10 de janeiro de 2025

Ex-comandante da FAB diz que se recusou a receber minuta golpista de ex-ministro da Defesa

Tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou que chefes das Forças Armadas foram abordados por Paulo Sérgio Nogueira em reunião no ministério. Moraes retirou sigilo de depoimentos nesta sexta-feira (15). Novos comandantes das Forças Armadas
Reprodução/TV Globo
O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), disse em depoimento à Polícia Federal que o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, tentou entregar a ele uma minuta com teor golpista. O militar, no entanto, afirma que se negou a receber o documento.
As declarações constam em depoimento prestado na investigação que apura tentativa de golpe de Estado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O sigilo do documento foi retirado nesta sexta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Aos investigadores, Baptista Jr. narrou uma reunião entre ele, Paulo Sérgio Nogueira e os ex-comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, e do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. O encontro ocorreu na sede do Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022.
Segundo o ex-comandante, a essa altura, o então presidente Bolsonaro já havia demonstrado aos comandantes da Força intenções golpistas, e tinha apresentado a eles documentos com esse teor. Baptista Jr. e Freire Gomes afirmam que rejeitaram às investidas, já Garnier teria se colocado “à disposição” de Bolsonaro.
No depoimento, o ex-comandante da FAB disse que, durante a reunião, o então ministro da Defesa disse que tinha uma minuta para apresentar aos militares, para “conhecimento e revisão”. Baptista Jr. afirma que, nesse momento, perguntou:
“Esse documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?”
Segundo o brigadeiro, o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira ficou calado, e Baptista Jr. diz ter entendido “que haveria uma ordem que impediria a posse do novo governo eleito” e que, diante disso, afirmou a Nogueira que não admitiria sequer receber o documento, e que a FAB não admitiria golpe de Estado.
Ainda de acordo com o depoimento, o general Freire Gomes “expressou que também não concordaria com a possibilidade de analisar o conteúdo da minuta.
Baptista Jr. relatou que, em seguida, saiu da sala e que, enquanto esteve no local, “o almirante Garnier não expressou qualquer reação contrária ao conteúdo da minuta”.

Mais Notícias