Oziel Branques dos Santos foi morto a facadas por dois suspeitos, um homem de 41 anos, que foi preso, e um adolescente de 17, que foi apreendido. Oziel Branques dos Santos foi assassinado a facadas após defender casal vítima de homofobia
Reprodução/Grupo Dignidade
Matheus dos Santos lamentou a morte do filho Oziel Branques dos Santos, assassinado no domingo (16) dentro de um ônibus biarticulado de Curitiba ao defender um casal de ataques homofóbicos.
Um dos suspeitos do crime matou outra pessoa no mesmo dia do assassinato de Oziel, segundo a investigação. Leia mais abaixo.
“Para gente é um pesadelo. É um pedaço da gente”, disse o pai.
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A vítima foi velada e sepultada na terça-feira (18). Ele deixou uma filha adolescente.
Oziel tinha sete irmãos. Um deles, Everton dos Santos, contou que o irmão sempre foi dedicados e buscava ajudar as pessoas.
“É uma dor grande. Não tem palavras para dizer, nem o que expressar. Ele sempre foi um piá de ajudar o próximo, de batalhar pelo próximo. Vai ser difícil chegar em casa”, lamenta.
Os familiares relatam também que o homem era conhecido por levar uma vida tranquila e ser trabalhador.
No dia do assassinato, Oziel voltava para casa depois de passar um dia fora, visitando um amigo. Segundo o pai, antes de ir para a visita, o filho se despediu e prometeu que voltaria.
Jovem lamenta morte de homem que defendeu ela e namorado de homofobia em Curitiba
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Crime foi cometido por homem e adolescente
Segundo as investigações, Oziel foi assassinado por Vagner do Prado, de 41 anos, e o sobrinho dele, um adolescente de 17 anos. Após matarem Oziel a facadas, eles fugiram, mas foram localizados em seguida. Vagner foi preso e o sobrinho, apreendido.
As investigações apontam que no domingo (16), mesmo dia em que matou Oziel, o suspeito matou um rapaz no Centro da capital paranaense.
Vagner do Prado também é suspeito de esfaquear, dez dias antes, a própria companheira, que morreu. Vagner passou por audiência de custódia e ficou em silêncio. A prisão em flagrante dele foi convertida em preventiva e, desta forma, ficará preso por tempo indeterminado.
O g1 não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos.
Vítimas de ataque homofóbico presenciaram o assassinato
Jovem relembra assassinato de homem esfaqueado dentro de ônibus em Curitiba após defender casal vítima de homofobia
RPC
A jovem que estava com o namorado quando foram vítimas de homofobia dentro de um ônibus de Curitiba lamentou a morte de Oziel Branques dos Santos. Ela presenciou o crime.
“Infelizmente ele perdeu a vida tentando nos salvar. Estou em estado de choque. Minha mente não está conseguindo parar para refletir. Eu queria dormir hoje e acordar sabendo que tudo isso foi um sonho. Me deixou muito mal saber que alguém perdeu a vida tentando salvar a mim e ao meu namorado”, desabafa.
A jovem não conhecia a vítima. De acordo com ela, na confusão, Oziel foi segurado por um dos suspeitos para o outro, então, esfaqueá-lo.
“O mais velho segurou ele pelos braços e o mais novo ficava dando as facadas. A única reação que eu tive no momento foi correr, pedir ajuda. Olhei para trás e vi o cara sendo esfaqueado”, relembra.
A jovem contou que antes do assassinato, os agressores estavam agredindo verbalmente o casal, com importunações e ameaças de morte.
“Eles começaram a fazer insultos, o tio começou a fazer ameaças enquanto o mais novo ficava rindo. O mais novo sentou na janela e colocou a mão na mochila ameaçando pegar uma faca para gente. Ele dizia que qualquer coisa que a gente fizesse, eles iam matar a gente”.
“As agressões verbais eram bastante intensas.”
Ela afirma também que os dois tentaram despir o namorado dela “para ver se ele era homem de verdade”.
Em nota, o Grupo Dignidade, coletivo de Curitiba que defende os direitos da população LGBTQIAP+, lamentou a morte de Oziel, se solidarizou com familiares e avaliou o ato do homem como heróico.
“Sua empatia não será esquecida e deve servir como um poderoso lembrete da necessidade de combatermos o ódio e a violência. Lamentamos que uma atitude tão nobre tenha encontrado um fim tão trágico”, disse o grupo, em nota.”
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