O Globocop sobrevoou as ruas da da região e encontrou as valas que os traficantes do Complexo de Israel abriram para tentar impedir a entrada da polícia. Moradores e pessoas que precisam ter acesso à região dizem que são prejudicados por elas. Trincheiras na Cidade Alta impedem acesso de professores às escolas
Moradores e pessoas que trabalham no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, relatam que estão sendo prejudicados por “trincheiras” montadas por traficantes a mando do chefe Peixão, como é conhecido Álvaro Malaquias Santa Rosa.
O Globocop sobrevoou nesta sexta (16) ruas da Cidade Alta, que faz parte do complexo, e registrou as valas que são abertas de ponta a ponta nas vias. Nos últimos 15 dias, os bandidos multiplicaram a quantidade de “trincheiras” que já existiam por conta das recentes operações policiais na comunidade.
A Avenida Brasil é o principal caminho até os principais acessos à Cidade Alta – pontos estratégicos para tentar impedir a entrada da polícia.
‘Trincheiras’ na Cidade Alta impedem acesso de professores às escolas
Reprodução/TV Globo
As barricadas não impedem só o deslocamento de moradores e das forças de segurança, como prejudicam ainda outros serviços essenciais como a circulação de ambulâncias e o acesso de quem trabalha nas unidades de saúde e nas escolas.
Nas imagens registradas, um morador anda sobre pedaços de madeira que servem como ponte. As paredes do buraco fazem a contenção nas laterais e barris sinalizam que este é o ponto final para os carros.
Em outro trecho, também há sinais de uma obra em andamento, mas o transtorno não indica nenhuma reforma. Uma parte da calçada está destruída e um banco de madeira serve de alerta para os motoristas, que precisam fazer o retorno.
‘Trincheiras’ na Cidade Alta impedem acesso de professores às escolas
Reprodução/TV Globo
Uma outra vala, perto de uma ponte, corta quase toda a rua. No espaço restante, só dá para passar a pé ou de moto. Professores relatam que têm dificuldades para chegar de carro às salas de aula.
“Hoje eu tive que subir a calçada para conseguir entrar para dar aula. Mas provavelmente, a gente vai começar a ter desfalque, inclusive a escola hoje vai fechar mais cedo”, diz uma professora, que prefere não se identificar.
A violência como barreira para a educação e escola fechada é igual a prejuízo para os alunos. Outro professor confirma o impacto na rotina escolar.
“Muitos professores estão tendo dificuldade de chegar ao seu local de trabalho e sair às vezes do local de trabalho. Por conta disso, as aulas vêm sendo impactadas, as escolas estão funcionando em horário reduzido, e a gente não tem perspectiva de quando isso vai ser resolvido”, diz
Só na Cidade Alta, são quatro escolas municipais, uma estadual e um espaço de desenvolvimento infantil.
Na última terça-feira (13), segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), alunos de 11 unidades ficaram sem aulas em Cordovil e Brás de Pina, durante uma operação da polícia militar nas comunidades Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica Pau.
As valas abertas pelo tráfico despertam também o medo de ser vítima de criminosos armados que tomam conta das ruas.
“Geralmente, fica um ou dois observando e a frente cinco metros, ficam dois caras carregando armas pesadas. Cada um com um fuzil” diz um morador.
“A polícia eventualmente faz uma operação, pode eventualmente cobrir um desses buracos, uma dessas valas, e no dia seguinte está reaberto. O que a gente precisaria mesmo é do poder público ocupando aquele espaço”, relata.
A Secretaria Municipal de Educação informou que as oito escolas na cidade alta suspenderam as aulas presenciais este ano em 16 dias e que adota o atendimento remoto dos alunos para prevenir e reduzir riscos.
Já a Polícia Militar disse que realiza operações para remoção de barricadas na região e que na última quarta-feira fechou diversas valas em vias de acesso à comunidade com o apoio da secretaria de conservação do município. A PM disse ainda que os batalhões da área reprimem continuamente essas práticas criminosas que impedem o direito de ir e vir.