18 de janeiro de 2025

Homem acusado de espancar professora que precisou fingir estar morta para sobreviver é preso em São José, SP

O crime aconteceu em setembro de 2022. Na data, o homem era casado com Magda Faria e a espancou brutalmente, até que a vítima precisou fingir estar morta para conseguir sobreviver. Thiago Martins Faria foi preso no Campo dos Alemães, em São José dos Campos (SP)
Reprodução
A Polícia Militar prendeu, na última sexta-feira (14), em São José dos Campos (SP), o homem acusado de agredir a professora Magda Faria, em setembro de 2022. Na época, Magda era companheira dele e precisou fingir estar morta para que ele parasse de agredi-la.
De acordo com o boletim de ocorrência ao qual o g1 teve acesso, Thiago Martins Faria estava em um carro que foi parado durante uma fiscalização de trânsito no Campo dos Alemães, na Zona Sul de São José.
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No boletim de ocorrência, os policiais contam que o carro foi parado e que foi constatado que o condutor do veículo não era habilitado. Thiago, que estava no banco do passageiro, também teve os dados consultados e a Polícia identificou que ele estava sendo procurado pela Justiça.
Thiago havia sido condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em agosto de 2017 por tráfico de drogas em janeiro daquele ano. Quatro anos depois, em agosto de 2021, ele conseguiu progredir para o regime aberto e foi solto.
Um ano depois, porém, em setembro de 2022, Thiago foi acusado por Magda, que era sua companheira à época, de agredi-la. O caso aconteceu em Jacareí e, na ocasião, a Justiça concedeu a ela uma medida protetiva.
Professora de Jacareí finge estar morta depois de ser agredida pelo marido
A ação de Thiago foi considerada ‘falta grave’ pela Justiça, que determinou que ele voltasse a cumprir a pena em regime semiaberto. Desde então, foi emitido um mandado de prisão a Thiago, que estava foragido.
O g1 tenta contato com a defesa de Thiago Martins Faria, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno. A matéria será atualizada assim que a defesa se posicionar.
Caso na Justiça
Enquanto cumpre pena pelo crime cometido em janeiro de 2017, Thiago aguarda ainda para ir a júri popular pela agressão cometida contra Magda. Em setembro do ano passado, houve a determinação do Tribunal de Justiça.
Na decisão, a juíza destacou que o crime ocorreu por questões de gênero, se classificando como tentativa de feminicidio; relembrou que as agressões foram realizadas na frente do filho da vítima e ponderou que a mulher só sobreviveu por circunstâncias que fugiram do controle do agressor, já que a professora conseguiu pedir ajuda a vizinhos.
Ainda na decisão, a juíza apontou que “há indícios suficientes de autoria para determinar o julgamento do réu pelo Tribunal do Júri, órgão constitucionalmente competente para apreciação da questão”.
Dessa forma, Thiago Martins Faria vai responder por tentativa de feminicídio, que é quando a violência praticada contra a mulher tem motivação por razões da condição de gênero.
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No documento, além de determinar a realização do júri, a juíza renovou o pedido de prisão do homem, negando que o réu possa estar em liberdade até o julgamento. O júri popular ainda não tem data para ser realizado.
Imagens Fortes
Reprodução
‘Só sobrevivi porque fingi estar morta’, diz professora que foi espancada pelo marido em Jacareí.
Arquivo pessoal
O caso
Magda foi espancada no dia 4 de setembro de 2022, na própria casa em Jacareí e na frente do filho, que na época tinha de sete anos. Ela conta que era casada há 10 anos, quando o homem acordou desnorteado e a agrediu.
Ainda segundo a vítima, ela pediu diversas vezes para ele parar com os golpes e tentou fugir dele, mas não conseguiu. “Eu tentei tirar ele de cima de mim, mas não conseguia. Ele me jogou no chão e me espancou, esmurrando meu rosto e minha cabeça sem parar. O tempo todo ele falava que iria me matar e não parava com as agressões”, narrou na época ao g1.
Sem conseguir se defender e temendo não sobreviver, a mulher decidiu fingir que estava morta, para ver se o homem parava com os ataques.
“Eu prendi a respiração e fiquei sem me mexer, só recebendo os socos. Ele achou que eu tivesse morrido, então parou com as agressões e foi para o quarto voltar a dormir. Quando percebi que ele realmente estava dormindo, com muito esforço consegui me levantar do chão e pedir ajuda para os vizinhos”, disse.
‘Não foi lesão corporal, foi tentativa de feminicídio’, diz professora espancada pelo marido em Jacareí.
Reprodução/TV Globo
Sequelas e busca por justiça
Magda ficou com várias sequelas físicas e emocionais após a violência, perdeu a sensibilidade do lado direito do rosto, as lesões incharam o rosto dela a ponto de não conseguir abrir os olhos e passado mais de um ano das agressões, ela ainda sofre com dores pelo corpo.
O caso foi registrado pela Polícia Civil e uma medida protetiva foi expedida, que proíbe o homem de ficar a menos de 100 metros de Magda. Com o homem foragido, a professora não se sentia segura e temia novas agressões, por isso viveu por meses uma vida discreta, escondida e sendo monitorada por agentes de segurança.
O caso foi revelado pelo g1 em setembro de 2022 e ganhou repercussão nacional após a vítima denunciar o crime, pedir por justiça e mostrar as sequelas físicas severas que teve após as agressões.
Além de dores de cabeça, Magda conta que ainda não consegue enxergar muito com o olho direito e perdeu a sensibilidade no rosto.
Enquanto o homem ainda estava foragido, Magda contou que se sentia insegura com ele nas ruas e que acreditava que só conseguiria recomeçar quando ele fosse preso. Aos poucos, no entanto, ela tentava retomar uma vida normal.
“A minha vida de antes não consigo retomar. Ainda tenho bastante medo, mas minha luta é para que a justiça seja feita. A gente sente medo, mas não pode se calar. Estou esperançosa que seja feita a justiça, que ele pague pelo que fez, que seja condenado e capturado pela polícia. Só assim eu e meu filho vamos voltar a viver”, afirmou.
Sobrevivente de violência brutal, professora Magda Faria foi homenageada pela coragem de denunciar o agressor.
Arquivo pessoal
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