26 de dezembro de 2024

Tiros mataram 1 por dia no Grande Rio em junho; relembre histórias de quem morreu

Levantamento do g1 a partir das notícias publicadas ao longo do mês encontrou 72 baleados, dos quais 36 perderam a vida. Número pode ser maior por causa da subnotificação. Um levantamento do g1 a partir das notícias publicadas ao longo deste mês encontrou 72 baleados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e 36 deles perderam a vida. Equivale a dizer que este junho teve 1 morte a tiros por dia. O número pode ser maior, pois historicamente nem todos os casos são notificados.
A maior parte dos óbitos, 29, ocorreu em apenas 1 semana, entre os dias 11 e 18 de junho — e o g1 já tinha detalhado em uma reportagem publicada no dia 19. Agora, a pesquisa incluiu os demais dias do mês.
Essa violência armada inclui assaltos, execuções, crimes políticos, balas perdidas, confrontos — envolvendo forças de segurança e/ou quadrilhas rivais — e discussões de trânsito.
O g1 separa agora 8 episódios, que deixaram 10 óbitos, e conta um pouco sobre quem eram essas pessoas.
Deborah Vilas Boas Pires da Silva
Deborah Vilas Boas da Silva, de 27 anos, morreu em uma tentativa de assalto na Linha Amarela
Reprodução
A jovem de 27 anos estava em um ponto de ônibus em um dos acessos à Linha Amarela quando um PM interveio em um assalto. Ela morreu na hora. Foi no início da manhã do dia 18.
Deborah foi mãe em novembro do ano passado. A bebê completou 7 meses no dia 13, e fazia 1 mês que a jovem tinha voltado da licença-maternidade.
A vítima morava em Brás de Pina, na Zona Norte, e trabalhava na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, como chefe de faturamento. Todo dia, ela acordava cedo e pegava 2 ônibus — um deles na Saída 7 da Linha Amarela, em Higienópolis.
Quetilene Soares Souza
Quetilene Soares Souza, de 37 anos, morreu após ser baleada em tiroteio em Caxias
Reprodução
A mulher de 37 anos morreu após ser baleada no pescoço na comunidade do Dique, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no dia 20.
Ela era gerente comercial e tinha acabado de chegar do trabalho. Foi atingida por um tiro a menos de 400 metros de casa.
De acordo com a PM, policiais realizavam patrulhamento na região quando foram atacados. Testemunhas, no entanto, dizem que não havia confronto e acusam os PMs de ter atirado em Quetilene e de alterar a cena do crime.
A vítima deixa duas filhas, uma de 2 anos e outra de 7.
Pipito
Pipito, em foto recente; criminoso foi morto durante operação policial
Reprodução
Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito, era considerado um dos principais sucessores de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à polícia no fim do ano passado.
Ele foi baleado em uma casa na Favela do Rodo, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, e levado ao Hospital Rocha Faria, onde já deu entrada morto. Além dele, outros 2 seguranças foram baleados.
Pipito, de 33 anos, dividia com Paulo Roberto Carvalho Martins, o PL, o espólio de Zinho após sua prisão. Ele conquistou a posição depois da morte de Matheus da Silva Rezende, de 25 anos, o Faustão. Na época, em retaliação, Pipito teria ordenado ataques a 35 ônibus na Zona Oeste do Rio.
De acordo a polícia, Pipito entrou para a milícia em 2017, quando o grupo paramilitar era chefiado por Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes.
Ele foi um dos homens de confiança de Wellington da Silva Braga, o Ecko, tio de Faustão, e chegou a ser preso em 2018 com duas pistolas em casa. Tinha antecedentes criminais por porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa e extorsão.
Na denúncia da Operação Dinastia, do Ministério Público e da Polícia Federal, Pipito era tratado como chefe da milícia na comunidade de Antares, em Santa Cruz.
Jorge Henrique Galdino Cruz e Rafael Wolfgramm Dias
Jorge Henrique Galdino Cruz e Rafael Wolfgramm Dias
Reprodução
Os militares do Bope foram mobilizados para uma operação na Maré, no dia 11, a fim de capturar criminosos de outros estados escondidos no complexo. Galdino Cruz e Wolfgramm acabaram numa emboscada do tráfico.
Jorge Henrique Galdino Cruz, o sargento Jota, morreu logo após o disparo. Ele tinha 32 anos e deixa três filhos. Flamenguista de coração, o policial costumava postar fotos de momentos com a esposa e o filho caçula. Ele e a mulher eram casados desde 2012, quase o mesmo tempo que ele tinha na corporação, onde ingressou em 2011.
Rafael Wolfgramm Dias, também flamenguista, ficou quase 1 semana internado e morreu no dia 16. O policial era de Itaguaí, na Baixada Fluminense. Ele era casado e deixa um filho menor de idade.
Juliana Lira de Souza Silva, a Nega Juh, e Alexander de Souza Gomes
Juliana Lira de Souza Silva, a Nega Juh
Reprodução/ Redes sociais
Mãe e filho que foram assassinados em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no dia15.
Testemunhas afirmaram que quatro homens encapuzados saíram de um carro preto e atiraram nos dois. Juliana estava sentada em um bar e Alexander a cerca de 6 metros da mãe, fazendo reparos em um veículo.
Nega Juh era pré-candidata a vereadora em Nova Iguaçu.
Antônio Gaspazianni Chaves
Empresário é morto com vários tiros nas esquinas das ruas Teodoro da Silva e Souza Franco, em Vila Isabel
Reprodução
O empresário de 33 anos era dono do bar Parada Obrigatória, em Vila Isabel, e foi executado com pelo menos 20 tiros a poucos metros do estabelecimento no dia 9.
Máquinas de caça-níqueis que estavam no bar da vítima foram apreendidas e levadas para a delegacia.
Gaspazianni tinha acabado de deixar o seu bar, onde fez o recolhimento do dinheiro das maquininhas, de acordo com testemunhas, quando homens encapuzados abriram fogo contra ele.
O g1 apurou que há 2 linhas investigadas pela Polícia Civil: o empresário foi morto ou porque ele estava envolvido numa disputa por pontos de exploração de máquinas de caça-níqueis ou porque vendia cigarros clandestinamente.
Mateus da Silva Ferreira
Influenciador morre baleado no Rio
Redes sociais
O jovem de 22 anos, morador da Muzema, era o Mateus Doido nas redes sociais e somou 70 mil seguidores com vídeos de manobras com moto.
Vizinhos contaram que ele foi baleado durante uma operação policial no dia 21. Mateus chegou a ser levado para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas já chegou morto ao local, segundo a direção da unidade.
Segundo a namorada, policiais impediram o socorro a Mateus.
Lucas Murilo de Carvalho
Um dos jovens atingidos, Lucas Murilo Ferreira de Carvalho, foi baleado na cabeça em tentativa de assalto no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio
Reprodução
O adolescente de 17 anos foi baleado na cabeça em uma tentativa de assalto no Recreio no dia 18.
Ele e um amigo voltavam do trabalho em um carro dirigido por um policial penal quando ladrões os abordaram. O motorista reagiu.
Lucas ficou internado em estado grave por uma semana, mas não resistiu e morreu nesta terça-feira (25).
O levantamento detalhado
Baleados no Grande Rio em junho

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