Maior parte do material se encontra em unidade desativada desde a década de 1990 em Caldas (MG). INB coloca à venda mais de 15 mil toneladas de “torta 2”
A INB colocou à venda mais de 15 mil toneladas do material radioativo chamado Torta 2, que há décadas está armazenado em três unidades da empresa, entre elas a de Caldas (MG), onde se encontra a maioria deste material.
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Essa não é a primeira vez que a empresa tenta fazer essa venda. Onze anos atrás, em 2013, a INB tentou vender esse material chamado Torta 2, chegou a fazer um contrato com uma empresa chinesa, mas depois essa empresa não obteve as licenças ambientais para receber esse material lá na China e o negócio não prosperou.
Agora, a INB publicou um novo edital de oferta pública para vender mais de 15,4 mil toneladas desse material radioativo que estão armazenadas em três unidades das indústrias nucleares do Brasil: em São Paulo, em Itú e também em Caldas.
INB coloca à venda mais de 15 mil toneladas de ‘Torta 2’ armazenadas em unidade desativada em MG
Reprodução EPTV
Para se ter uma ideia, em São Paulo, estão 590 toneladas, é a menor quantidade. Em Botuxim, no município de Itú (SP), estão armazenadas 3,5 mil toneladas e a grande maioria, mais de 11,3 mil toneladas, estão em Caldas.
Torta 2
A Torta II é um resíduo proveniente do tratamento químico realizado em São Paulo de um minério chamado monazita que é encontrado nas areias mais escuras do litoral brasileiro, principalmente São Paulo, Espírito Santo e na Bahia e que há décadas está armazenado na INB.
Esse tratamento foi feito entre as décadas de 1950 e 1990 e foi gerando esse material chamado Torta 2, que é um material radioativo e que há décadas, portanto, está armazenado sob a responsabilidade da INB.
Recentemente, a INB fez o chamado reentamboramento, ou seja, ela pegou aqueles tambores mais antigos e alguns já mais deteriorados e colocou dentro de novos tambores para garantir a segurança na estocagem dessa Torta 2.
“A Torta 2 é um resíduo que é gerado no processamento químico da monazita. Esse processamento foi realizado na usina de Santa Mar, em São Paulo e ele teve como principal objetivo a geração de componentes de terras raras. As terras raras têm diversas aplicações tecnológicas, inclusive em veículos híbridos, eles podem ser também utilizados para a fabricação de imas, que são utilizados em equipamentos de diagnóstico médico, entre outras diversas aplicações tecnológicas”, explicou a gerente de descomissionamento da unidade da INB em Caldas, Letícia Oliveira Alves.
INB coloca à venda mais de 15 mil toneladas de ‘Torta 2’ armazenadas em unidade desativada em MG
Reprodução EPTV
Ainda segundo a gerente de descomissionamento, a Torta 2, além de possuir uma porcentagem de terras raras, também possui uma pequena porcentagem de urânio e a grande maioria dela é composta por tório. A ideia neste momento é a de identificar possíveis compradores do material.
“A INB nesse momento está fazendo uma oferta pública para identificar possíveis interessados na comercialização desse material. Então, já foi publicado o edital, as empresas têm 90 dias para apresentarem a sua proposta e o vencedor vai ser aquele que ofertar o maior valor”, completou a Letícia Oliveira.
Empresas que atuam nesses três setores, principalmente de terras raras, mas também de urânio e tório, devem demonstrar interesse na compra desse material. Países como China, Japão inclusive, que vem trabalhando com reatores a tório, podem demonstrar interesse.
Se essa venda for bem sucedida, será mais um passo fundamental no processo de descomissionamento da unidade ade Caldas, que de uma forma bem mais resumida, engloba todas as ações que a empresa vem executando desde o fim da vida útil, desde quando parou de fazer realmente a extração no município, para que possa liberar a área para outras utilizações.
As empresas interessadas têm 90 dias, ou seja, até o dia 11 de setembro, para protocolar na sede da empresa no Rio de Janeiro as propostas e leva essa Torta 2.
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