O governo federal afirma que já distribuiu 1,2 milhão de doses da Qdenga, mas pouco mais de 299 mil foram aplicadas – o que representa 24%. Autoridades em saúde estão preocupadas com a baixa procura pela vacina da dengue
As autoridades de saúde estão preocupadas com baixa procura pela vacina contra a dengue.
Em Foz do Iguaçu, no Paraná, unidade de saúde vazia e estoque cheio de vacinas.
“A gente está bem preocupado. A gente tem observado isso a nível nacional, e a gente quer reforçar a importância dessa vacina. A gente está vendo aumento do número de casos tanto no nosso município, como na região”, diz Adriana Izuka, coordenadora do Programa de Imunização de Foz de Iguaçu.
Em Belo Horizonte, a procura também está muito abaixo da esperada. Em um posto de saúde, tem doses sobrando nas geladeiras e profissionais de prontidão. Mas as crianças e os adolescentes andam sumidos das unidades de imunização.
Na semana passada, o Ministério da Saúde ampliou o público-alvo da vacinação. Antes, a imunização era para quem tinha 10 e 11 anos. Agora, vai de 10 a 14 anos. O governo federal afirma que já distribuiu 1,2 milhão de doses da Qdenga, mas aplicou apenas 365 mil — menos de um terço delas.
A professora da Escola de Enfermagem da UFMG Fernanda Penido estuda estratégias para ampliar as coberturas vacinais. Ela diz que, no caso da dengue, a colaboração da família é ainda mais importante.
“Nós temos uma meta de vacinar pelo menos 90% do público alvo, que são de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Mas é um público muito específico, que a gente conta obviamente com apoio dos pais, responsáveis e comunidade escolar para que incentivem a vacinação”, afirma.
O incentivo para a Laura veio da avó, que ficou feliz da vida com a dose no braço da neta.
“É uma vacina que garante a saúde dela e protege da dengue para ela não adoecer”, diz a avó de Laura.
“Não doeu não, foi leve”, conta Laura.
Com a procura em baixa, Ministério da Saúde e a Anvisa reforçam a segurança da vacina contra a dengue
O médico infectologista Adelino Freire afirma que não há qualquer motivo para questionar a eficácia das vacinas.
“Elas têm fases diferentes, em que são aplicadas primeiro em animais, depois em estudos menores, que buscam mostrar segurança e eficácia. Quando a vacina termina todas as etapas para ser de fato comercializada ou oferecida nos programas de saúde pública, como o nosso, elas já foram testadas por muito tempo”, explica Adelino Freire, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia.
O cartão de vacina do Guilherme do Carmo, de 13 anos, já ganhou a nova anotação.
“As crianças não têm informação. São menores de idade, crianças de 10, 14 anos. Muitas vezes, eles não têm essa preocupação. Então, a responsabilidade é dos pais”, afirma a empreendedora Maria Cristina Fonseca, mãe do Guilherme.
O Guilherme sabe que não dá para relaxar com a prevenção.
“Passo repelente, não deixo água parada, essas coisas que aprendi desde pequeno sobre a dengue, aí eu evito. Mesmo tomando a vacina, tem que tomar cuidado”, diz Guilherme.
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