26 de dezembro de 2024

França vai às urnas para o primeiro turno das eleições legislativas; pesquisas projetam guinada para a extrema-direita

Pesquisas projetam uma guinada do país para a extrema-direita. Votação é a mais importante em décadas; não só para o país, mas para toda a Europa. França faz eleição domingo e pode ter guinada à extrema direita
Os franceses vão às urnas neste domingo (30), no primeiro turno das eleições legislativas. Pesquisas projetam uma guinada para a extrema-direita na segunda maior economia da União Europeia.
Em frente ao principal cartão postal da França, ativistas protestaram contra o Reunião Nacional, partido de extrema-direita que aparece em primeiro nas pesquisas de intenção de voto para as eleições parlamentares deste domingo (30). Um partido que já defendeu a deportação em massa de milhões de estrangeiros e que negava a história do Holocausto.
O fundador Jean-Marie Le Pen foi condenado por discurso de ódio racista e contra judeus. A filha dele, Marine, afastou o pai e tenta, há anos, ajustar a imagem do partido para convencer os eleitores e a direita moderada de que não é radical, mas ela mesma tem um histórico de discriminação e de polêmicas.
Já comparou as orações públicas de muçulmanos à ocupação nazista e, em 2017, disse que representava as mesmas políticas de Vladimir Putin e Donald Trump.
França vai às urnas para o primeiro turno das eleições legislativas neste domingo (30).
Reprodução/JN
Marine Le Pen deu ainda uma nova cara ao partido com Jordan Bardella, de 28 anos, que assumiu a presidência do Reunião Nacional em 2022. Ele também defende políticas anti-imigração e faz críticas à União Europeia, mas a retórica menos inflamada vem rendendo votos de eleitores insatisfeitos com os partidos tradicionais.
Três semanas atrás, o presidente Emmanuel Macron decidiu antecipar as eleições legislativas, depois que o partido dele teve menos da metade dos votos que o partido de Le Pen na votação para o Parlamento Europeu. Foi manobra política para tentar ampliar a base no Parlamento francês, mas que dá sinais de ter sido um tiro no pé.
Na Assembleia Nacional, a coalizão de Macron, de centro, tinha 250 assentos. A extrema-direita tinha 88. Agora, o grupo de Macron deve despencar para entre 70 e 100 cadeiras, segundo as pesquisas. Já a extrema-direita pode ficar entre 225 e 265 lugares. Para obter uma maioria absoluta, um partido precisa de 289 dos 577 assentos.
Outra força que deve crescer é a esquerda, que se uniu e pode chegar até os 200 parlamentares.
Projeção de assentos na Assembleia Nacional francesa após as eleições francesas, segundo pesquisas.
Reprodução/JN
As eleições legislativas antecipadas na França são as mais importantes em décadas, não só para o país, mas para toda a Europa, e com consequências para ainda além. O mundo está de olho e vai seguir assim até o segundo turno, no dia 7 de julho.
Se as pesquisas se confirmarem, a França poderá ver um fenômeno raro, mas não inédito: a chamada “coabitação”. É quando o Parlamento, dominado pela oposição, escolhe um primeiro-ministro de um grupo distinto do grupo do presidente. A última vez que isso aconteceu foi há 22 anos.
Em um cenário como esse, quem toma as principais decisões sobre a política interna é o primeiro-ministro. O presidente fica responsável por decisões de política externa e do setor de Defesa.
O analista político Emmanuel Riviere alerta ainda para o perigo de um impasse no Parlamento:
“Como cada lado demoniza o outro, existe a possibilidade de a França não ter qualquer tipo de maioria possível depois segundo turno, no dia 7 de julho, abrindo uma situação totalmente desconhecida”, disse Riviere.

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