Rodovia ficará sem acesso das 12h às 13h no domingo (16) para que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) instale as estruturas. Obra faz parte de um acordo do Dnit com o povo indígena. BR-364 deve ser interditada por três dias no interior do Acre
No próximo domingo (16), a BR-364 será interditada para a instalação de pórticos na Terra Indígena katukina, que fica a 80 KM de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. A rodovia ficará sem acesso das 12h às 13h para que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) instale as estruturas.
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“É para o pessoal se programar e atrasar um pouco na viagem, isso quem está com o carro particular. Não vai atrapalhar a questão dos ônibus, a gente se preocupou com isso”, explicou a engenheira do Dnit, Karla Alves.
A previsão é de que sejam colocados dois portais que identificam a chegada ao Povo Indígena Noke Koi nas duas entradas da comunidade.
Na altura do Igarapé Campinas
Na altura do Igarapé Vai e Vem.
A instalação faz parte de um acordo do Dnit com o povo indígena. À época da discussão do projeto para instalação do linhão no Vale do Juruá, o Dnti se comprometeu em fazer a sinalização na rodovia no perímetro em que fica na terra indígena. Veja detalhes abaixo.
As linhas de construção tem uma extensão de aproximadamente 685 km. Uma delas, de 385 km, tem início em Rio Branco com término até Feijó. A outra, com 300 km, vai de Feijó até Cruzeiro do Sul, no interior do estado.
Pórticos terão sinalização no idioma Noke Koi e também em português
Reprodução/Rede Amazônica
Parte das estruturas já foi instalada. No domingo, a empresa responsável pelo serviço vai terminar de colocar a parte horizontal dos portais. A Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC) vai acompanhar a ação.
“Houve um documento feito para instalação deste linhão, que vários órgãos entraram com algumas funções. O Dnit entrou nesse arcabouço com a sinalização, tanto horizontal como vertical, do trecho. Então, toda essa parte já foi instalada, tem placas novas de comunidades indígenas que não tinham e agora a gente identificou. Para finalizar, vai ser colocado esse pórtico”, ressaltou.
Os portais foram construídos com as descrições da terra indígena no idioma Noke Koi e também em português.
Parte das estruturas já estão instaladas e Dnit vai concluir serviço no domingo (16)
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Linhão
Por atravessar terras indígenas, um Termo de Cooperação Técnica foi assinado para ofertar aos Noke Koi cursos, apoio para realização de festival indígena, acesso a eventos de artesanato de nível nacional, entrega de carteira de artesão, dentre outras parcerias que, no total, devem somar R$ 27 milhões. Isto foi feito para reduzir os danos ambientais causados pela construção do linhão.
A obra foi dividida em duas etapas:
Construção de uma subestação em Feijó, interligando a cidade até Rio Branco.
Na segunda fase, serão interligados os municípios de Feijó a Cruzeiro do Sul.
O debate sobre a construção iniciou em 2014 com previsão de término em 2017, desde que fosse concluído o Licenciamento Ambiental.
Em 2015, o Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC) recomendou aos institutos ambientais que o processo de licenciamento do Linhão do Juruá fosse interrompido. Segundo o órgão, foi detectado que o linhão passaria sobre a Terra Indígena Campinas/Katukina e a Reserva Extrativista do Riozinho da Liberdade.
Por este motivo, o MPF-AC recomendou que todo o procedimento de licenciamento da obra seja realizado pelo Instituto de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), com participações da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).
Povo Noke Koi
O povo Noke Koi, é uma comunidade indígena originária do Acre. Atualmente, segundo a Comissão Pró-Indígenas do Acre e Funai, é composta de 895 membros com sete aldeias divididas em duas áreas. A Terra Indígena Campinas/Katukina, em Cruzeiro do Sul e a Terra Indígena Rio Gregório em Tarauacá.
As terras em que eles vivem foram demarcadas em 1984 e receberam homologação por parte do Governo Federal em 1993. No local, eles trabalham com sistemas agroflorestais e manejo, mas a principal fonte de renda é a venda de artesanato e produção de milho, arroz e farinha.
Até alguns anos atrás eram conhecidos como ‘Katukina’. Entretanto, a denominação que significa ‘clã da onça pintada’, deixou de ser usada por eles, já que foi um nome dado pelos colonizadores brancos que chegaram à região amazônica no final do século 19. Noke Koi, significa ‘povo verdadeiro’ e seria uma denominação utilizada por eles nos séculos que antecederam o contato com os colonizadores.
De acordo com a CPI, 97% da população fala a língua originária, um ramo da família linguística pano, e apenas 3% deles falam apenas português.
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