Participam do episódio pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Ufba, Ângela Figueiredo; e Isabela Conde, sobrevivente de uma tentativa de femicídio em que levou 68 facadas. A medida protetiva é um dos instrumentos de proteção à mulher vítima de violência doméstica e familiar. O mecanismo está previsto na Lei Maria da Penha e é concedido quando existe risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da vítima ou de seus dependentes. De acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia, somente no primeiro semestre deste ano, 12.519 medidas protetivas de urgência foram deferidas no estado.
Nesta edição do podcast Eu Te Explico, o apresentador Fernando Sodake conversa com uma pesquisadora sobre a violência contra a mulher e a eficiência das medidas protetivas. Também participa do episódio uma vítima de violência que traz o relato de uma tentativa de feminicídio em que teve que se fingir de morta para acabar com as agressões.
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As convidadas do episódio são a professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (Neim- Ufba), Ângela Figueiredo; e Isabela Conde, que sobreviveu após receber 68 facadas a mando do companheiro no ano de 2019, na Bahia.
EMOÇÕES: por que é tão difícil lidar com elas?
Ângela Figueiredo é cientista social, pesquisadora e professora da UFRB.
Natally Acioli/g1
A cientista social e pesquisadora do Neim-Ufba, Ângela Figueiredo, afirma que a violência contra a mulher é o resultado de uma sociedade que cria as figuras femininas para servir, sob uma perspectiva de valores heterossexistas e patriarcais que as colocam em um lugar subjugado, primeiro como propriedade da família, depois como propriedade do parceiro. A especialista ressalta a dificuldade que é romper com esse entendimento.
“Está provado que na maioria dos casos de feminicídio, o algoz, o assassino, ele não aceitou o final do relacionamento ou ele é supostamente companheiro, eu não posso definir uma pessoa que comete tantas violências como companheiro, ele é o algoz”, afirmou.
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Isabela Conde sobreviveu a uma tentativa de feminicídio em 2019.
Natally Acioli/g1
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A fisioterapeuta Isabela Conde sobreviveu a uma tentativa de femicídio. O namorado dela na época, Fábio Vieira, foi buscá-la no trabalho com outros dois homens no carro. Dentro do veículo, os homens começaram a bater e esfaquear Isabela, enquanto Fábio assistia a cena. Ele foi condenado em agosto de 2022 e posteriormente teve a pena ampliada para 19 anos, 10 meses e 5 dias, em regime fechado.
Neste episódio do Eu Te Explico, Isabela relembra o que passou e como lida com as sequelas da violência. Anos depois, ela segue com acompanhamento psicológico e ressalta a importância e diferença que faz. Também fala que ainda lida com a dor de ter passado por uma agressão tão grotesca que partiu de uma pessoa que ela amava e que convivia com a família dela.
“Preciso viver minha vida porque não vou deixar que ele me mate em vida. Mas é muito dolorosa a sequela psicológica”, afirmou.
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Isabela Conde é fisioterapeuta e tem 41 anos.
Natally Acioli/g1
Isabela passou por procedimentos cirúrgicos, voltou ao trabalho e criou a ONG Ampara Mulher para ajudar outras vítimas de violência doméstica com apoio psicológico, social e jurídico. Mulheres que precisem de ajuda podem procurar ajuda da instituição através do perfil @isabela_conde e do telefone (71) 99237-6429.
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Podcast Eu Te Explico
Produção: Giulia Marquezini
Edição: Natally Acioli
Coordenação: Eder Luis Santana
Roteiro e apresentação: Fernando Sodake