Ismail al-Ghoul integrava braço militar do Hamas, segundo Forças de Defesa de Israel (FDI). O Al Jazeera condenou o que chamou de ‘assassinatos a sangue-frio’ de Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi, ambos da emissora árabe, e disse que suas mortes fazem parte de uma campanha sistemática dos israelenses contra jornalistas cobrindo a guerra na Faixa de Gaza. Jornalista Ismail al-Ghoul (à esquerda) e operador de câmera Rami al-Rifi, ambos do Al Jazeera, mortos na Faixa de Gaza por um míssil israelense em 31 de julho de 2024.
Reprodução/Al Jazeera
As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram nesta quinta-feira (1º) a morte de Ismail al-Ghoul, um jornalista do Al Jazeera e que os israelenses acusam de ser integrante do grupo terrorista Hamas.
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O bombardeio que matou Ismail al-Ghoul e o operador de câmera Rami al-Rifi, também da Al Jazeera, ocorreu na quarta-feira (31). Segundo a rede de televisão, eram correspondentes cobrindo a guerra na Faixa de Gaza e o carro em que estavam foi atingido por um míssil.
O Al Jazeera, rede catari de televisão que cobre o Oriente Médio, condenou “nos mais fortes termos” as mortes de Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi, que chamou de “assassinatos a sangue-frio”. A TV disse ainda que al-Ghoul “era conhecido por seu profissionalismo e dedicação”.
“O assassinato de Ismail e Rami, enquanto documentavam os crimes das forças israelenses, destaca a necessidade urgente de ação legal imediata contra as forças de ocupação (da Faixa de Gaza) para garantir que não haja impunidade”, disse a Al Jazeera em nota.
Segundo a FDI, al-Ghoul integrava as forças Nukhba, divisão militar do Hamas. Seu trabalho dentro da divisão seria instruía outros membros do grupo terrorista sobre como gravar operações e estava ativamente envolvido na gravação e divulgação de ataques contra as tropas israelenses. O Exército israelense disse que as atividades de al-Ghoul eram uma parte vital da atividade militar do Hamas no campo de batalha.
O Al Jazeera disse que o assassinato de seus funcionários “faz parte de uma campanha sistemática de perseguição contra os jornalistas da rede e suas famílias desde outubro de 2023”. Mais de 125 jornalistas, entre eles 120 palestinos (incluindo al-Ghoul e al-Rifi), 3 libaneses e 2 israelenses, foram mortos desde o início da guerra em Gaza, segundo a rede de televisão.
Israel fechou a sede da Al Jazeera no país em maio, uma medida inédita. Na ocasião, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a rede de televisão “participou ativamente do massacre de 7 de outubro” e teria incitado ódio contra os soldados das Forças de Defesa de Israel.
Carro bombardeado em que o jornalista Ismail al-Ghoul e o operador de câmera Ramy El Rify, ambos da Al Jazeera, na Faixa de Gaza.
REUTERS/Ayman Al Hassi
Veja a íntegra da nota do Al Jazeera:
A Al Jazeera condena o assassinato de seu correspondente Ismail al-Ghoul e do cinegrafista Rami Al-Rifi
A Al Jazeera Media Network condena nos termos mais fortes o assassinato direcionado do correspondente do Canal Árabe da Al Jazeera, Ismail al-Ghoul, e do cinegrafista Rami al-Rifi, após terem sido alvos das forças de ocupação israelenses enquanto cobriam os acontecimentos no Campo de Al Shatei.
As forças de ocupação israelenses alvejaram o veículo em que Ismail e Rami estavam com um míssil, resultando em um assassinato a sangue-frio. Este último ataque contra jornalistas da Al Jazeera faz parte de uma campanha sistemática de perseguição contra os jornalistas da rede e suas famílias desde outubro de 2023.
Ismail era conhecido por seu profissionalismo e dedicação, trazendo atenção global ao sofrimento do povo de Gaza e às atrocidades cometidas pelas forças de ocupação israelenses.
Sua cobertura do Hospital Al-Shifa e dos bairros do norte capturou a atenção internacional e foi amplamente disseminada por veículos de mídia ao redor do mundo. Apesar de enfrentar dificuldades extremas, incluindo fome, doença e a perda de seu pai e irmão, Ismail dedicou-se incansavelmente a cobrir os eventos e a transmitir a realidade de Gaza para o mundo.
O assassinato de Ismail e Rami, enquanto documentavam os crimes das forças israelenses, destaca a necessidade urgente de ação legal imediata contra as forças de ocupação para garantir que não haja impunidade.
A Al Jazeera condena, nos termos mais fortes possíveis, os crimes contínuos cometidos pelas forças de ocupação israelenses contra jornalistas e profissionais de mídia em Gaza. Essa tendência alarmante exige atenção e ação imediata da comunidade internacional. Instamos as instituições jurídicas internacionais a responsabilizarem Israel por seus crimes hediondos e a exigirem o fim do alvo e do assassinato de jornalistas.
A Al Jazeera se compromete a tomar todas as ações legais para processar os perpetradores desses crimes e se mantém em solidariedade inabalável com todos os jornalistas em Gaza. A Al Jazeera reafirma seu compromisso de alcançar justiça para mais de 160 jornalistas mortos e de continuar sua cobertura dessas graves violações.