18 de novembro de 2024

‘Não tem ninguém no mundo que possa tirar a minha dor’, diz mãe de médica que morreu no acidente aéreo em Vinhedo; corpo foi enterrado em Fernandópolis

Arianne Albuquerque Estevan Risso, natural de Cuiabá (MT), de 34 anos, é uma das 62 vítimas do acidente com aeronave da Voepass. O corpo foi enterrado em Fernandópolis neste sábado (17), cidade onde a médica concluiu a universidade. Corpo da médica que morreu no acidente aéreo da Voepass é enterrado em Fernandópolis
O corpo da médica Arianne Albuquerque Estevan Risso, que estava no avião da Voepass que saiu de Cascavel (PR) e caiu em um condomínio em Vinhedo (SP), foi enterrado Fernandópolis (SP) na tarde deste sábado (16).
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Familiares e amigos aproveitaram para prestar as últimas homenagens e relembraram as qualidades de Arianne, que, segundo eles, sempre foi muito solidária com todos.
O corpo chegou ao Cemitério da Consolação por volta das 15h de sábado. O velório, que começou na noite de sexta-feira (15), ocorreu na Igreja Batista, local onde a médica casou-se com o marido, o teólogo Leandro Risso, de 30 anos.
“O que eu tenho é só gratidão ao senhor de ter tido o privilégio, sabe. De ter vivido oito anos de casados, mais dez como namorados. Porque era a pessoa mais parecida com Jesus que eu já conheci na minha vida”, disse Leandro.
Leandro Risso, marido da médica Arianne
Reprodução / TV TEM
Arianne, natural de Cuiabá (MT), de 34 anos, é uma das 62 vítimas do acidente aéreo. No dia da tragédia, ela seguia para São Paulo junto com outros médicos para participar de um congresso.
Em 2015, a mulher se formou na graduação na Universidade Brasil, em Fernandópolis, onde também trabalhou entre 2019 e 2020 no Programa Saúde da Família, voltado para atendimento aos moradores do bairro Brasilândia.
Arianne Albuquerque Estevan Risso e a mãe, Fátima Albuquerque
Fátima Albuquerque/Arquivo pessoal
Em entrevista à TV TEM, a empresária Fátima Albuquerque, mãe de Arianne, falou sobre o sofrimento de perder a única filha:
“Eu estou neste momento velando a minha única filha. Eu sei que a dor , amanhã, vai estar pior, e depois vai estar pior… Porque não tem como, não tem como.. Ela viveu para tirar a dor do outro e não tem ninguém no mundo que possa tirar a minha dor’ , lamenta.
Arianne se mudou para o sul do país, onde fazia residência no Hospital do Câncer Uopeccan, em Cascavel, desde 2023.
Perda
Arianne Albuquerque Estevan Risso, que trabalhou em Fernandópolis (SP), é uma das vítimas do acidente aéreo em Vinhedo (SP)
Fátima Albuquerque/Arquivo pessoal
A mãe, de 68 anos, destacou que a filha sonhava em ser médica desde os nove anos. Por isso, estudou até o ensino médio em Fortaleza (CE) e, depois, se mudou para o interior de São Paulo para cursar a graduação.
Fátima lembra que se mudou de volta para Fortaleza há quatro anos, para cuidar da mãe, e sonhava com o momento em que voltaria a morar próximo da filha. Situação que não aconteceu. Ela pede mais rigor nas investigações sobre a tragédia.
“As fatalidades, elas existem, mas não uma tragédia programada. A gente precisa saber o que está acontecendo. Falta mão de obra neste mercado? A Anac está realmente fiscalizando? Porque tem os protocolos internacionais, mas ela (Anac) está fazendo?”, finaliza Fátima.
Fátima Albuquerque, mãe de Arianne Risso
Reprodução / TV TEM
Dois cultos em homenagem à médica fizeram parte das solenidades realizadas nos dois dias de funeral. Médicos que trabalhavam com Arianne, em Cascavel (PR), também participaram da celebração.
Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada em um condomínio.

Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
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