10 de janeiro de 2025

Em Itaperuna, moradora de 119 anos será estudada por pesquisadores da USP

Dona Deolira chamou a atenção de pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-tronco e pode ir para o Guinness Book por ser uma das mulheres mais velhas do mundo. Qual o segredo da longevidade? Essa é a pergunta que pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-tronco da Universidade de São Paulo (USP) buscam responder ao tentar conhecer melhor quem é a moradora de 119 anos de Itaperuna, Noroeste do Estado do Rio.
Dona Deolira Glicéria Pedro da Silva nasceu em Porciúncula, também no noroeste, mas há quase dois anos mora a cerca de 40 km, em Itaperuna. Ela completou 119 anos no último dia 10 de março e é considerada uma das mulheres mais velhas do mundo.
De acordo com o Guinness Book, o livro que registra os recordes, a pessoa mais idosa do mundo fez 117 anos no dia quatro deste mês. Ela mora em uma casa de repouso na Catalunha, na Espanha, mas pra família de Deolira a mais velha é a porciunculense.
A carteira de identidade revela o nascimento da idosa em 1905
Lilia Bustilho
“É difícil superar minha avó, viu? Ela era muito ativa em casa. Cuidava da casa, quintal, tratava dos porcos e das galinhas dela. Em relação a alimentação ela só não come abacaxi porque tem alergia. Ela dá um banho na gente! Acho que a vó chega aos 130 anos e a gente vai embora”, diz a neta Doroteia Ferreira da Silva que é uma das cuidadoras.
A contagem dos integrantes da família demora um pouco pra ser feita, mas Doroteia garante que não tem erro. “A família é muito grande, a vó é a única irmã viva, os outros três irmãos já morreram. A vó tinha sete filhos, mas só três estão vivos. São vinte netos, quarenta bisnetos e trinta e sete os tataranetos,” contabiliza a cuidadora.
De acordo com o médico geriatria, Juair de Abreu Pereira, que acompanha a idosa há dois anos, as condições de saúde de Deolira são muito boas. “Dona Deolira está interativa e lúcida, em meio às turbulências da vida, sempre soube valorizar essa dádiva que é viver. Está muito bem na avaliação geriátrica ampla, porém, devido a idade avançada não caminha, apresenta um pouco de perda auditiva. Não faz uso de medicamentos para qualquer comorbidades como hipertensão ou diabetes. Na minha avaliação ela está muito bem de saúde e sendo muito bem cuidada pela família. Hoje mora com a filha e netas. Deus abençoe, dona Deolira!”, conclui Dr. Juair de Abreu.
Médico Juair de Abreu, que acompanha Deolira, diz que ela está incrível para a idade.
Arquivo pessoal
O médico acrescentou que a família não sabia como registrar a quebra do recorde no site oficial do Guiness Book, mas já estão enviando as provas necessárias.
Locomoção
A idosa se locomove em cadeira de rodas por causa de uma queda, segundo disse a outra neta Leida Ferreira da Silva, de 63 anos, em entrevista ao G1. “Minha vó usa cadeira de rodas porque chegou a cair há muitos anos e teve fratura de bacia, mas não precisou operar. Meu tio na época não deixou. A vó só foi pra hospital duas vezes. A cadeira, inclusive está bem velhinha”, conta Leida.
Pesquisadores da USP no caso
O caso de dona Deolira chamou a atenção de um grupo de pesquisadores do Centro de estudos do genoma humano e células-tronco da Universidade de São Paulo. Em um laboratório da USP, o sangue da idosa, que foi colhido em Itaperuna, será analisado. As células dela serão estudadas e a longevidade será alvo de uma pesquisa coordenada pela doutora Mayana Zatz, professora da universidade. O grupo conta com os alunos de doutorados, biólogo Mateus Vidigal, e Monize Silva.
Doutora Mayana Zatz, professora da universidade; com os alunos de doutorados do grupo, biólogo Mateus Vidigal e Monize Silva.
Divulgação
“O Genoma-USP tem estudado centenários brasileiros com o objetivo de analisar e entender a contribuição da genética na longevidade e qualidade de vida. Segundo o último Censo, o Brasil conta com aproximadamente 37 mil centenários, o que representa 0.02% da nossa população, ou seja, uma população extremamente rara. Nós também temos estudado a longevidade excepcional que são indivíduos com mais de 110 anos que tiveram sua idade validada por organizações internacionais. Neste sentido chamou muito a atenção na nossa equipe o caso da dona Deolira. Esse caso ainda é una raridade a ser estudado porque ela passa pelo menos 50 anos da expectativa de vida do brasileiro que é cerca de 75 anos. Ela também passa por uma pandemia de covid-19 então teríamos muito interesse de estudar por todas estas razões”, explica o Mateus Vidal em entrevista exclusiva à Inter TV e G1.

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