Assunto foi um dos temas da audiência de sexta-feira (16), no Supremo Tribunal Federal. Acusados de serem mandantes do crime apareceram abatidos e abaixo do peso em videoconferência. Ronnie Lessa é fotografado para registro em penitenciária de segurança máxima em SP
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Ao realizar pesquisas na internet sobre a rotina da vereadora Marielle Franco, o assassino confesso, Ronnie Lessa utilizou um email criado pelo tenente João André Ferreira Martins, ex-PM, e um dos criadores do Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel.
O endereço eletrônico era o acesso de Lessa a um site de pesquisas particular que atua oferecendo consulta a dados cadastrais da Serasa Experian, serviço criado para auxiliar comerciantes e financeiras na validação de dados de clientes.
Relatório da Polícia Federal, obtido pelo g1, mostra que o email “caveira” era o acesso ao site de dados. Os pagamentos das mensalidades era feitas, segundo o documento, por cartões de crédito de Ronnie Lessa. Seis foram apreendidos na busca e apreensão em sua casa. Desses, cinco pertencem a Lessa. A PF ainda não tem resultado a quem pertenceria o sexto cartão.
O g1 apurou com a PF que o endereço eletrônico foi criado pelo tenente João.
“Para nós, isso demonstra a relação próxima entre Lessa e o tenente João”, disse o agente federal Marcelo Pasqualetti, em seu depoimento, na sexta-feira (16), na audiência de instrução e julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes.
O tenente João, como era chamado, foi morto em 2016, na Ilha do Governador, na Zona Norte da cidade. Boa parte de sua carreira, na Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi no Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Os fundadores do Escritório do Crime: Capitão Adriano, tenente João e o ex-PM Batoré
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Lá estava sempre ao lado de missões do capitão Adriano da Nóbrega. Foram expulsos da unidade por trabalharem na segurança do contraventor José Luiz Barros Lopes, o Zé Personal.
Juntos, João e Adriano, criaram o Escritório do Crime. Ronnie Lessa também passou pelo Bope.
Com as investigações do caso Marielle, a PF descobriu que Lessa utilizou desse endereço para realizar pesquisas sobre a vereadora. Dois dias antes da morte da parlamentar, em 12 de março de 2018, Lessa fez duas pesquisas sobre Marielle e uma sobre a filha da vereadora.
A descoberta aconteceu após a análise de diversos papéis apreendidos na busca em apreensão feita na casa de Lessa, em 12 de março de 2019. Para o Ministério Público estadual, a pesquisa constitui “ato preparatório indispensável ao adequado planejamento de uma execução tal qual a da vereadora e de seu motorista”
A resposta do site de pesquisas mostra que Lessa pesquisou primeiro o CPF de Marielle e depois no Google o endereço mostrado na busca na Rua do Bispo. O local não era mais a residência da vereadora, mas do seu ex-marido, de acordo também com o Portal de Segurança, ferramenta acessada por agentes públicos.
Veja reportagem com trechos do depoimento de Ronnie Lessa sobre a morte da vereadora:
Ronnie Lessa diz que matou Marielle por promessa de chefiar nova milícia no Rio
Abatimento e abaixo do peso
Após uma semana de depoimentos no STF sobre o caso Marielle chamou a atenção o abatimento e a perda de peso dos réus. Principalmente, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão; do deputado federal Chiquinho Brazão e do delegado da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.
O trio está preso desde 24 de março quando foi deflagrada a operação Murder Inc, da Polícia Federal. Os irmãos Brazão são apontados pela PF como mandantes do crime e Rivaldo, suspeito de ajudar a planejar o assassinato de Marielle e Anderson.
O deputado federal Chiquinho Brazão, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS)
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Domingos Brazão chegou a se preocupar ao não ver o irmão Chiquinho em uma das salas virtuais de conferência. Chegou a questionar ao juiz auxiliar Airton Vieira, do STF, se estava tudo bem com o irmão.
Chiquinho Brazão está preso no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Domingos está na penitenciária de Porto Velho.
O conselheiro do TCE do RJ, Domingos Brazão, preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia
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O delegado Rivaldo Barbosa, preso na Penitenciária Federal de Brasília
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