12 de janeiro de 2025

Acusado de estupro, empresário Rodrigo Carvalheira era amigo das vítimas: ‘Não consegui ter reação nenhuma’; veja relatos

Até agora, cinco mulheres procuraram a polícia para denunciar Rodrigo Carvalheira por estupro. Todas eram amigas dele, e dizem que o empresário se aproveitou da confiança delas para cometer a violência. Nas redes sociais, as postagens retratam um homem que gosta de curtir a vida. Rodrigo Dib Carvalheira, de 34 anos, é um empresário que se tornou influente por produzir festas badaladas, como reveillons em Fernando de Noronha e na Praia de Carneiros, no litoral sul de Pernambuco.
Mas para a polícia, o perfil dele é outro. Até agora, cinco mulheres procuraram a polícia para denunciar Rodrigo Carvalheira por estupro. Todas eram amigas dele, e dizem que o empresário se aproveitou da confiança delas, em momentos de lazer, para cometer a violência. Os casos aconteceram entre 2005 e 2019. Saiba mais abaixo:
Caso 1
Uma mulher disse que foi estuprada por Rodrigo no carnaval de 2019. Ela tinha voltado para casa depois de uma festa, quando o amigo chegou de surpresa.
“Eu já tinha bebido o dia inteiro, estava muito vulnerável. Ele virou um copo de bebida, então eu tomei um comprimido sem saber o que era. Não consegui ter reação nenhuma”, relata a vítima.
A mulher também sugere a manipulação utilizada pelo agressor sobre a vítima.
“Ele se usa da falta de memória para manipular a vítima e continuar manipulando depois, fingindo ser muito amigo. E você se sente traída, abusada e acha que ele se aproveitou, mas demora para entender que foi, de verdade, um estupro premeditado”, diz.
Caso 2
Uma outra mulher afirma ter sido abusada por Rodrigo também no carnaval de 2019.
“Foram muitas horas de festa, de bebida, e às 8 horas da manhã resolvemos ir para a casa de uma amiga nossa. Até que entramos no quarto. Depois disso eu não lembro mais de nada. Só lembro de Rodrigo em cima de mim cometendo estupro”, conta.
No dia seguinte, a vítima trocou mensagens com uma amiga. Ela reclama que foi abandonada. E a amiga explica que Rodrigo a expulsou do quarto.
Caso 3
Rodrigo também foi acusado de cometer um estupro na adolescência. Ele tinha 15 anos. A vítima, 16.
“A gente estava bebendo e eu fiquei com Rodrigo nessa festa. Os fatos que eu lembro, alguns flashes, é de estar nessa sauna, e acordar com ele em cima de mim”, relata.
Uma amiga da vítima diz que testemunhou os momentos seguintes ao abuso.
“Eu acompanhei ela na farmácia pra comprar a pílula do dia seguinte, porque ele não tinha usado camisinha”, afirma a testemunha.
A bula do remédio, guardada num diário da época, foi anexada ao inquérito policial.
Indiciamento e desdobramentos
A Delegacia da Mulher concluiu as cinco investigações e indicou Rodrigo Dib Carvalheira por estupro de vulnerável. A polícia entendeu que no momento da violência as vítimas estavam fragilizadas e sem condições de reação.
“A gente não pode continuar acreditando que estupro é somente com violência de um desconhecido. E qualquer pessoa que tenha uma relação sexual ou tenha uma intervenção sexual na outra, indesejada pela outra pessoa, até mesmo quando ela não tem a capacidade de consentir aquilo ali, é um fato criminoso”, destaca a delegada, Jéssica.
O Ministério Público apresentou denúncia, e Rodrigo virou réu por estupro em três casos. Outros dois inquéritos prescreveram.
“Embora prescritos, servirão de força, de fortalecimento, de robustez para a prova nos casos ainda não-prescritos”, diz o advogado, Eloy Moury.
Prisões
Rodrigo Carvalheira foi preso em abril para não atrapalhar as investigações. A polícia conseguiu o mandado depois de interceptar uma ligação do empresário para a delegada Natasha Dolci. Os dois são amigos. Eles falaram sobre o andamento dos inquéritos.
A delegada Natasha Dolci disse que a conversa com Rodrigo não influenciou nas investigações.
“Rodrigo, em momento nenhum, tentou atrapalhar as investigações, até porque se fosse para atrapalhar, teria atrapalhado no início. É uma perseguição que eu já sofro há cinco anos, tanto que eu já fui transferida 14 vezes, e há muito tempo eles estão tentando me demitir”, afirmou Natasha.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco afastou a delegada por 120 dias e abriu um processo administrativo contra ela.
Rodrigo se defendeu no dia em que foi preso:
“Tudo será apresentado. Sou inocente. São muito minhas amigas, e eu acho incrível que esteja acontecendo isso”, ressaltou.
Em nota, a defesa de Rodrigo disse que as acusações não têm prova. Baseiam-se unicamente em declarações das supostas vítimas. E, ainda, que são uma tentativa de prejudicar a reputação e integridade moral dele.
A primeira prisão de Rodrigo Carvalheira durou seis dias. Depois de solto, ele passou a usar tornozeleira eletrônica. Na quinta-feira passada, o empresário foi preso novamente. Para o Ministério Público, uma ligação de Rodrigo para um parente de uma das vítimas seria uma tentativa de interferir nas investigações.
Rodrigo foi secretário de turismo de São José da Coroa Grande e planejava se candidatar a vereador de Recife.
“Se tem o lado político ou não, eu não quero entrar nesse mérito, porque também não vou ter como provar. Minha intuição fala que sim, está, mas aí vamos deixar a Justiça trabalhar. Eu confio muito na Justiça”, ressaltou Rodrigo.
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