25 de dezembro de 2024

Casais LGBTQIAPN+ constroem famílias por meio da adoção no Piauí: ‘amor supera o preconceito’

No encerramento do Mês do Orgulho, o g1 ouviu história de casais LGBTQIAPN+ que adotaram crianças e, mesmo diante das dificuldades, constroem suas famílias com amor e dedicação. Desde 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) autoriza a adoção por casais homoafetivos. Casais LGBTQIAPN+ constroem famílias por meio da adoção no Piauí
Arquivo pessoal/Thiago Soares/Cláudia Nascimento
. Estamos preparando para encararem as dúvidas e os olhares que podem surgir entre os amigos e as famílias dos amigos”, e.
A paternidade e maternidade estão cada vez mais naturais para as famílias LGBTQIAPN+. Desde 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) autoriza que casais homoafetivos adotem crianças e adolescentes. Entre 2021 e 2023, mais de 50 mil adoções foram registradas, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-BR).
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🏳️‍🌈 No encerramento do Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, o g1 ouviu histórias de casais homoafetivos que adotaram crianças no Piauí e, mesmo diante do preconceito e tantas outras dificuldades, formam e fortalecem suas famílias com muito amor e dedicação. Confira os passos do processo de adoção ao fim da reportagem.
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O professor e pai de santo Thiago Soares é casado há 19 anos com o comerciário Mário Júnior
Arquivo pessoal/Thiago Soares
O professor e pai de santo Thiago Soares é casado há 19 anos com o comerciário Mário Júnior, a quem conheceu em Parnaíba. Desde dezembro de 2023, eles vivem com os filhos João Pedro, de 13 anos, e Talita, de oito, em Teresina.
Thiago e Mário buscaram a adoção no início de 2023. O processo, segundo eles, foi rápido, assim como a adaptação dos filhos: irmãos biológicos, João Pedro e Talita não demoraram a se apegar aos novos pais.
“Não tivemos muitos problemas no processo, até porque nos colocamos à disposição para adotar crianças mais velhas. Hoje eles nos chamam de pais, criaram esse apego. Nossa família é grande, tenho um filho biológico adulto que já me deu um neto e também os filhos espirituais”, comenta o pai de santo.
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Para Thiago, ser pai LGBTQIAPN+ traduz sentimentos de liberdade e vivência da afetividade, embora ainda haja discriminações e questionamentos tanto sobre seu relacionamento quanto aos filhos.
”Algumas pessoas ainda se assustem, mas conseguimos ver que já diminuiu bastante. Nossos filhos são pretos retintos, então além da LGBTfobia, também sofremos com o racismo. Mas o amor que temos entre nós supera tudo isso”, ressalta o professor.
Dupla maternidade, duplo amor pelos filhos
Casais LGBTQIAPN+ constroem famílias por meio da adoção no Piauí
Arquivo pessoal/Cláudia Nascimento
Em Piripiri, a empresária Cláudia Nascimento e a escrivã Helenita Santos estão juntas há 18 anos. Elas adotaram os irmãos biológicos Elisson, de 7 anos, e Eliton, de 6 anos, com quem vivem desde 2022.
Cláudia conta que sempre desejou a maternidade e, assim que sua companheira começou a compartilhar esse desejo, as duas se inscreveram no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento.
“O processo durou cerca de sete, oito meses, não foi muito demorado. Eles nasceram para nós em julho de 2022 e, no terceiro dia conosco, já nos chamavam de mães. Tive que fazer uma cirurgia em que perdi o útero, então veio o desejo pela adoção”, lembra a empresária.
A relação entre Elisson e Eliton e as mães é cercada de afeto, conta Cláudia. Ela e a companheira explicam aos filhos, com naturalidade, a dupla maternidade e o amor envolvido. Ao ensiná-los na infância, esperam prepará-los para os desafios da adolescência e vida adulta.
“Nunca escondemos nossa história deles, eles mesmos descobriram. Sempre dizemos que somos duas mulheres que nos amamos e os amam. Estamos preparando para encararem as dúvidas e os olhares que podem surgir entre os amigos e as famílias dos amigos”, explica.
Conheça os passos para a adoção
Quem tem interesse em adotar deve se dirigir à Vara da Infância e Juventude ou à Defensoria Pública de sua cidade para obter as informações necessárias.
Para adotar uma criança ou adolescente é preciso ter mais de 18 anos, independente do estado civil, e apresentar os seguintes documentos:
CPF;
Identidade do(s) pretendente(s);
Comprovante de residência e renda;
Atestado médico de sanidade física e mental;
Certidões negativas cível e criminal;
Indicação de duas testemunhas que não sejam parentes.
Os interessados passam por uma análise dos documentos e os autos são encaminhados à equipe técnica do Juizado, formada por psicólogos e assistentes sociais. Além disso, os pretendentes são submetidos a entrevistas e visitas a suas residências, de forma que a equipe possa conhecer os motivos e as expectativas sobre a adoção.
Após esse processo, a equipe apresenta um relatório circunstanciado de avaliação social e psicológica para auxiliar na decisão do juiz.
O próximo passo é enviar o processo ao Ministério Público, que poderá requerer diligências caso entenda necessário. Podem ser realizadas audiências para oitiva da genitora ou dos genitores da criança e testemunhas.
Só então o processo segue para o juiz proferir uma sentença, seja ela procedente ou improcedente, para o pedido de adoção.
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