O programa Novos Caminhos nasceu no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em 2013. Até agora, mais de 7 mil crianças e adolescentes foram atendidos. Projeto em SC se torna exemplo para jovens que hoje vivem em casas de acolhimento
Até o fim de 2024, todos os estados e o Distrito Federal devem atender a uma resolução do CNJ – Conselho Nacional de Justiça sobre jovens que vivem em casas de acolhimento. O exemplo é de um projeto realizado em Santa Catarina.
Os passos que levam o estoquista Vitor Renato Soares de Souza ao trabalho começaram há dois anos.
“Antes de iniciar no programa, eu não tinha planejamento de carreira, eu não tinha objetivos, eu estava só vivendo, literalmente. Eu não ligava muito para a escola, e quando eu iniciei no programa, foi como uma virada de chave”, conta.
O Vitor mora em uma casa de acolhimento em Florianópolis. Ele acabou de completar 18 anos e, por isso, precisará deixar o abrigo. Mas vai sair com um emprego garantido. Ele já trabalha no setor de peças de uma revenda de carros.
O programa Novos Caminhos nasceu no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em 2013. Até agora, mais de 7 mil crianças e adolescentes foram atendidos. Os resultados positivos fizeram o CNJ – Conselho Nacional de Justiça criar uma resolução que obriga a implantação do projeto em todo o Brasil. Amazonas, Pará e Tocantins já aderiram à iniciativa. Alagoas, Bahia, Pernambuco, Roraima, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão e o Distrito Federal estão em fase de assinatura de contratos.
“O programa trabalha em quatro eixos importantes de atuação, que são a educação básica, profissional e de ensino superior também. A empregabilidade, que envolve a capacitação, vagas de estágio, jovem aprendiz e também de carteira assinada” explica Carolina Ranzolin, juíza auxiliar na Corregedoria Nacional de Justiça.
Estados e DF devem atender a resolução do CNJ sobre jovens que vivem em casas de acolhimento até o fim de 2024
Jornal Nacional/ Reprodução
Os jovens que estão em abrigos têm acesso a atendimento médico, psicológico e odontológico. Empresas filiadas à Federação das Indústrias oferecem vagas de trabalho.
“Dos 1,3 mil jovens empregados, mais de mil empregos foram dados pela indústria catarinense a esses adolescentes”, diz Mário Cesar Aguiar, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina.
O professor Nelson Matheus exibe com orgulho os certificados de cursos que concluiu. Ele foi um dos primeiros a participar do programa, quando tinha 16 anos.
“Quando a gente mora na casa-lar, a gente dificilmente sonha. Eu vi que esse mundo acadêmico e esse mundo técnico eram possíveis. Atualmente, também estou concluindo o meu curso aqui no Instituto Federal de Santa Catarina, que é Sistema de Energia”, conta.
“Eu aproveitei todas as oportunidades que foram propostas para mim para, através delas, eu consegui chegar onde eu estou hoje. E pretendo ir além”, afirma o estoquista Vitor Renato Soares de Souza.