Os laudos estão sendo produzidos pelo Instituto Nacional de Criminalística e conta com integração com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Foto divulgada pela Polícia Federal mostra continuidade do trabalho de resgate na manhã deste sábado (9), após o desastre aéreo em Vinhedo
Polícia Federal
Responsável pela apuração criminal da queda do avião em Vinhedo (SP), a Polícia Federal (PF) trabalha na produção de dois laudos periciais que são considerados fundamentais para a investigação que apura eventuais responsáveis pela morte das 62 pessoas a bordo. Entenda abaixo os dois documentos técnicos.
Os laudos são importantes porque trazem aspectos técnicos e científicos acerca do acidente aéreo que, confrontados com testemunhas, podem indicar se atuações pessoais contribuíram com o acidente e, a partir disso, as eventuais responsabilizações criminais.
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Os laudos estão sendo produzidos pelo Instituto Nacional de Criminalística, ligado à PF, e conta com integração com outros órgãos, como o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), unidade subordinado à Força Aérea Brasil (FAB).
Laudo descritivo do local da queda
Segundo a Polícia Federal, o primeiro laudo, o descritivo do local da queda, deve ser entregue em cerca de 90 dias e constará um conjunto de fotografias para compreensão do contexto do acidente. Ele não trará análise das causas do acidente, mas deve constar:
Informações sobre o posicionamento e estado da aeronave no terreno;
Quantidade de vítimas;
Danos externos causados pelo acidente;
Procedimentos realizados em campo pelos peritos;
Laudo de sinistro aeronáutico
Esse segundo laudo é similar ao relatório do Cenipa, mas para terá fins de responsabilização penal. Para a produção dele, Peritos Criminais Federais (PCFs) vão acompanhar todos os exames, ensaios e testes realizados no Cenipa, incluindo análise dos destroços, do motor, das caixas pretas e outros.
“O material examinado pelo Cenipa e PF será o mesmo, mas as conclusões e interpretações serão tomadas de forma independente. O prazo estimado para finalização é de no mínimo 1 ano”, explicou a PF.
Esse laudo de sinistro aeronáutico deve apontar as possíveis causas do acidente a partir da análise de alguns pontos:
Uma visão geral concisa do acidente, incluindo principais conclusões e recomendações.
Descrição detalhada do acidente;
Cronologia: uma linha do tempo com a sequência de eventos que levaram ao acidente;
Dados Meteorológicos: condições climáticas no momento do evento, apresentadas em forma de gráficos ou tabelas se necessário;
Análise dos fatores humanos: com informações sobre os envolvidos, incluindo suas qualificações, experiência, estado de saúde, avaliação dos procedimentos seguidos e do treinamento recebido.
Análise de fatores materiais: resultados das inspeções e manutenção da aeronave com gráficos e fotos. Revisão das certificações e registros de manutenção relevantes.
Análise dos procedimentos operacionais: discussão sobre a aderência aos procedimentos operacionais e qualquer desvio.
Comunicações: análise das comunicações registradas durante o evento.
Aspectos organizacionais como políticas da companhia (procedimentos), avaliação do ambiente organizacional e práticas de segurança.
Fatores ambientais: descrição das condições do local de operação e sua relevância para o evento.
Interferências externas: identificação e análise de fatores externos que possam ter influenciado o acidente.
Investigação criminal
Diferentemente do Cenipa, que apura as causas para apontar melhorias e evitar futuras tragédias, a investigação da polícia busca verificar se existem pessoas que devam ser responsabilizadas criminalmente pela tragédia.
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Na PF, o inquérito será presidido pela delegada Estela Beraquet Costa, da delegacia de Campinas (SP). Ao g1, a corporação explicou que, neste momento, está focada na identificação das vítimas, com atuação do Instituto Médico Legal, de peritos e papiloscopistas da PF.
A Polícia Civil também instaurou um inquérito para investigar o acidente na Delegacia de Vinhedo, sob a condução da delegada Denise Margarido, da Delegacia de Vinhedo. O g1 perguntou os próximos passos do inquérito à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que se limitou a dizer que “as diligências estão em andamento com o objetivo de esclarecer os fatos”.
Nesta terça-feira (13), a Polícia Científica realizou uma varredura com fotometria e drone na área da queda após a localização de “remanescente humano” entre os destroços.
O Cenipa finalizou, na segunda-feira (12), a ação inicial de investigação e remoção de parte da aeronave, e tinha entregado a área à Voepass. Os trabalhos, porém, precisaram ser paralisados devido às novas ações dos peritos.
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Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
VÍDEOS: veja tudo sobre o acidente aéreo em Vinhedo
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