15 de janeiro de 2025

Maquiadora diz que tentou alertar família de Djidja Cardoso sobre abuso de cetamina, mas temia perder o emprego

Claudiele Santos deixou a cadeia no dia 6 de junho após ter a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar para cuidar de uma filha de menos de 2 anos, segundo a defesa dela. maquiadora Claudiele Santos da Silva, que trabalhava no salão de beleza de Djidja Cardoso.
Patrick Marques/g1 AM
A maquiadora Claudiele Santos da Silva, que trabalhava no salão de beleza de Djidja Cardoso, encontrada morta há 15 dias, em Manaus, disse no seu primeiro depoimento à Polícia Civil, na tarde desta terça-feira (11), que chegou a alertar a família da ex-sinhazinha do Boi Garantido sobre o uso abusivo de cetamina – substância anestésica que causa alucinações e dependência -, e que era usada para rituais de um grupo religioso alvo das investigações.
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Claudiele se entregou à polícia no dia 30 de maio, horas após Ademar e Cleusimar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, e a gerente do salão, Verônica da Costa, serem presos ao tentar fugir da casa da família.
A maquiadora deixou a cadeia no dia 6 de junho após ter a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar. A defesa dela alegou que a maquiadora precisava cuidar de uma filha que tem menos de 2 anos, que tem a guarda compartilhada com o pai.
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Nesta terça, ela compareceu na sede do 1º Distrito para Integrado de Polícia (DIP) junto com o advogado, onde prestou esclarecimentos sobre o que presenciava ao ser chamada para trabalhar na casa da família Cardoso.
“Eu era chamada para fazer o cabelo da Djidja e presenciava o estado dela, dava banho nela, fazia de tudo que estava ao meu alcance para ajudá-la. Eu só não podia chegar e falar ‘estamos com uma ambulância aqui, vamos te levar para uma clínica agora’. Eu não sou família, eu sou colaboradora da empresa”, disse Claudiele.
Ainda segundo a maquiadora, ela e outras pessoas que trabalhavam no salão de beleza sabiam sobre o uso abusivo de cetamina pela família da ex-sinhazinha. Ela disse, ainda, que todos os funcionários alertaram e até pensaram em fazer uma denuncia, mas tinham medo de perder os empregos.
“O que nos cabia fazer, nós fizemos. Pensamos [em denunciar], mas nós éramos funcionários, nós precisávamos dos nossos empregos. Então, a gente não podia bater de frente com a família. As decisões eram deles”, comentou.
Questionada sobre o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, criado pela família de Djidja e que promovia o uso indiscriminado da cetamina. Claudiele voltou a negar o envolvimento dela com a prática.
“Eu não tenho participação com venda, com tráfico, associação para o tráfico, grupo, algo do tipo. Minha relação com a família Cardoso era como funcionária da empresa e sou amiga da Cleusimar, que é uma pessoa que me ajudou muito, tanto que tentei ajudar por inúmeras vezes a família dela”, contou a maquiadora.
Claudiele informou ainda que tenta recuperar a guarda total da filha, que foi levada para morar com o pai. Segundo ela, a defesa solicitou um mandado de busca e apreensão na casa do homem para recuperar a criança.
Morte e investigação
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Djidja foi encontrada morta dentro da própria casa, em Manaus no dia 28 de maio. A principal suspeita é que ela teve uma overdose de cetamina.
De acordo com a Polícia Civil, ela, o irmão e a mãe, que estão presos, já eram investigados há mais de um mês por envolvimento em um grupo religioso que forçava o uso da droga para alcançar uma falsa plenitude espiritual.
Dois dias após a morte, a Polícia Civil do Amazonas deflagrou a Operação Mandrágora, que resultou na prisão de Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, além de Verônica Seixas, Claudiele da Silva e Marlisson Vasconcelos, todos funcionários da família.
De acordo com as autoridades, os presos eram responsáveis por fornecer e utilizar de maneira indiscriminada a droga cetamina, em rituais religiosos.
O grupo responde por tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, por colocar em risco a saúde ou a vida de terceiros, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto induzido sem o consentimento da gestante, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.

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