19 de janeiro de 2025

Pessoas negras tem 23,7 vezes mais chance de serem assassinadas em Alagoas, aponta Atlas da Violência

Maceió é a quarta capital do Brasil com maior índice de morte de negros (57,5%). Estudo aponta que as mulheres negras também têm maior chance de serem vítima de violência no estado. Pessoas negras são as que mais morrem em Alagoas
Luis Robayo/AFP
A chance de uma pessoa negra ser assassinada em Alagoas é 23,7 vezes maior àquela de uma pessoa não negra, aponta o Atlas da Violência, divulgado nesta terça-feira (18).
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O estudo do Fórum Brasileiro e do Ipea apontou que Maceió é a quarta capital do Brasil com a maior taxa (57,5) de homicídios de pessoas negras para cada 100 mil habitantes. Em 2022, em Alagoas, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros no estado atingiu 45,1.
O Atlas revela que as regiões Norte e Nordeste aparecem como as mais violentas do país. No outro extremo, de capitais menos violentas, aparecem Florianópolis, com taxa de 8,9 por 100 mil habitantes, Brasília, com 13, e Cuiabá, com 15,2.
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Para a coordenadora do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô e também integrante da Comissão Nacional dos Jornalistas pela Igualdade Racial, Valdice Gomes, o racismo é um dos problemas sociais mais graves no Brasil e depende de políticas públicas direcionadas.
“Pra nós da militância negra esses dados não são surpresa. As estatísticas estão aí provando que a população negra é a mais vulnerabilzada e a mulher negra principalmente. Não existe políticas públicas voltadas na área da educação, na segurança pública, na saúde e nem na geração de emprego”, disse.
Em Alagoas, os negros têm 23 vezes mais chance de morrer
Atlas da Violência
Mulheres negras morrem mais
O Atlas da Violência também analisou o comportamento das taxas de homicídio de mulheres segundo raça/cor. O estudo apontou que no Brasil, em 2022, a chance de uma mulher negra ser assassinada era 1,7 vezes maior do que a de uma mulher não negra (branca, amarela ou indígena).
No entanto, em algumas estados esses dados são ainda mais críticos. Em Alagoas, por exemplo, a chance de uma mulher negra ser vítima de homicídio é 7,1 vezes maior do que a de uma mulher não negra. Esses dados estão acima da média nacional, que é de 1,7 vezes.
O estudo indica que mulheres negras são tradicionalmente mais expostas a fatores geradores de violência, em comparação com mulheres não negras.
“A mulher sofre por ser mulher, a negra sofre por ser mulher e por ser negra. Ela sofre pela questão de classe, por estar em uma pirâmide socioeconômica onde ela é quem está na base dessa pirâmide, é ela quem menos tem renda”, afirmou Valdice.
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