25 de dezembro de 2024

O que se sabe sobre o caso da agente da Polícia Civil e parentes investigados por desvio de R$ 7,5 milhões em AL

Operação Oplatek prendeu sete pessoas da mesma família, sendo dois sargentos da PM. Família é presa suspeita de desviar R$ 7 milhões de recursos públicos em AL
Sete pessoas da mesma família são investigadas por suspeita de participar de um esquema criminoso que desviou R$ 7,5 milhões de verba pública do Estado de Alagoas. Entre os presos da operação Oplatek estão uma servidora da Polícia Civil e dois sargentos da Polícia Militar.
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A investigação apontou que o esquema criminoso teve início em 2014 e que era comandando pela agente da Polícia Civil e seu marido, sargento da PM.
“Os parentes recebiam os valores e eles retornavam para a conta do casal. Ela iniciou essa atitude ilícita há cerca de 10 anos e vinha aumentando o fluxo de dinheiro desviado ao longo do tempo”, disse o delegado João Marcello.
As investigações foram realizadas pelas equipes da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), coordenadas pelos delegados Igor Diego, Sidney Tenório e João Marcello. Todos os mandados foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital.
“Ela era a única responsável por acesso ao sistema para realizar esse tipo de pagamento, e ela acabou cadastrando várias pessoas de sua família e foi determinado o pagamento do Estado para essas pessoas. Ela cadastrou a avó de 85 anos, a mãe, três irmãos, o próprio filho, além de parentes do marido, como a tia, o tio e o irmão”, afirmou o delegado Igor Diego.
O que se sabe sobre o caso
Como o esquema funcionava?
Segundo os delegados, a servidora da Polícia Civil que trabalhava no setor financeiro da instituição cadastrou parentes para receber verba de alimentação que é paga pelo Estado de Alagoas a policiais civis.
“Ela confessou. Assumiu que desde 2014 verificou que existia essa possibilidade de cadastrar os parentes dela. Ela os cadastrou e, inicialmente, eles recebiam os valores normais de qualquer servidor da PC. No entanto, ela foi ganhando confiança com o passar dos anos sem que essa prática tenha sido descoberta. E a partir de 2019/2020, ela passou a aumentar esses valores a tal ponto de que, em 2024, cada parente estava recebendo cerca de R$ 40 mil”, afirmou Igor Diego.
“Os valores de verba de alimentação de cada servidor da PC (delegado, escrivão e agente) é abaixo de mil reais. No entanto, ela não colocava esses valores. Cada parente dela estava recebendo mensalmente mais de R$ 40 mil. Por isso que nos cinco meses tivemos desfalques de cerca de R$ 1 milhão”, afirmou o delegado.
Como a fraude foi identificada?
Segundo o delegado Sidney Tenório, a fraude foi descoberta por meio de cruzamento de dados da Polícia Civil e da Secretaria de Estado da Fazenda (Seplag).
“Os delegados mandavam a lista de alimentação, a Delegacia-Geral da Polícia Civil (onde a agente era lotada) fazia a análise e, no momento final, ela era a única pessoa que tinha o poder de inserir os nomes. Então, após o controle interno por parte dos gestores, ela no momento final lançava os nomes. Por isso que passou tanto tempo. Somente com o cruzamento de dados e a modernização dos nossos sistemas da Polícia Civil e da Secretaria da Fazenda do Estado foi possível identificar a fraude”, afirmou.
Quem foi preso?
Uma policial civil, o marido, que é sargento da PM, a mãe, três irmãos e uma cunhada dela. Um dos irmãos da policial também é sargento da PM. Os nomes dos presos não foram divulgados.
Após audiência de custódia foram soltas a mãe, a cunhada e uma irmã da policial civil.
“São familiares dela. Além do marido, que é PM, o irmão é PM também, estão presos. A irmã também recebia esses valores e é estagiária do Ministério Público da comarca de Marechal Deodoro. Tão logo fizemos a operação, o MPAL deu total apoio para que acontecesse essa operação também. Essas pessoas infelizmente receberam esses valores, importante dizer que a PC sofreu um desfalque de R$ 7,5 milhões de 2014 para cá. Nosso trabalho é resgatar todo esse patrimônio para que o erário público seja ressarcido. A PC não coaduna com qualquer tipo de irregularidade”, disse o delegado Igor Diego.
O que foi apreendido ?
A operação Oplatek cumpriu sete mandados de prisão e 11 de busca e apreensão, em Maceió e Colônia Leopoldina. Foram apreendidos sete carros, sendo três de luxo, joias, escrituras de imóveis, celulares, notebooks, relógios, iPads e maquinetas.
“Houve uma evolução patrimonial muito grande por parte dos familiares. Alguns deles andavam com carros de luxo avaliados em R$ 200 mil. Apartamentos na área nobre de Maceió. Inclusive, ela mora em um apartamento de alto padrão entre os bairros de Jatiúca e Ponta Verde. Entramos no apartamento e o padrão dos móveis é altíssimo. Várias joias foram apreendidas, é bom deixar claro. Quando levantamos o bicama, havia várias caixas de uma joalheria bastante famosa no Brasil inteiro. Terrenos na Barra de São Miguel e São Miguel dos Milagres. A família inteira vinha vivendo um padrão altíssimo às custas, infelizmente, do erário”, disse o delegado Sidney Tenório.
Mais servidores do estado participavam do esquema?
Segundo os delegados, não havia outros servidores da Polícia Civil no esquema criminoso, além da servidora que foi presa.
“Nesses 10 anos, ela era a única responsável final por fazer o lançamento desse pagamento. E ela era a pessoa de total confiança, não existe nenhum servidor da PC ou qualquer outro servidor que estivesse recebendo, salvo os próprios parentes dela. Ela agiu sozinha e vai ser responsabilizada no rigor que manda a lei. Infelizmente, uma pessoa de dentro da PC fez essa conduta. Não nos resta outro caminho a não ser investigar com total imparcialidade para divulgarmos para a sociedade o que de fato aconteceu. Mas não identificamos nenhum outro servidor da PC que tenha participado de qualquer conduta dessa natureza”, disse o delegado Igor Diego.
Os investigados vão responder por quais crimes?
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, peculato, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em sistema de informação. Juntas, as penas podem ultrapassar 44 anos de prisão.
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