17 de janeiro de 2025

Lilia Schwarcz toma posse da cadeira de número 9 da ABL

Em quase 127 anos de existência, a Academia Brasileira de Letras só tornou imortais 11 mulheres. A composição atual é de 35 homens e 5 mulheres. Lilia Schwarcz toma posse como imortal da ABL
A historiadora Lilia Schwarcz tomou posse na sexta-feira (14) da cadeira de número 9 da Academia Brasileira de Letras.
Os acadêmicos vestem o fardão com as cores do Brasil. A Academia tem cada vez mais as cores, os gêneros, as etnias e a diversidade que compõem o povo brasileiro. Na sexta-feira (14), a ABL pagou uma parte da imensa dívida que tem com as mulheres, com a chegada da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz. Mais do que uma posse, a cerimônia é um gesto de reparação histórica. Em quase 127 anos de existência, a Academia só tornou imortais 11 mulheres.
“Nós somos maioria nesse país, mas somos uma maioria minorizada na representação. E representação não é só poder. Representação é verdade, é conhecimento. Então, acho que o papel das mulheres é fundamental para destacar que nós queremos mesmo é igualdade. Igualdade com diferença”, afirmou Lilia Schwarcz.
A composição atual é de 35 homens e cinco mulheres, um reflexo dos 80 anos que essa instituição demorou para aceitar a primeira escritora.
“A gente sempre esteve preocupado com essa questão e, agora, a gente vai tentar aumentar isso gradativamente. Temos que buscar a maior representação feminina e nós vamos”, disse Merval Pereira, presidente da ABL.
Lilia Schwarcz é professora da USP e também dá aulas na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Tem mais de 30 livros publicados, que contam a história do Brasil, ressaltando a desigualdade que nos marca através dos séculos.
Uma de suas principais obras é “Lima Barreto – Triste Visionário”. É a biografia do escritor negro nunca aceito pela Academia e que foi homenageado pela nova imortal durante o discurso de posse.
“Lembro de mais um mentor: Lima Barreto, o escritor negro do subúrbio de Todos os Santos, que tentou três vezes adentrar na ABL e depois desistiu. Por outro lado, dois de seus biógrafos, Francisco de Assis Barbosa (autor de um livro fenomenal sobre o autor de ‘Policarpo Quaresma’ e responsável pela retomada da obra de Lima) e eu mesma, aqui estamos. Penso que não será coincidência, tampouco, sermos brancos!”, disse Lilia em seu discurso de posse.
Lilia Schwarcz ressaltou, ainda, a importância da diversidade e da convivência de ideias.
“Essa casa é uma casa com uma assinatura de sobrevivência histórica. Receber a Lilia aqui é chegarmos ao contemporâneo. É isso”, afirmou Fernanda Montenegro, atriz e imortal da ABL.

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