15 de janeiro de 2025

Índice de desconforto: veja como está a combinação de inflação e desemprego na economia e a percepção do brasileiro

Recentemente, o Brasil chegou em um cenário mais confortável: em 12 anos, é a melhor relação entre a movimentação do mercado de trabalho e a dos preços. Índice de Desconforto do Brasil cai pela metade, em dois anos
Apesar da alta em maio, a inflação acumulada em doze meses se mantém sob controle. E é a soma do comportamento dos preços com a taxa de desemprego que ajuda a medir um índice importante da economia.
Cliente não compra se o sapato e o orçamento estiverem apertados. O auxiliar de monitoramento de segurança David Graciano vai levar.
“O preço está razoável. Está dentro do orçamento, cabe, dá para a gente comprar, tem a opção de parcela, isso facilita a compra. A gente já sente uma melhora já”, diz.
Quando o estagiário Thiago Rodrigues conseguiu um emprego há três meses, os pais tiveram algum descanso das contas.
“Ainda está um pouquinho apertado, mas está dando para dar uma ajuda, sim. Esse dinheiro aqui está dando uma ajuda legal”, conta.
E até sobrou espaço para realizar um antigo desejo:
“Minha primeira aquisição foi meu celular”, lembra Thiago.
Conforto para macroeconomia é a solução de um dilema: como equilibrar o crescimento do emprego e da renda sem gerar descontrole de preços? Existe até métrica para isso: o índice de desconforto – a soma da taxa de desemprego com o índice de inflação.
Na economia, existem variáveis que influenciam outras. O que pode ser um desafio. Quando o desemprego cai, a renda das famílias melhora, elas vão às compras e vem uma pressão para que a inflação suba. Recentemente, o Brasil chegou em um cenário mais confortável: em 12 anos, é a melhor relação entre a movimentação do mercado de trabalho e a dos preços.
Nos últimos dois anos, o índice de desconforto do Brasil caiu pela metade. Agora está em 11%.
“As pessoas não estão precisando lidar com uma inflação muito mais alta e estão com o desemprego menor. Agora, é claro, isso se espera, pelo menos em tempos normais, que isso teria como consequência também um aumento do bem-estar subjetivo”, afirma Daniel Duque, pesquisador de Economia Aplicada da FGV/IBRE.
Pode demorar para a gente sentir.
“O que aconteceu foi que o choque da pandemia gerou um aumento dos preços, principalmente de alimentos, e isso dói muito no bolso. Inflação de alimentos machuca muito. Passou a pandemia, e os preços dos alimentos estão ou em queda ou subindo a uma velocidade menor do o resto da inflação e menor do que os salários. Mas até todo esse fenômeno compensar o choque que houve na pandemia, levará alguns anos. Enquanto isso, as pessoas vão sentir aquilo que os mais velhos chamavam de caristia. É quando algum item muito importante da cesta de consumo como alimentos sobe. O salário não subiu na mesma velocidade e esse item mesmo que ele comece a ter uma inflação bem baixinha, a distância não foi compensada”, explica Samuel Pessoa, pesquisador da FGV/IBRE.
O trabalho e salário de um lado e custo de vida do outro. A relação é boa, mas a esteira da economia não para.
“É um equilíbrio muito frágil, né? A gente melhorou de fato. Isso não quer dizer que a gente pode esperar uma permanência dessa situação positiva e dar isso como um jogo vencido”, diz Daniel Duque.

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