias, que deixaram 172 mortos no Rio Grande do Sul. Proporcionalmente, um em cada cinco funcionários foi afetado.
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O mapeamento da Secretaria Municipal de Educação (Smed) revela que, deste total, 1.049 atuam em escolas de ensino fundamental e outros 346 trabalham em unidades da educação infantil.
Um dos servidores afetados foi o professor de língua portuguesa e inglesa Adilson Zabiela, que precisou ser resgatado em casa, no bairro Humaitá, na Zona Norte da capital, no dia 5 de maio. Mais de um mês depois, o único retorno possível ao local foi para limpar o primeiro piso da residência.
“Tivemos que ser salvos, resgatados, de lá por voluntários, porque a água já chegava a quase dois metros de altura em frente ao nosso condomínio, e em nossa casa a água passou de um metro de altura”, revela.
Professor fez registros da casa após a enchente
Adilson Zabiela/Arquivo pessoal
Adilson dá aula em uma escola no bairro Sarandi que ficou inundada e afirma que os estragos impedem o retorno dos estudantes – que deverão retomar as atividades em outro local e à distância.
O professor segue afastado por conta do decreto 22.724/2024, que permite o trabalho remoto e até mesmo o afastamento de agentes públicos, até 30 de junho.
Diretora de uma escola na comunidade Morro da Cruz, na Zona Leste de Porto Alegre, Gislaine Coutinho segue vivendo o drama das enchentes no bairro Sarandi, onde mora. Ela afirma que a casa segue alagada desde o dia 4 de maio, quando o dique extravasou, segundo a prefeitura.
“A minha casa, eu digo que a gente perdeu tudo que se compra. Tem memórias, tem afetos, coisas do meu pai e da minha mãe. Meu pai guardava moedas antigas, mas não perdemos ninguém, né, da nossa família. Estamos com todos, não reunidos, né, mas vivos”, diz a diretora.
Casa de diretora de escola segue alagada mesmo após um mês da enchente
Gislaine Coutinho/Arquivo pessoal
A funcionária pública afirma que concilia questões administrativas da escola, que não foi afetada diretamente, com o voluntariado. No momento ela está morando temporariamente em um clube da capital que se tornou centro de distribuição de donativos.
A prefeitura afirma que todas as 99 escolas próprias e 219 parceiras foram atingidas pelas águas. Desse total, 41 foram parcial ou totalmente alagadas, causando grandes transtornos para a retorno às aulas.
77 escolas municipais e 140 unidades conveniadas retomaram as atividades até a última segunda-feira (3) – o que corresponde a 80% das unidades. Com isso, cerca de 50 mil estudantes podem voltar a estudar, de acordo com o município.
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