27 de dezembro de 2024

Estudante com epilepsia usa cão de serviço para alertar colegas e professores em momentos de crise

Além de alertar pessoas próximas sobre momentos de crise, cadela tem auxiliado na socialização do adolescente dentro do ambiente escolar na rede municipal de Campinas. Nycolas Leite tem um cão de assistência para outras pessoas quando ele tiver uma convulção
Carlos Bassan
Pela primeira vez, um aluno da rede municipal de ensino de Campinas (SP) usa um cão de serviço nas dependências do colégio. É que Lady, uma cadela da raça labrador, auxilia Nycolas Lopes Leite, jovem de 16 anos que convive com crises de epilepsia há três anos.
A cachorra tem a missão de “avisar” alunos, professores e funcionários quando o adolescente estiver convulsionando.
Como funciona o alerta?
De modo geral, a cadela é treinada para identificar uma convulsão do seu dono, e avisar quem estiver ao redor com latidos insistentes que chamem a atenção, para que Nycolas seja socorrido com agilidade.
Isso é especialmente importante para quando o adolescente estiver sozinho ou afastado de outras pessoas.
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Para realizar a função, Lady passoa diariamente por um treinamento com o estudante. Os instrutores estão trabalhando para que ela passe a agir diretamente no atendimento de Nycolas, como conseguir virá-lo, caso ele fique de bruços, e pegar os remédios.
‘Sensação de que ia perder meu filho’
Andreza Lopes Leite, mãe do Nycolas, explica que desde a chegada do cão de serviço na família, todos se sentem mais seguros, sabendo que a Lady estará com Nycolas para auxiliá-lo quando estiver fora de casa.
O adolescente teve a primeira crise de epilepsia há três anos, em 2021, após o falecimento do avô, mas foi em 2024 que as convulsões passaram a se tornar frequentes, deixando de ser a cada três meses, e passando a ser a cada duas semanas.
“Foi terrível. Uma sensação de que eu ia perder meu filho, de que ele não iria mais voltar”, conta a mãe.
Com o agravamento da saúde, a família passou a buscar alternativas para garantir a segurança e a qualidade de vida do jovem. Por meio das redes sociais, Andreza conheceu os cães de serviço que auxiliam pessoas o mesmo diagnóstico do filho.
“Coloquei na cabeça que precisávamos do cachorro. Quando se tem filhos, você faz tudo por eles”, conta Andreza.
Quando ligou para o adestrador, descobriu o desafio: um cachorro de serviço pronto custava R$ 400 mil, quantia inviável para a família.
Sem desistir, Andreza continuou sua pesquisa e conheceu a estudante de terapia ocupacional da PUC- Campinas, Giordanna Martins Bononi, que é autista e treinou seu próprio cão de serviço (o Apolo). Ela aconselhou a pegar um filhote e treiná-lo. E assim foi feito.
Família do Nycolas adotou um filhote de labrador para treina-lo como cão de assistência do filho
Carlos Bassan
Ao g1, Giordanna detalhou como foi o treinamento do labrador Apolo, e como ele a auxilia a antecipar crises em todos os lugares — inclusive em aulas da universidade e até em festas.
Universitária autista treina o próprio cão de assistência para evitar crises dentro e fora da aula: ‘Me ajuda a ser mais sociável’
Uma nova aluna
Nycolas cursa o 9º ano do Ensino Fundamental II na EMEF Joao Alves dos Santos, e desde o início das convulsões, todos os funcionários e colegas de classe conhecem a sua condição e sabem o que deve ser feito caso ele convulsione.
A chegada de Lady movimentou a escola, e causou estranhamento e curiosidade, já que a maioria dos alunos e funcionários não sabia que um cachorro poderia ajudar nesses casos.
Além do suporte emergencial, a cachorra auxiliar o tutor na socialização dentro do ambiente escolar, e é um alicerce na socialização do garoto.
Lilian Carvalho Lima, a diretora do colégio, percebe a evolução no comportamento do estudante.
“A chegada da Lady tem sido uma experiência incrível. O Nycolas tem se apresentando como um menino mais alegre e seguro com a presença dela. As crianças adoram a cachorra, que já está bem adaptada à rotina escolar”, explica.
Por enquanto, Lady está aprendendo toda a rotina de Nycolas no colégio, e o segue para todos os lugares.
O adolescente é o único responsável da cachorra no ambiente escolar, cuidando dela da mesma forma que ela o protege.
Lady acompanhando Nycolas na sala de aula.
Carlos Bassan
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