18 de novembro de 2024

Estado é condenado a pagar R$ 60 mil de indenização à mãe de jovem morto dentro de centro socioeducativo no AC

Railand da Silva Souza, de 18 anos, se envolveu em uma briga dentro do Centro Socioeducativo Purus, em Sena Madureira, em junho de 2018 e acabou morto com 25 facadas. Família entrou na Justiça e pediu indenização pela morte do rapaz. Railand Souza foi assassinado em 2018 dentro do Centro Socioeducativo Purus, em Sena Madureira
Arquivo da família
O Estado do Acre foi condenado a pagar uma indenização no valor de R$ 60 mil de danos morais pela morte do jovem Railand da Silva Souza, de 18 anos. O rapaz se envolveu em uma briga dentro do Centro Socioeducativo Purus, em Sena Madureira, interior do Acre, em junho de 2018 e acabou morto com 25 facadas.
O caso foi julgado em outubro do ano passado pela Vara Cível da Comarca de Sena Madureira e a Procuradoria Geral do Estado (PGE-AC) entrou com recurso contra a sentença de primeiro grau.
O recurso foi julgado e negado pelo Tribunal de Justiça – Primeira Câmara Cível, mantendo a decisão do ano passado. Ao g1, a PGE-AC disse que aguarda a citação do Estado e que só após ‘vai avaliar que procedimento será tomado’.
A indenização deve ser paga à mãe de Railand, Francisca das Chagas da Silva. Na época do crime, a família chegou a acusar a administração do Hospital João Câncio e do Centro Socioeducativo Purus de negligência.
Conforme o processo, inicialmente, o estado alegou a ilegitimidade passiva, alegando que a responsabilidade pelo evento era do Instituto Socioeducativo do Estado do Acre (ISE), pessoa jurídica de direito público, com natureza de entidade autárquica.
Contudo, segundo a Justiça, a teoria alegada não prospera porque a ‘vítima estava sob a guarda do Estado, competia ao ente público zelar pela guarda e saúde dos aprisionados’.
“Além disso, ficou consignado que a falha principal é imputada ao Estado, pela falta de agentes suficientes para guarnecer o centro socioeducativo, pois, contava no dia do evento morte com efetivo muito reduzido, não cabendo discussão, tampouco se falar em análise da culpabilidade”, destacou o magistrado Eder Jacoboski Viegas na decisão.
Negligência
Segundo os parentes, Railand Souza foi morto após ser esfaqueado 25 vezes, além de receber chutes e um corte na cabeça. Para a família, o rapaz tinha que ter sido transferido para um hospital em Rio Branco, mas não foi. Também na época, Rizonaria Almeida de Souza, tia do rapaz, afirmou que a família foi impedida de ver o jovem.
“Os médicos foram negligentes com ele e com a minha família também. Sem dúvida alguma. Se viram que não tinham condições de tratá-lo lá. Não teve uma chance de vida porque já estava pagando pelo crime dele”, desabafou.
Confusão ocorreu com adolescentes em junho de 2018
Alexandre Anselmo/ Arquivo pessoal
O menor estava na unidade por envolvimento na morte de um policial. Segundo a tia, o rapaz tinha problemas mentais, tomava remédios, mas estava prestes a ganhar a liberdade.
A direção do centro socioeducativo falou na época que houve um desentendimento dos menores durante uma faxina nos alojamentos. Dos quatro envolvidos, três tiveram ferimentos leves e foram levados para o hospital da cidade. A direção frisou que os sócioeducandos estavam bem. Porém, à tarde, Railand Souza morreu no hospital.
A direção do hospital afirmou que o rapaz fez um raio-X, uma primeira avaliação e estava estável. Ele ficou em observação por um tempo e depois foi internado. O diretor da unidade na época, Michael Kelles, contou que o rapaz teve uma piora no período da tarde e foi solicitado o encaminhamento para o hospital da capital acreana. Porém, a ambulância estava para Rio Branco com uma mulher grávida.
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