Com um aumento populacional de cerca de 23%, o mercado imobiliário precisa ser reformulado para atender às novas necessidades dos sorocabanos. Sorocaba (SP) se destaca no crescimento vertical
Arquivo pessoal
Com o espaço para crescimento horizontal cada vez mais limitado, Sorocaba (SP) está ganhando novas formas: é para o alto que a cidade cresce, passados 370 anos desde sua emancipação, comemorados neste quinta-feira (15).
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Sorocaba tem se expandido rapidamente e esse crescimento é facilmente percebido em todas as regiões da cidade: da zona norte à sul, a infraestrutura é de minicidades.
Nos últimos 14 anos, a população da cidade aumentou em 23%, chegando em 723.574 habitantes, segundo o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, para acomodar tanta gente contingência, a verticalização se tornou inevitável, defendem especialistas da área.
O arquiteto e urbanista Noriaki Yamazaki Júnior ressalta que, após a cidade alcançar os limites de sua expansão horizontal, a verticalização se torna uma necessidade inevitável para acomodar o crescimento populacional e responder às novas demandas urbanas. Ele observa que essa transição não é apenas uma questão de aproveitamento do espaço, mas uma adaptação estratégica que visa garantir infraestrutura adequada e proximidade dos serviços essenciais, mantendo a qualidade de vida nas áreas urbanas.
“A cidade já expandiu horizontalmente até atingir todos os limites previstos no Plano Diretor. A verticalização agora surge como uma evolução natural, não apenas por conta do esgotamento dos espaços horizontais, mas também como resposta às novas demandas de viver em áreas com infraestrutura completa.”
Vista panorâmica da cidade de Sorocaba
Talissa Medeiros/g1
Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) nos últimos 12 anos, Sorocaba experimentou um aumento marcante no número de apartamentos, que triplicou durante esse período. De acordo com o Censo 2022, o total de apartamentos saltou de 16.760 em 2010 para 57.012 em 2022, representando um crescimento de 240%.
Isso resulta em uma média anual de mais de 3,3 mil novos apartamentos construídos. Esse crescimento acelerado sugere uma tendência de verticalização na cidade, impulsionada pela alta demanda por moradias em áreas urbanas e a limitação de espaço para expansão horizontal.
Esse expressivo aumento no número de apartamentos reflete uma mudança significativa na paisagem urbana de Sorocaba. A verticalização parece ser uma resposta à crescente demanda por moradias mais próximas aos centros urbanos e aos serviços oferecidos na cidade. Com o crescimento acelerado das construções verticais, a cidade está se transformando para acomodar uma população em expansão e atender às novas necessidades habitacionais, contrastando com o crescimento mais modesto no número de casas.
Vista aérea da cidade de Sorocaba
Witter Veloso/TV TEM
Além da necessidade de espaço, a verticalização da cidade é reflexo de moradores que buscam mais segurança, imóveis financeiramente mais acessíveis e, com a descentralização da cidade, os empreendimentos chegaram aos bairros mais afastados. É o caso da vendedora Nicole Vitória, de 23 anos, que há dois meses se mudou para um apartamento na zona oeste. “Decidi morar em um apartamento por achar mais seguro. Além da segurança, a localização oferece excelente acessibilidade ao meu trabalho e aos serviços básicos.”
Assim como Nicole, o gerente de varejo Thiago Galindo, de 31 anos, também considerou esses pontos na aquisição recente de seu apartamento. “Como trabalho fora de Sorocaba, é a opção mais segura. Além disso, tenho tudo muito próximo: mercados, hospitais, shoppings e postos de gasolina. Claro, é importante que a escolha se enquadre no gosto e nas finanças”, comenta.
“A preferência por residir perto de trabalho, transporte, comércio e serviços tem moldado o mercado imobiliário. Embora esse processo seja inevitável, ele exige uma atenção cuidadosa e planejada,” alerta o arquiteto Noriaki Yamazaki.
À medida que Sorocaba se verticaliza, surgem preocupações sobre como essa transformação afeta a mobilidade e o planejamento urbano. Para o arquiteto, é muito importante avaliar o impacto dessa mudança. “A principal preocupação é se o plano urbano de mobilidade está preparado para atender à crescente demanda,” reitera.
Renan Persio dos Santos, presidente do Conselho Consultivo e diretor-adjunto da Regional Sorocaba do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), enfatiza a importância do planejamento estratégico para que o crescimento de Sorocaba seja verdadeiramente sustentável e benéfico a longo prazo: “O crescimento sustentável se dá no planejamento. Precisamos garantir que o desenvolvimento urbano seja equilibrado, considerando tanto a infraestrutura quanto a preservação ambiental.”
“A principal preocupação com o crescimento desorganizado é a falta de investimentos adequados em infraestrutura, como água, esgoto, energia e transporte público. Se uma cidade crescer sem um planejamento adequado, podemos enfrentar sérios problemas, como sobrecarga nos serviços essenciais e redução da qualidade de vida,” falou.
No entanto, Renan destaca que o crescimento vertical, quando bem planejado, pode trazer muitos benefícios para a cidade, tornando-se uma solução eficiente para acomodar o aumento populacional. Ele afirma: “Estudos mostram que a verticalização é uma forma mais econômica de desenvolvimento urbano, pois permite concentrar um maior número de famílias em uma região específica, o que facilita a organização e o fornecimento de serviços públicos”, explicou.
“É necessário traçar a cidade com uma visão de longo prazo, para 10, 20 anos. Não pode ser um planejamento que engesse a cidade e faça ela retroagir,” concluiu, reiterando a importância da discussão, revisão e prática do Plano Diretor.
Além disso, ele reforça que as leis municipais de Sorocaba têm um papel crucial na preservação do meio ambiente, mesmo em meio ao crescimento urbano. Para Renan, essas legislações ajudam a garantir que o desenvolvimento da cidade seja sustentável: “As leis municipais de Sorocaba são bastante receptivas em relação à preservação do meio ambiente, exigindo que áreas verdes sejam preservadas em novos empreendimentos,” comentou.
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