13 de janeiro de 2025

Crescimento de partidos de extrema direita no Parlamento Europeu provoca preocupação internacional

O maior abalo foi na França, onde o presidente Emmanuel Macron decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas. Avanço da extrema direita no Parlamento europeu deixa governos em alerta
Milhões de eleitores da União Europeia votaram para escolher o novo Parlamento do bloco. A centro-direita se manteve à frente, mas o avanço da extrema-direita deixou em alerta governos de vários países.
Foi uma noite de preocupação e de reflexão para os líderes europeus de todas as linhas políticas. A eleição do fim de semana registrou o crescimento da extrema direita. Os 720 deputados do Parlamento Europeu são responsáveis por decidir as leis que valem para os 27 países do bloco.
Os partidos mais à esquerda, os Verdes e alguns partidos de centro perderam cadeiras – cerca de 46. O bloco de centro-direita, o grupo do Partido Popular Europeu, continua como a maior força e com o poder de decidir que coligação terá a maioria. O bloco subiu de 176 para 186 deputados. E as duas alianças de extrema direita viram seus números crescerem. Juntas, subiram de 118 para 131 parlamentares.
O que chamou a atenção foi que esses partidos superaram os partidos atualmente no poder em alguns países. Segundo analistas, a preocupação com a inflação, a corrupção, o custo de políticas ambientais progressistas e a imigração foram os fatores decisivos.
Na Itália, governada pela extrema-direita desde 2022, a primeira-ministra Giorgia Meloni comemorou a vitória com mais de 30% dos votos. Itália, França e Alemanha são os três países mais ricos da União Europeia e também onde o avanço da extrema-direita acendeu alertas.
Apesar dos vínculos com os movimentos herdeiros do fascismo, desde que chegou ao poder, Meloni suavizou o discurso sobre questões econômicas e migratórias, passou a fazer menos críticas à União Europeia, e chegou a se aproximar de políticos do centro.
Na Alemanha, a esquerda do primeiro-ministro Olaf Scholz ficou em terceiro lugar. Foi ultrapassada pelo partido de extrema direita, Alternativa para a Alemanha, que é anti-imigração e ficou em segundo.
Na Áustria, o partido do atual premiê também perdeu para a extrema-direita.
O maior abalo foi na França, onde o presidente Emmanuel Macron decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas. Na votação europeia, o partido de Macron teve menos da metade dos votos do partido de Marine Le Pen, o Reunião Nacional.
Por isso, Macron adiantou a eleição parlamentar dentro da própria França, prevista para 2027. Uma manobra permitida pela Constituição, mas que só foi aplicada cinco vezes em mais de seis décadas. É uma aposta de alto risco para formar uma aliança e tirar espaço do partido de Le Pen, que acaba de sair vitorioso. A eleição pode ter o efeito contrário e obrigar o presidente – que não tem maioria no Congresso – a conviver com um Parlamento mais inclinado à extrema-direita. A votação foi marcada para 30 de junho e 7 de julho.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, e a prefeita de Paris, Annie Hidalgo, afirmaram que a eleição não vai interferir nos preparativos para os Jogos de Paris, que começam no dia 26 de julho.
O governo russo considerou o resultado um reflexo do apoio europeu à Ucrânia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é uma das líderes do bloco e centro-direita, o maior no Parlamento Europeu desde 1999. Nesta segunda-feira (10), a coalizão rejeitou alianças com a extrema-direita e agora avalia se unir aos liberais e socialistas. Von der Leyen defendeu que o mais importante em tempos turbulentos é a estabilidade. A centro-direita tem como pauta tradicional a integração europeia, no lugar do isolacionismo defendido por políticos da extrema direita.

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