O JN pegou uma carona na aeronave usada pelo Corpo de Bombeiros para acompanhar uma dessas missões. Trabalho de combate ao fogo no Pantanal também é feito pelo ar
Simultaneamente ao trabalho exaustivo por terra, o combate ao fogo no Pantanal tem outros aliados estratégicos: os bombeiros que atuam pelo ar.
Cortando o céu esfumaçado, aviões diferentes viraram uma presença constante em Corumbá. Eles precisam aterrissar a todo momento para reabastecer, mas não com combustível.
“Ela se chama tanque autoportante. É uma piscina, um reservatório para água flexível. Ele tem capacidade para 20 mil litros d’água. Todo dia é o entra e sai de caminhão aqui para poder abastecer essa piscina”, explica o tenente-coronel Kleber Arantes, do Corpo de Bombeiros de MS.
É para carregar 3 mil litros de água que o avião tem uma barriga enorme.
“Aqui embaixo, onde fica essa bolha aqui, essa espécie de bolha, é onde é a comporta que se abre para a água sair. Ele programa o quanto ele vai querer lançar e, quando ele dá o start ali no manche dele, sai somente aquela quantidade que foi programada no computador”, detalha Kleber.
E avaliar o tamanho do fogo para liberar a quantidade de água certa é essencial.
Tenente-coronel Kleber Arantes: Se ele abrir toda a comporta, ele corre o risco até de espalhar esse fogo para outro local.
Tiago Eltz, repórter: Por que é uma bomba de água, né?
Kleber Arantes: É uma bomba de água. São 3 toneladas de água caindo no solo.
Avião usado pelo Corpo de Bombeiros liberando água para apagar o fogo no Pantanal
JN
Uma ferramenta indispensável para o combate que está sendo feito, mas é um avião com muitas particularidades, muito diferente de voar. O JN pegou uma carona na aeronave para acompanhar uma dessas missões e tentar mostrar como é que funciona esse combate aéreo do fogo.
A aeronave tem apenas dois lugares. O repórter Tiago Eltz foi no do copiloto, sem encostar a mão em nada. É quase um avião de combate. O motor, inclusive, é do Super Tucano, caça utilizado pela Força Aérea Brasileira.
Não é preciso voar muito para encontrar os focos de fumaça, e logo as chamas. Uma linha gigantesca de fogo avançando sobre o Pantanal.
O capitão do Corpo de Bombeiros Vinícius Frotté identifica e contorna as chamas, posiciona o avião e mergulha para abrir a comporta sobre o alvo. Quando o avião libera uma ou duas toneladas de peso de uma vez, o empuxo para cima é forte – um susto para quem não está preparado.
A água restante dá pra mais uma vez, antes de ter que voltar para reabastecer.
“Aqui na região do Pantanal, ele é um fogo muito alto. O papel primordial da aeronave é fazer o lançamento da água para que esse fogo diminua a sua intensidade, certo? E o bombeiro consiga chegar próximo a ele para poder fazer a extinção do incêndio”, conta o capitão.
Os bombeiros fazem até 15 saídas por dia. Com focos mais próximos, chegam a fazer um lançamento a cada 5 minutos, mas as queimadas vão ficando mais distantes, a operação mais demorada, o combate menos eficiente.
“Nós não podemos desanimar então. É muito desafiador o fogo, a gente mais perde às vezes do que ganha, mas quando a gente ganha, a sensação é fantástica. Então, esse é o trabalho, né? É continuar. A gente não pode parar”, afirma Vinícius.