13 de janeiro de 2025

Crime do brigadeirão: leia carta que Júlia enviou para o namorado ‘traído’ antes de se entregar

Mensagem manuscrita de Júlia Cathermol foi recebida dia 30 por Jean Cavalcante de Azevedo, que alegou nem saber da existência de Luiz Marcelo Ormond. Polícia investiga se empresário vinha sendo envenenado dias antes do crime; ‘Estava sempre dopado’, diz Júlia
O RJ1 teve acesso a uma carta (leia abaixo) que Júlia Cathermol escreveu, antes de se entregar, para o (outro) namorado, Jean Cavalcante de Azevedo. A mensagem foi entregue a Jean pela sogra, Carla Cathermol, por foto, em 30 de maio — 5 dias antes de Júlia ser presa.
Na correspondência, a psicóloga apontada como autora do “crime do brigadeirão” pede perdão várias vezes a Jean, afirma que “estava sendo coagida e sob ameaça” e diz que Luiz Marcelo Ormond “estava sempre dopado” — essa revelação levou a polícia a levantar a hipótese de que o empresário já vinha sendo envenenado dias antes de comer o doce com morfina.
Trecho da carta de Júlia para Jean
Reprodução/TV Globo
Júlia não disse na carta quem a ameaçava, mas, de acordo com o depoimento da mãe e do padrasto, a psicóloga “fez uma besteira obrigada por Suyany” — a mulher que se apresenta como Cigana Esmeralda e que, para a polícia, foi a mandante e mentora do assassinato.
Jean disse à polícia que não tinha conhecimento da existência de Ormond nem que estava sendo traído. Em seu depoimento, o rapaz alegou que Júlia lhe contou que precisaria ficar fora por 1 mês para trabalhar de babá. Para tal, Júlia lhe enviou fotos dos filhos da suposta contratante, Natália — que os investigadores afirmam ser a cigana Suyany.
Leia a carta
Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão com morfina
Reprodução/TV Globo
Jean, precisava te encontrar para te contar o que aconteceu, mas dada a minha situação vai ser complicado no momento. Eu sei que você está p*to comigo, se sente traído e enganado, e eu entendo. Mas queria que entendesse que eu estava sendo coagida e sob ameaça. Aquele beijo [foto acima] foi fingido e não passou disso, até porque ele [Ormond] estava sempre dopado, e eu fugia, não dormia nem no mesmo quarto.
Eu sei que não ameniza, mas tudo o que está acontecendo foi porque fui fraca mentalmente, sofri uma lavagem cerebral e fui ameaçada de morte, você e minha mãe também. Então eu surtei. Ainda estou surtada, na verdade estou muito pior, sem saber lidar com tudo isso. Ainda mais sem seu apoio. Eu preciso muito do seu amor, do seu apoio e do seu perdão. Me ajuda a enfrentar tudo isso, fica do meu lado.
Você e todos sabem que se eu estivesse em plenas faculdades mentais, jamais teria feito nada disso, teria ido pro Chile com você. Você acha mesmo que eu estava sã? Esses dias eu estou em surto, me machuco, me recuso a comer, só choro. Estou tendo o apoio de minha mãe e Marino [padrasto], mas você me acalma, me protege, e eu me sentiria mais forte.
Desculpa citar isso, mas a sua ex fez por prazer, além de não ter cuidado de você quando você mais precisou, e você implorou para voltar. Por que não pode ao menos pensar em me dar uma segunda chance?
Agora é a hora que eu mais preciso de você, por favor, não me abandona, fica do lado da sua mulher nesse momento difícil. Tenho certeza que daria a vida por você. E foi o que fiz. Estou sem celular, os celulares da minha mãe e Marino estão hackeados, e talvez o seu também esteja. Então não sei como me comunicar com você. Pensei nessa carta. Quando ler, apaga a foto para não ficar salva. Me responda por carta também, ou então fala em código, sei lá, mas me responde por favor.
Eu preciso ser internada. Estou com medo de fazer coisas piores comigo mesma, mas não sei se vai rolar. Seu pai não quer pegar o caso por causa do beijo, mas como ele sempre diz, “não é o que você faz, mas por que faz”. Tenta entender o motivo. Se você pedir, ele aceita me ajudar também.
Estou escrevendo essa carta vendo o jogo do Fluminense, e eu só queria estar vendo com você. Eu vi eu vi que apagou nessas fotos do Instagram, talvez já tenha tomado sua decisão. Mas eu li as mensagens que escreveu dizendo que eu sou sua vida e quer viver comigo. Eu também quero, quero nossa casa, nosso filho… eu só preciso passar por isso primeiro. Te imploro mais uma vez para não me abandonar quando eu mais preciso. Sairemos mais forte disso. Me apoia, por favor. Sem você, não vou aguentar. É muito pesado. Você me equilibra. Eu sinto muito por tudo isso, há poucos dias que minha mente foi liberta.
Sei que é difícil, mas, por toda a nossa história, tenha piedade de mim. Preciso do seu amor. É claro que você confia menos em mim agora, mas isso eu reconquisto. Tenho medo de você me olhar diferente. Eu estou aqui, eu estou de volta, eu te amo como nunca amei ninguém e nunca vou amar. Me aceitando de volta ou não, te levarei para sempre comigo.
Aguardo seu retorno por carta ou por códigos. Eu sei que no fundo você quer me perdoar. Preciso que cuide de mim, e eu cuidarei para sempre de você. Seu abraço curaria muita coisa agora.
Júlia Cathermol ao ser transferida para um presídio e ao ser fichada na delegacia
Reprodução/TV Globo

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