O caminhoneiro morreu e parte do combustível escorreu em chamas pelas ruas até chegar às casas. A Defesa Civil interditou 4 imóveis e outros 3 parcialmente; 6 famílias precisaram deixar as suas casas. Explosão de caminhão-tanque em Belo Horizonte deixa feridos e um morto
Moradores de um bairro de Belo Horizonte passaram por uma madrugada de desespero por causa da explosão de um caminhão-tanque. Parte do combustível em chamas escorreu até as casas. O caminhoneiro morreu.
Era por volta das 2h20 quando o caminhão-tanque tombou e explodiu.
“Pegou fogo no quintal da minha casa, galera. Pegou em tudo”, conta um morador em imagens.
Os moradores acordaram com o estrondo e as chamas já dentro de casa.
“Foi uma coisa terrível. Muito barulho e foi explodindo tudo. Fios pegando fogo, sabe? Pessoas gritando. Foi terrível”, conta a confeiteira Jane Gomes.
“Na hora que a gente viu, o líquido já estava descendo pelo quintal, pegando fogo na casa. O pessoal gritando, o pessoal pedindo ajuda, gritando socorro. Aí a gente fica sem reação na hora. A gente só quer salvar a vida, né?”, afirma o jatista Emerson Junior.
Os vizinhos ajudavam como podiam a retirar quem estava preso dentro de casa. “Tá pegando muito fogo aí debaixo?”, questiona um em imagens.
O acidente ocorreu no acesso do Anel Rodoviário a uma rodovia estadual; 130 mil veículos passam todos os dias pelo anel. O caminhão transportava 23 mil litros de combustíveis e, segundo o Corpo de Bombeiros, cerca de 70% dessa carga vazou com o acidente. O líquido virou um rastro de fogo que atingiu casas, empresas e a rede elétrica da região.
O combustível em chamas escorreu cerca de 70 m pela rodovia, seguiu o curso desta de uma rua e se esparramou por mais 30 m. Depois, atingiu becos de uma vila que fica perto da estrada. Os bombeiros calculam que o caminho total do fogo foi de 150 m. As chamas chegaram a 5 m de altura. O fogo destruiu ao menos dez carros e motos. A Defesa Civil interditou quatro imóveis e outros três parcialmente.
Seis famílias precisaram deixar as suas casas. A prefeitura de Belo Horizonte disse que ofereceu abrigo temporário, mas que elas preferiram ficar com parentes.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o combustível que vazou também pode ter atingido cursos d’água.
“A infiltração, com certeza, aconteceu nesse solo, e também esse líquido, ao escorrer, foi captado por redes de captação de água de chuva. Isso pode ter atingido alguns córregos próximos sim”, explica o tenente Henrique Barcellos, porta-voz do Corpo de Bombeiros de MG.
O caminhão foi retirado do local 15h30. A empresa dona do caminhão declarou que a documentação do veículo está em dia e que o motorista tinha experiência no transporte de combustível neste trajeto, e que vai prestar a assistência necessária às vítimas.
A aposentada Marli Caetano mora na vila há mais de 60 anos e diz que já perdeu as contas de quantos acidentes viu acontecer no local:
“Sempre um perigo, está sempre acontecendo as coisas. Medo, e tem que orar e vigiar”.
Quatro pessoas seguem internadas
Parentes estiveram no IML para identificar o corpo do motorista Gildesio de Oliveira, de 54 anos. Ele estava na transportadora desde 2022. Um hospital recebeu nove feridos. Rodrigo teve alta à tarde.
“Eu acordei com uma fumaça na minha cara, ai eu levantei e já sai correndo. Era um pesadelo, não parecia ser real, não”, diz Victor Ramos.
Quatro pessoas permanecem internadas. Entre elas, a Catia. Vizinhos a socorreram.
“Ela caiu de uma altura considerável, ela estava sentindo dor na costela”, conta um vizinho.
Outras moradores, por muito pouco, não ficaram feridos ou perderam a vida. Em uma casa em chamas mora a família do garçom Wesley Maciel.
“A minha reação foi chamar a minha cunhada e fechar essa porta para tentar no máximo possível sair da labareda de fogo, porque estava tomando tudo dentro aqui de casa rapidamente”, conta ele.
Eles também escaparam com a ajuda de vizinhos.
“A grade soltou e os rapazes quebraram as partes da lateral, porque aí a gente conseguiu, um por um, conseguiu pular aqui, graças a Deus, para não ter acontecido o pior, acrescenta Wesley.
Recentemente, a analista comercial Vitória Ferreira mandou pintar a casa inteira, reformou a sala e cozinha, que agora estão destruídas
Jornal Nacional/ Reprodução
O Jornal Nacional esteve em um local atingido pelo fogo. Recentemente, a analista comercial Vitória Ferreira mandou pintar a casa inteira, reformou a sala e cozinha, que agora estão destruídas. Na hora do incêndio, ela estava com os pais, e os dois filhos. O mais novo é uma criança autista, de 6 anos.
“Eu comecei a dar soco no basculante da minha janela lá do lado de lá e eu consegui passar, em seguida, eu trouxe o meu filho mais velho. E aí o pessoal veio por esse telhado e começou a dar marretada aqui até quebrar, e por aqui passou o meu filho Iago, primeiro resgatado, segundo a minha mãe e terceiro o meu pai”, relata Vitória.
Vitória conta que a solidariedade impediu uma tragédia na família dela.
“Tiveram compaixão, tiveram empatia e se não fosse por eles a gente não estaria aqui”, diz ela.
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