18 de novembro de 2024

Como Silvio Santos foi de camelô a um dos maiores nomes da comunicação

Apresentador viveu até a juventude no Rio de Janeiro, onde começou a carreira de sucesso nas ruas como vendedor ambulante. O carisma, o humor e o talento para comunicação são inspiração para muitos brasileiros. Silvio Santos desenvolveu nas ruas o estilo único que o consagrou como maior comunicador do Brasil
Silvio Santos é inspiração para os colegas da primeira profissão dele, os camelôs.
No coração da Lapa, no centro do Rio, o berço de uma história inspiradora. No lugar onde foram erguidos dois prédios, ficava a vila de casas, onde nasceu Silvio Santos e seus cinco irmãos.
As histórias e lembranças ainda estão por aqui.
“Ajudou meu pai desde a infância. Meu pai sempre falou assim, ‘o Silvio Santos me ajudou quando eu era camelô na rua’. Pra gente agora foi um impacto, a gente nem esperava isso, nem esperava, entendeu? Triste”, diz o vendedor ambulante Valdir Oliveira.
Desde cedo o olhar dele era atento e o coração inquieto. Tinha só 14 anos quando se tornou camelô, com um jeito especial de vender que chamava a atenção.
“Ele tinha o ponto dele como camelô na esquina da Rio Branco com a 7 de setembro”, diz o biógrafo Fernando Morgado.
“Tem uma coisa que ele desenvolveu ali que acabou ficando também nas outras etapas da vida dele como comunicador, que foi a capacidade de conversar com as pessoas e não gritar com as pessoas. E esse estilo de comunicação, junto com a influência do rádio, acabou forjando esse estilo. Então nasce ali na rua, nasce na Rio Branco, esse estilo de comunicação do Silvio Santos”, complementa.
“Tem que ter disposição, força, foco e fé. Igual o Silvio Santos teve e venceu. Por isso que ele é o ícone”, diz a vendedora ambulante Flávia dos Santos Braz.
Ele deixou de ser vendedor ambulante aos 18 anos, convocado pelo Exército. Gostava de contar que serviu na escola de paraquedistas em Deodoro, na zona oeste do Rio. “Era o primeiro ano que a escola estava funcionando no Brasil. Os oficiais vieram dos Estados Unidos, oficiais brasileiros, e introduziram o paraquedismo no Brasil. Era uma escola com 360 homens só.”
Depois de deixar o Exército, Silvio Santos voltou a trabalhar em algumas emissoras de rádio. Uma delas em Niterói, na região metropolitana. Mas isso foi muito antes da ponte Rio-Niterói. Ele cruzava a Baía de Guanabara em barcas, mas achava a travessia muito silenciosa. Ele decidiu então instalar caixas de som nas barcas, onde tocava música, anunciava produtos, animava os passageiros. Era só uma prévia daquele que se tornaria um comunicador incomparável.
“É essa alegria, essa felicidade que ele trazia para o público e para a televisão. Ah, o sorriso dele era maravilhoso. Ah, vai deixar muita saudade, Silvio Santos, realmente”, diz o rodoviário Luis Claudio Nascimento.
O Brasil que continua lutando nas ruas, que assistiu e aplaudiu Silvio Santos, faz dele o seu espelho e se permite sonhar.
“Muitas pessoas cresceram, muitas pessoas. Hoje em dia se realizaram, saíram da rua, começaram vendendo ali. ‘Se o Silvio Santos começou de baixo, hoje em dia o que é, por que eu também não posso começar também?'”, diz o vendedor José Roberto Tostes Lima.
“Pra todos que estão aqui trabalhando, ele foi a inspiração”, diz uma vendedora.
Silvio Santos deixou o Rio na década de 1960 e em 2001 pousou no Sambódromo do Rio, homenageado pela escola de samba Tradição. “E o dia que ele se passou na Sapucaí, que alegria, foi muito bom”, lembra uma fã.
Os versos do samba enredo cantados em coro são o resumo do homem que deu um novo significado à palavra comunicação.
“Olha que glória, que beleza de destino. Para esse menino Deus reservou. Ele cresceu, ele venceu, vive sorrindo. E com muito orgulho, foi camelô.”

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