20 de novembro de 2024

Corpos de vítimas de acidente da Voepass podem ser identificados por DNA, diz médico-legista do IML

Paulo Sérgio Tieppo Alves, médico-legista do núcleo de antropologia do Instituto Médico Legal (IML), afirmou
Vítimas da queda de aeronave em Vinhedo morreram de politraumatismo, segundo IML
O médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alvo, do Instituto Médico Legal (IML), afirmou que alguns corpos de vítimas de acidente do avião que caiu na última sexta-feira (9) em Vinhedo, interior paulista, podem precisar passar por exames de DNA para serem identificados.
No total, 62 pessoas morreram, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes da Voepass, naquele que é o maior acidente aéreo do Brasil desde 2007.
Profissionais do IML e familiares das vítimas se reuniram nesta terça-feira (13) no hotel em que estão hospedados no Centro de São Paulo. Segundo Tieppo, o objetivo dos profissionais foi explicar para os parentes como está o processo de identificação e liberação dos corpos.
“Os que ficam mais para o final [no processo de identificação] são aqueles que demandam mais exames. No final, certamente alguns casos vão precisar de identificação com auxílio do exame de confronto genético [exame de DNA]”, detalhou Tieppo à imprensa.
O reconhecimento dos corpos ainda não tem prazo para terminar. Até a manhã desta terça, a força-tarefa do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo tinha identificado 42 dos 62 mortos no acidente.
Morte por politraumatismo
A Polícia-Técnico Científica de São Paulo afirmou na segunda-feira (12) que as vítimas do acidente com o avião em Vinhedo, no interior de São Paulo, morreram de politraumatismo.
“Hoje, nós temos a convicção de que todos morreram de politraumatismo. É uma certeza científica, a aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos eles sofreram politraumatismo”, diz Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.
Avião com 62 pessoas despenca sobre área residencial de Vinhedo (SP)
Reprodução/TV Globo
Manual do fabricante aponta risco de ATR perder sustentação e girar sob condição de gelo severo
Segundo Reis, as vítimas já tinham morrido com o impacto da queda e só depois foram carbonizadas.
“As queimaduras que terminaram com a carbonização de alguns corpos foram secundárias ao politraumatismo.”
O diretor disse ainda que todas as vítimas serão identificadas completamente.
“Eu garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa. Nós não liberamos nenhum corpo, nenhuma pessoa, nenhum cadáver se não houver uma certeza absoluta dessa verificação, é por isso que daqui pra frente o processo vai ser um pouco mais lento.”
A Polícia Científica do Paraná enviou para São Paulo 31 amostras de DNA e 19 de documentação odontológica para ajudar os peritos paulistas nesse processo.
A Força Aérea Brasileira (FAB) colocou à disposição a aeronave KC-390, um cargueiro, para levar os corpos das vítimas de São Paulo para o Paraná.
Análise de caixas-pretas deve apontar o que pode ter provocado queda de avião em Vinhedo
Causas
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
O acúmulo de gelo foi uma das hipóteses levantadas por especialistas. Uma reportagem do g1 revelou também que o manual do ATR aponta risco de perda de sustentação e giro sob condição de gelo severo.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já extraiu todo o conteúdo das duas caixas-pretas da aeronave e prevê divulgar em 30 dias relatório preliminar sobre as causas da queda.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass:
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.

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