As obras ocupam diversas salas do Museu do Estado de Pernambuco. O artista paraibano, que celebra 80 anos, é considerado um dos mais criativos do Brasil. Exposição no Recife celebra os 80 anos do artista plástico João Câmara
No Recife, o artista plástico João Câmara, considerado um dos mais criativos do Brasil, surpreende o público em uma exposição com desenhos digitais.
O João Câmara é consagrado pelas telas grandes e pinceladas firmes. Mas o que o artista paraibano, que celebra 80 anos, convidou o público para ver, desta vez, foram as 85 obras que fez com uma técnica completamente diferente. Elas ocupam diversas salas do Museu do Estado de Pernambuco – quadros inéditos.
São quadros que João Câmara começou a fazer 12 anos atrás, quando passou a se sentir seduzido pelos recursos que o computador pode proporcionar. Uma vez encantado com esses recursos, João Câmara foi produzindo mais e mais, aliado à pintura digital.
Radicado em Olinda desde os 10 anos, João Câmara acumulou experiência e o reconhecimento em 64 anos de vida artística. Pintou um mundo super colorido, repleto de movimento, de falta de lógica e de personagens que se juntam em uma certa desarmonia bem resolvida. São mais de 530 figuras.
“É a necessidade de gerar coisas, de gerar personagens. Estou chegando a um término, a um fecho de um ciclo muito grande. São 80 anos, não é brincadeira. Então, a ocorrência, a eclosão de tantos personagens, de tantas figuras, é uma espécie de vivificação. Uma necessidade de demonstrar-se vivo”, diz o artista plástico e escritor João Câmara.
João Câmara pinta a partir de livros que lê, de histórias que aconteceram pelo mundo afora, conjuga o antigo com o contemporâneo.
“Da pintura tradicional, pictórica, ele consegue atualizar utilizando meios digitais, transmitir tantas informações através das suas telas”, diz o aposentado Gláucio Pessoa.
As mulheres se destacam em praticamente todas as telas. Às vezes, se divertindo, às vezes sendo oprimidas, até; observadas e desejadas.
A exposição exibe o resultado exuberante da intimidade que se estabeleceu entre João Câmara e o digital. O computador que é aliado e, ao mesmo tempo, desafia.
“Brigamos o tempo todo. Ele é muito veloz e eu sou reflexivo. Ele quer resultados imediatos e eu quero que ele demore nas questões”, conta João Câmara.
Para o público, o que aparece é puro deleite.
“Ele está atualizadérrimo no que ele está fazendo. Então, assim, sem deixar de perder suas próprias características, que é uma pintura primorosa e um desenho assim incrível”, afirma a diretora de arte Séphora Silva.
“Eu estou muito feliz e muito grata de ver ele produzindo nesse nível de beleza. É espetacular”, diz a produtora cultural Ava Correa.
Plural, João Cândido está lançando “A Caminho de Querétaro”, o quarto livro.
“A pintura figurativa é narrativa, ela induz histórias, conta histórias, de certa maneira, várias histórias ao mesmo tempo embutidas em uma figuração só, mas são silenciosas. Mas a literatura, o escrito é um paralelo a voz, ela fala”, afirma João Câmara.