Vistoria conduzida pela Polícia Civil conseguiu retirar 38 carcaças de unidade da Cobasi localizada em subsolo de shopping. Defensoria Pública do estado abriu ação indenizatória de R$ 50 milhões contra a empresa. Animais morrem dentro de loja alagada em shopping
Montagem sobre fotos de Kathlyn Moreira/Grupo RBS e Divulgação/Cobasi
A Polícia Civil afirmou que 175 animais estavam em uma unidade da Cobasi inundada pela enchente em um shopping de Porto Alegre. Uma relação completa foi encaminhada pela loja do bairro Praia de Belas após um pedido da investigação. Todos os bichos morreram, segundo uma nota emitida pela companhia em 17 de maio.
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O inquérito será remetido ao Judiciário nesta quarta-feira (12), com todos os detalhes, de acordo com a delegada titular da Delegacia do Meio Ambiente, Samieh Saleh.
O g1 procurou a assessoria da Cobasi, mas não obteve retorno até a atualização mais recente desta reportagem. No dia 31 de maio, a companhia disse que “foi surpreendida e vem suportando as consequências de uma tragédia natural” e que precisou abandonar o espaço urgentemente, com a certeza de “que todos os animais foram colocados em altura razoável em relação ao piso”.
Animais mortos são retirados de loja alagada em shopping de Porto Alegre
A vistoria conduzida pela Polícia Civil em 19 de maio no local encontrou, do total informado, 38 carcaças de animais de aves, roedores e peixes, “em razão da péssima condição do local, segundo a delegada.
O shopping onde opera a unidade voltou a funcionar em 22 de maio. O g1 tentou entrar em contato com centro comercial para saber qual a situação do subsolo, onde se encontra a loja, mas não teve retorno até o momento.
Relembre o caso
38 animais mortos foram retirados de unidade da Cobasi
Samieh Saleh/Polícia Civil
A Cobasi lançou uma nota em 17 de maio afirmando que uma unidade localizada em no subsolo de um shopping do bairro Praia de Belas “teve de ser deixada de forma emergencial, seguindo as orientações das autoridades locais”, por força das cheias e dos temporais, que deixaram 175 mortos no RS.
A empresa afirmou que uniu esforços para que os animais estivessem em uma altura segura e pudessem ser resgatados com o retorno dos funcionários, mas “a tragédia foi sem precedentes” e houve “a perda das vidas dos animais que estavam no local”.
Após a divulgação do documento, o Praia de Belas Shopping disse que a unidade foi avisada do “risco de alagamento severo”. O centro comercial também afirmou que “ofereceu toda assistência necessária para o acesso ao local”.
Com a repercussão, a Delegacia do Meio Ambiente realizou uma vistoria na unidade em 19 de maio, juntamente com o Corpo de Bombeiros e a ONG Princípio Animal, a partir de uma liminar autorizada pela Justiça.
A ação buscou localizar animais que pudessem estar vivos e fotografar o espaço. Segundo Cícera Silva, advogada da ONG, não foi possível encontrar animais, já que o local estava inundado e sem luz.
No dia 23 de maio, após a água baixar na capital, a Polícia Civil conduziu uma vistoria na loja, onde foram retirados 38 animais mortos. A investigação também identificou que CPUs usados no subsolo para pagamento foram levados ao mezanino – que não alagou – para não estragar.
“Eles foram retirados como precaução e levados ao mezanino, tendo ficado intactos. Esses materiais, CPUs, ficaram intactos no andar de cima. O que denota que a loja teve uma preocupação em subir esses objetos”, afirmou a delegada Samieh Saleh na ocasião.
No dia 31 de maio, a Defensoria Pública do Estado (DPE) do Rio Grande do Sul entrou com uma ação indenizatória na Justiça de R$ 50 milhões. Além da indenização, o órgão defendeu que a loja seja proibida de vender animais e solicitou que não sejam usadas gaiolas fixadas em locais que possam ter risco de inundação.
Nota da Cobasi (31 de maio):
“A defesa da Cobasi, empresa do segmento Pet estabelecida há quase 40 anos no Brasil, tendo tomado conhecimento da matéria veiculada nesta data pelo site de notícias “UOL”, vem a público esclarecer o quanto segue:
1. a Cobasi, como quase todo o Estado do RS foi surpreendida e vem suportando as consequências de uma tragédia natural de proporções imprevisíveis e catastróficas, que vitimou famílias, empresas, comércios e animais;
2. Infelizmente a notícia divulgada de que a defensoria pública ajuizou ação pretendendo absurda indenização de 50 milhões de reais, reflete o uso açodado e leviano do direito de petição, no caso exercido à margem da correta apuração dos fatos;
3. a Cobasi teve sua loja, situada no shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, desocupada de maneira urgente na sexta-feira (03/05), sendo certo que todos os animais foram colocados em altura razoável em relação ao piso, caso houvesse a entrada de água nas dependências da loja;
4. Ocorre que, contrariando todas as expectativas, as chuvas foram muito mais violentas do que o esperado e verificado em anos anteriores, surpreendendo toda o Estado pela força destrutiva das águas;
5. Diante desse estado de coisas, o shopping manteve seus acessos fechados, não sendo possível — a despeito da tentativa nos dias subsequentes —, acessar as dependências do imóvel;
6. A despeito de a equipe de funcionários haver deixado uma provisão de alimentos e água para os animais para um período mais longo, caso o fechamento se prolongasse, a inundação foi muito além do que seria previsível, ocasionando o completo alagamento e destruição da loja, com a perda de equipamentos, estoques e a morte das aves, roedores e peixes ornamentais que lá se encontravam;
7. a Cobasi lamenta profundamente o ocorrido, destacando que vem tendo uma enorme ação de apoio ao Estado do RS, com o envio de grande quantidade de suprimentos, inclusive para atender os animais resgatados.”
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