20 de novembro de 2024

Mãe que denunciou abuso de pediatra afirma que nunca contou à filha por medo de causar trauma: ‘Guardei isso comigo’

O médico Fernando Cunha Lima é investigado por uma série de estupros de crianças com idades entre 4 e 9 anos, ocorridos dentro do consultório durante exames de rotina. Pediatra Fernando Cunha Lima é suspeito de estuprar uma paciente de 9 anos de idade durante uma consulta, em João Pessoa
TV Câmara/Reprodução
Uma mãe prestou depoimento à Polícia Civil da Paraíba no dia 7 de agosto, acusando o pediatra Fernando Cunha Lima de ter abusado sexualmente de sua filha durante uma consulta há 11 anos, quando a menina tinha apenas 4 anos de idade. Segundo o relato, o médico teria cometido o abuso enquanto auscultava o pulmão da criança. A mulher afirmou que não revelou o abuso para a filha, que hoje é adolescente, por medo de traumatizá-la.
“Eu não contei porque hoje minha filha poderia estar traumatizada. Eu nem contei, nem vou contar. Eu guardo isso comigo. Eu quero justiça como mãe. Eu não ia fazer esse trauma com ela”, afirmou a mulher em entrevista à TV Cabo Branco.
Segundo a mãe da criança, ela levava a menina desde bebê para consultas com o médico Fernando Cunha Lima.
“Ele pôs o braço por cima dela, e auscultou. Eu estava achando aquela situação estranha. E ele estava usando o cotovelo na parte íntima da minha filha. Na mesma hora, eu interrompi e falei que ela estava desconfortável”, afirmou a mãe da vítima em entrevista à TV Cabo Branco.
Conversando com familiares e amigas que também levavam seus filhos para consultas com o médico, a mãe da vítima afirmou ter descoberto que Fernando Cunha Lima repetia a mesma conduta com outras crianças. Ela decidiu deixar de levar os dois filhos ao médico após flagrar o abuso.
A mãe descobriu as denúncias contra o médico através das redes sociais e afirma que, antes mesmo da identidade do pediatra ser divulgada, já suspeitava que se tratava de Fernando Cunha Lima.
“Eu tinha certeza que era ele porque isso aconteceu comigo, aconteceu com a minha filha pequena, ela nem sabe. Eu guardei isso comigo o tempo todo. Eu fui à Delegacia da Criança e fiz o boletim de ocorrência. Eu desejo justiça. Eu espero que mais vítimas tenham coragem de denunciar esse homem”, afirmou a mãe.
As denúncias contra o pediatra
O médico é investigado desde que uma mãe denunciou formalmente um estupro de vulnerável contra uma menina de 9 anos, no dia 25 de julho. Ela disse em depoimento que viu o momento em que ele teria tocado as partes íntimas da criança dentro do consultório, durante uma consulta médica. Ela informou que na ocasião, imediatamente, retirou os dois filhos do local e foi prestar queixa na Delegacia de Polícia Civil.
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Com a repercussão do caso, uma sobrinha do suspeito revelou que foi abusada quando também tinha 9 anos, na década de 1990, assim como suas duas irmãs. As denúncias, assim, indicam que os crimes aconteceriam há pelo menos 33 anos, já que o relato se refere a um estupro que teria sido cometido em 1991.
Uma série de depoimentos que vêm sendo colhidos nos últimos dias fez a Polícia Civil da Paraíba começar a traçar uma espécie de padrão, um “modus operandi” praticado pelo médico pediatra em pelo menos nos últimos 33 anos.
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A informação foi confirmada pelo delegado Cristiano Santana, superintendente da Polícia Civil, ao destacar que as vítimas costumam ser meninas e ter todas entre 4 e 9 anos no momento em que foram abusadas.
Ao todo, seis mulheres já formalizaram denúncias de abusos contra Fernando Cunha Lima. As denunciantes são três mães de pacientes do pediatra, incluindo a mãe da menina de 9 anos que fez a primeira acusação formal, e duas sobrinhas dele.
Investigações concluídas
Consultório do pediatra Fernando Cunha Lima, em João Pessoa
TV Cabo Branco/Reprodução
A Polícia Civil da Paraíba concluiu, nesta terça-feira (13), o inquérito que investiga o pediatra Fernando Cunha Lima, suspeito de uma série de estupros de crianças com idades entre 4 e 9 anos.
A delegada Isabel Costa confirmou que o inquérito foi concluído, mas não deu detalhes sobre o resultado. Segundo ela, mais informações serão divulgadas na manhã desta quarta-feira (14), em uma coletiva de imprensa.
O g1 procurou a defesa do médico Fernando Cunha Lima, que confirmou a conclusão do inquérito, mas não comentou até a última atualização desta publicação. Na quinta-feira (8), a defesa do pediatra emitiu uma nota declarando que o médico é inocente e que está sendo “acusado injustamente”.
Depoimento
Médico suspeito de estuprar crianças, Fernando Paredes Cunha Lima, presta depoimento à polícia nesta sexta-feira (9)
Reprodução/TV Cabo Branco
O médico pediatra prestou depoimento, nesta sexta-feira (9), na Delegacia de Repressão aos Crimes contra Infância e Juventude, em João Pessoa. Fernando Cunha Lima não compareceu por duas vezes para prestar depoimento, com a defesa alegando problemas de saúde.
A delegada Isabel Costa afirmou que o médico contou sua versão dos fatos e não se manteve em silêncio durante o depoimento. Ela não deu detalhes sobre as investigações por ser um processo em segredo de justiça.
Na saída da delegacia, o médico afirmou à imprensa que não comentaria a investigação. O advogado que acompanhou Fernando Cunha Lima afirmou que entrou no caso recentemente e havia pedido habilitação para ter acesso aos documentos do processo.
Pedido de prisão preventiva
A Polícia Civil pediu, na quinta-feira (8), a prisão preventiva do pediatra Fernando Paredes Cunha Lima. O pedido deve ser enviado ao Ministério Público para análise, e Justiça deve decidir acatar ou recusar solicitação.
A delegada Isabel Bezerra considerou os últimos acontecimentos sobre o caso, como depoimentos de mães de pacientes e familiares do pediatra que também relataram situações de abuso cometidos pelo médico.
Dois promotores de justiça do Ministério Público da Paraíba (MPPB) já se averbaram suspeitos com relação ao processo criminal contra o médico pediatra Fernando Paredes Cunha Lima, que é suspeito de cometer uma série de estupros contra meninas entre 4 e 9 anos. Assim, o processo deve ser agora redistribuído para um terceiro promotor, ainda sem definição sobre quando isso vai acontecer.
Só quando houver um parecer do MPPB é que, pelos trâmites legais, a Justiça vai decidir se acata ou rejeita o pedido de prisão preventiva, que foi encaminhada na última quinta-feira (8).
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