♫ Notícia que fez o Brasil acordar triste na manhã deste sábado, 17 de agosto, a morte do empresário e apresentador de TV Silvio Santos (1930 – 2024) eclipsou nas redes sociais uma efeméride importante na MPB. Um dos nomes fundamentais da música brasileira, João Donato (17 de agosto de 1934 – 17 de julho de 2023) faria hoje 90 anos.
Donato saiu de cena há um ano, mas permanece vivo como uma entidade, uma matriz da música do Brasil. O compositor, pianista e arranjador acreano criou uma música eternamente moderna, espécie de bossa latina moldada a partir da fina mistura de ritmos brasileiros (notadamente o samba) com gêneros da América Latina – como o bolero – e com o jazz.
Ecos desse som reverberam em toda a música brasileira, sobretudo desde os anos 1970, década em que Donato alcançou visibilidade nacional, alavancada por parcerias com gigantes da MPB como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
João Donato obteve rara unanimidade no universo musical brasileiro, não somente pelo som original – leve como parecia ser a alma do artista – mas também pela figura humana. Donato era querido por todos. Certamente conviveu com as inquietudes que assombram qualquer ser humano, mas transmitia uma paz no trato cotidiano. Talvez porque gravitasse em universo particular, em um mundo somente dele.
A comunicação era feita pela música. Donato dominava a língua dos músicos. E era compreendido e idolatrado por eles, os músicos, instrumentistas de todas as gerações que ainda hoje se fascinam com os refinados caminhos harmônicos seguidos pelo pianista e compositor.
A música foi o passaporte de João Donato para o mundo. Com a música, o artista frutificou, atravessou pontes e ganhou o mundo, dos Estados Unidos ao Japão. Mas Donato pareceu ter vivido imune aos vícios da glória. Só que não tinha os pés no chão porque passava a impressão de estar sempre levitando. Livre, leve e solto como a música que legou para a posteridade.