15 de janeiro de 2025

Suspeitas de irregularidades levam governo a anular o leilão de arroz importado

O caso provocou a queda do secretário de Política Agrícola. Ainda não há data para o novo leilão. Suspeitas de irregularidades levam governo a anular o leilão de arroz importado
O governo anulou o leilão para a compra de arroz importado por suspeitas de irregularidades. O caso provocou a queda do secretário de Política Agrícola.
O presidente Lula convocou uma reunião fora da agenda. Na saída, os ministros da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e o presidente da Conab deram uma entrevista. O governo havia decidido anular o leilão do arroz, realizado na quinta-feira (6).
No leilão, a Companhia Nacional de Abastecimento arrematou 263 mil toneladas de arroz importado. O custo: R$ 1,3 bilhão. O objetivo, segundo o governo, era evitar alta dos preços e desabastecimento por causa das inundações no Rio Grande do Sul. O estado responde por quase 70% da produção nacional.
A Confederação Nacional da Agricultura afirma que 84% da área plantada no Rio Grande do Sul já havia sido colhida antes das enchentes. Os representantes dos produtores afirmavam que conseguem escoar a produção porque as estradas foram liberadas.
No mesmo dia do leilão, o Sindiarroz, que representa os produtores e é contra a compra do arroz importado, soltou nota afirmando que “nenhuma das empresas participantes era do ramo de arroz; em sua maioria atuantes em áreas extremamente diferentes, como locação de veículos e máquinas de produção de queijo e importação de frutas”.
No sábado (8), a Conab declarou que pediria informações sobre a capacidade técnica e financeira das vencedoras. Nesta terça-feira (11), o presidente da Conab argumentou que, no atual modelo de leilão, as bolsas de mercadoria são intermediárias da operação.
“A partir da revelação de quem são essas empresas começou os questionamentos se verdadeiramente essas empresas teriam capacidade técnica e financeira para honrar os compromissos de um volume expressivo de dinheiro público. Foi anulado esse leilão. Vamos proceder dessa forma. E vamos revisitar os mecanismos que são estabelecidos para esses leilões”, afirmou Edegar Pretto, presidente da Conab.
A maior vencedora do leilão é uma loja de queijos de Macapá. Ela forneceria mais da metade das 260 mil toneladas de arroz. A empresa tinha capital social de apenas R$ 80 mil e subiu para R$ 5 milhões pouco antes da disputa.
Além dela, participaram uma locadora de máquinas, uma fabricante de sorvete e uma trading. Essas três empresas foram representadas no leilão por Robson Almeida França, ex-assessor parlamentar de Neri Geller. Robson Almeida França também é sócio do filho de Geller em uma empresa de Cuiabá. Ex-deputado federal, Neri Geller era até a manhã desta terça-feira (11) o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Na entrevista em que anunciou a anulação do leilão, o Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou que Neri Geller deixou o governo.
“Ele fez uma ponderação que quando o filho dele estabeleceu a sociedade com esta corretora de Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola. Portanto, não tinha conflito ali. E que essa empresa não está operando, não participou do leilão, mas que de fato gerou transtorno e, por isso, ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, disse.
O governo anulou o leilão; não desistiu de importar arroz. Mas quer mudar o formato, em vez de bolsas de mercadorias, a Conab é que vai assumir a habilitação de empresas para o certame, com apoio de órgãos fiscalizadores. Não há data para o novo leilão.
Robson Luiz Almeida de França declarou que é o único proprietário da Foco Corretora, que atuou como intermediária no leilão.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com Neri Geller e com Marcelo Geller. Também não conseguimos contato com a loja Queijo Minas.

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