Segundo os especialistas, o inverno tardio e o calor atípico para esta época do ano influenciam na floração da árvore. Em Belo Horizonte são cerca de 30 mil espécimes, entre ipês-amarelos, ipês-brancos e ipês-roxos. Inverno com altas temperaturas influencia na floração de ipês
O calor está interferindo no ciclo de uma planta que era comum nesta época do ano: o ipê-rosa. O atraso na florada pode colocar em risco a multiplicação das flores. Em Belo Horizonte, onde há cerca de 30 mil espécimes, o florido ainda está tímido, e a maior parte das árvores segue sem nenhuma flor.
A bióloga e botânica Fernanda Raggi Grossi explica que esse descompasso todo é efeito do inverno que está mais quente que o normal.
“Esses ipês, eles ainda não entenderam fisiologicamente que nós já estamos no inverno. A gente ainda está com temperaturas altas, então eles não estão perdendo ainda todas as folhas ou não floresceram”.
No verão, os ipês têm muitas folhas, para fazer a fotossíntese e guardar energia. No inverno, a espécie se sente ameaçada pelo frio e o tempo seco – e age com estratégia: as árvores perdem as folhas e a energia vai para flores e frutos.
Florada dos ipês-rosas está atrasada
Reprodução/TV Globo
O calor prolongado é efeito das mudanças climáticas que o planeta atravessa. Belo Horizonte , antes conhecida como uma cidade com clima ameno, agora bate recordes de temperatura. No ano passado, a capital foi a que mais esquentou em 2023.
“Quando a gente tem as flores, elas são polinizadas pelos insetos, pelas aves, e isso faz com que a gente tenha frutos, ela gerando frutos ela gera sementes. E a gente ainda tem um outro problema, que a semente do ipê ela só germina até a temperatura de 30 graus, se passar disso ela não germina, e se ela não germina, ela não gera indivíduos novos”, explicou Fernanda.
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Já em São Paulo, o ipê-roxo está dando as caras um mês antes do esperado. O motivo é o tempo seco, já que a capital paulista está há um mês sem chuva significativa.
Os ipês
O ipê é uma árvore típica do Brasil. O amarelo é o símbolo do Cerrado. São 60 espécies, nove ameaçadas de extinção.
O rosa veio de fora, mas se adaptou tão bem que em BH faz até parte do cartão-postal.
A engenheira de produção Isabellla da Rocha, que cresceu admirando os ipês da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital mineira, viu outra realidade.
“Eu tenho lembrança de vir aqui mais nova com meus pais para gente aproveitar o dia e está tudo colorido, era ótimo. Hoje, quando a gente veio, não está tão colorido quanto costuma ser”, pontuou.
Para os botânicos, o que deve ocorrer este ano é a florada tardia, em que todas as espécies de ipê florescem juntas, mais perto da primavera.
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