Campus do Maracanã foi ocupado por estudantes. Secretaria diz ter marcado uma reunião com o movimento para terça-feira que vem (20). Estudantes ocupam campus da Uerj, e aulas são suspensas
“Infelizmente eu não sei quando eu volto. Eu tive que escolher entre sobreviver e estudar. E eu escolhi sobreviver.”
A declaração é de uma aluna da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) que diz ter sido afetada pelos recentes cortes em benefícios. Em protesto, estudantes ocuparam o campus do Maracanã e bloquearam os acessos. Por isso, as aulas foram suspensas nesta quinta-feira (15).
“Eu sou uma mãe atípica, autônoma e estudante. Eu não tenho mais condições físicas nem financeiras para arcar com o meu sonho”, afirmou.
“Essas novas diretrizes simplesmente me excluem em todos os parâmetros. Eu entrei na Uerj com um sonho, esperando uma estrutura, um apoio, um auxílio. Mas eu só consegui estudar por 1 ano”, explicou.
Estudantes montam barricada na porta da Uerj
Reprodução/TV Globo
Aeda da Fome
As mudanças nos auxílios constam do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) 38/2024, em vigor desde o dia 1º, que o movimento estudantil chama de “Aeda da Fome”. A categoria afirma que 5 mil universitários foram prejudicados de alguma forma.
Atualmente, 2,6 mil estudantes estão na categoria de vulnerabilidade social. Eles entraram na faculdade pela ampla concorrência — fora do sistema de cotas — e, durante a matrícula, comprovaram a renda e passaram pelo sistema de avaliação socioeconômica.
Como era:
Auxílio-material: para pagar despesas com livros e impressões. Era pago 2 vezes ao ano, a cada semestre, no valor total de R$ 1,2 mil;
Auxílio-alimentação e passagem: R$ 300 cada, por mês;
Bolsa de apoio a vulnerabilidade social: R$ 706 por mês com duração de 2 anos para quem comprovasse renda bruta de até um salário mínimo e meio por pessoa da família, ou R$ 2.118;
Auxílio-creche para quem solicitasse.
Como ficou:
A bolsa de vulnerabilidade agora exige renda bruta de meio salário mínimo por pessoa da família, ou R$ 706;
Auxílio-material foi reduzido à metade;
o auxílio-alimentação ficou restrito a quem estuda em campus sem restaurante universitário. Quem frequenta o Maracanã agora só tem o bandejão;
o auxílio-creche será pago a apenas 1,3 mil estudantes.
A Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, à qual a Uerj está vinculada, disse que fez uma reunião nesta quarta-feira com os alunos. A secretaria explicou a importância de manter o orçamento para a Uerj e para a Faetec, garantindo as políticas de permanência estudantil e melhoria da estrutura escolar e universitária. Uma nova reunião foi marcada para terça-feira que vem (20).
A Reitoria da Uerj informou que está tomando providências para que as aulas possam ser retomadas com tranquilidade.